Revista Espírita - Primeiro Ano – 1858 - Portal do Espírito
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Teoria das manifestações físicas<br />
vontade <strong>do</strong> <strong>Espírito</strong>, que pode dar-lhe tal ou tal aparência, à sua vontade, ao passo que o<br />
envoltório sóli<strong>do</strong> oferece-lhe uma resistência intransponível; desembaraça<strong>do</strong> desse entrave<br />
que o comprimia, o perispírito se estende ou se retrai, se transforma, em uma palavra, se<br />
presta a todas as metamorfoses, segun<strong>do</strong> a vontade que age sobre ele.<br />
A observação prova - e insistimos nessa palavra observação, porque toda a nossa teoria é a<br />
conseqüência de fatos estuda<strong>do</strong>s -, que a matéria sutil, que constitui o segun<strong>do</strong> envoltório <strong>do</strong><br />
<strong>Espírito</strong>, não se liberta senão pouco a pouco, e não instantaneamente, <strong>do</strong> corpo. Assim, os<br />
laços que unem a alma e o corpo não são subitamente rompi<strong>do</strong>s pela morte; ora, o esta<strong>do</strong> de<br />
perturbação que observamos, subsiste durante to<strong>do</strong> o tempo em que se opera o<br />
desligamento; o <strong>Espírito</strong> não recobra a inteira liberdade de suas faculdades e a consciência<br />
clara de si mesmo, senão quan<strong>do</strong> seu desligamento se completa.<br />
A experiência prova, ainda, que a duração desse desligamento varia segun<strong>do</strong> os indivíduos.<br />
Em alguns se opera em três ou quatro dias, ao passo que, em outros, não está inteiramente<br />
realizada ao cabo de vários meses. Assim, a destruição <strong>do</strong> corpo, a decomposição pútrica,<br />
não bastam para operar a separação; por isso, certos <strong>Espírito</strong>s dizem: Sinto que os vermes<br />
me roem.<br />
Em algumas pessoas, a separação começa antes da morte; são as que, em vida, se<br />
elevaram, pelo pensamento e a pureza de seus sentimentos, acima das coisas materiais; a<br />
morte não acha mais <strong>do</strong> que fracos laços entre a alma e o corpo, e esses laços se rompem<br />
quase instantaneamente. Quanto mais o homem viveu materialmente, quanto mais absorveu<br />
seus pensamentos nos gozos e nas preocupações da personalidade, tanto mais esses laços<br />
são tenazes; parece que a matéria sutil esteja identificada com a matéria compacta, e que<br />
haja entre elas coesão molecular; eis por que elas não se separam senão lenta e dificilmente.<br />
Nos primeiros instantes que se seguem à morte, quan<strong>do</strong> ainda há união entre o corpo e o<br />
perispírito, este conserva bem melhor a impressão da forma material, da qual reflete, por<br />
assim dizer, todas as nuanças, e mesmo to<strong>do</strong>s os acidentes. Eis por que um suplicia<strong>do</strong> nos<br />
disse poucos dias depois de sua execução: Se pudésseis me ver, ver-me-íeis com a cabeça<br />
separada <strong>do</strong> tronco. Um homem que morrera assassina<strong>do</strong> nos disse: Vede a chaga que se me<br />
fez no coração. Acreditava que poderíamos vê-lo.<br />
Essas considerações nos conduzirão a examinar a interessante questão da sensação <strong>do</strong>s<br />
<strong>Espírito</strong>s e de seus sofrimentos; fá-lo-emos em um outro artigo, queren<strong>do</strong> nos limitar aqui ao<br />
estu<strong>do</strong> das manifestações físicas.<br />
Representemo-nos, pois, o <strong>Espírito</strong> revesti<strong>do</strong> de seu envoltório semi-material ou perispírito,<br />
ten<strong>do</strong> a forma ou aparência que tinha quan<strong>do</strong> vivo. Alguns se servem mesmo dessa<br />
expressão para se designarem; dizem: Minha aparência está em tal lugar. Evidentemente,<br />
estão aí os manes <strong>do</strong>s Antigos. A matéria desse envoltório é bastante sutil para escapar à<br />
nossa visão em seu esta<strong>do</strong> normal; mas não é, por isso, absolutamente invisível. Nós a<br />
vemos, primeiro, pelos olhos da alma, nas visões que se produzem durante os sonhos; mas<br />
não é disso que vamos nos ocupar. Pode ocorrer, nessa matéria etérea, tal modificação, o<br />
<strong>Espírito</strong>, ele mesmo, pode fazê-la sofrer uma espécie de condensação, que a toma perceptível<br />
aos olhos <strong>do</strong> corpo; é o que ocorre nas aparições vaporosas. A sutileza dessa matéria lhe<br />
permite atravessar corpos sóli<strong>do</strong>s; eis por que essas aparições não encontram obstáculos, e<br />
por que se esvanecem, freqüentemente, através das paredes.<br />
A condensação pode chegar ao ponto de produzir a resistência e a tangibilidade; é o caso das<br />
mãos que são vistas e que são tocadas; mas essa condensação (é a única palavra da qual<br />
http://www.espirito.org.br/portal/codificacao/re/<strong>1858</strong>/05a-teoria-das-manifestacoes.html (2 of 4)7/4/2004 08:14:09