Revista Espírita - Primeiro Ano – 1858 - Portal do Espírito
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O Espiritismo entre os Druidas<br />
contínua; essa longa existência, nascida tão baixo para se elevar tão alto, se quebra em<br />
fragmentos, solidários no fun<strong>do</strong> da sua sucessão, mas <strong>do</strong> qual, graças ao defeito de memória, a<br />
misteriosa solidariedade escapa, ao menos por um tempo, à consciência <strong>do</strong> indivíduo. São as<br />
interrupções periódicas no curso secular da vida, que constituem o que chamamos a morte; de<br />
sorte que a morte e o nascimento que, por uma consideração superficial, formam<br />
acontecimentos tão diferentes, não são, em realidade, senão as duas faces <strong>do</strong> mesmo<br />
fenômeno, uma voltan<strong>do</strong> para o perío<strong>do</strong> que se acaba, a outra para o perío<strong>do</strong> que se segue.<br />
"Desde então a morte, considerada em si mesma, não é, pois, uma calamidade verdadeira, mas<br />
um benefício de Deus, que, rompen<strong>do</strong> os hábitos muito estreitos que havíamos contraí<strong>do</strong> com<br />
nossa vida presente, nos transporta em novas condições e dá lugar, por aí, para nos elevarmos<br />
mais livremente a novos progressos.<br />
"Do mesmo mo<strong>do</strong> que a morte, a perda de memória que a acompanha não deve ser tomada<br />
não mais que por um benefício. É uma conseqüência <strong>do</strong> primeiro ponto; porque se a alma, no<br />
curso dessa longa vida, conservasse claramente essas lembranças de um perío<strong>do</strong> a outro, a<br />
interrupção não seria mais <strong>do</strong> que acidental, e não haveria, propriamente dito, nem morte, nem<br />
nascimento, uma vez que esses <strong>do</strong>is acontecimentos perderiam, desde então, o cará ter<br />
absoluto que os distingue e faz a sua força. E mesmo, não parece difícil perceber diretamente,<br />
toman<strong>do</strong> o ponto de vista dessa teologia, em que a perda da memória, no que toca aos perío<strong>do</strong>s<br />
passa<strong>do</strong>s, pode ser considerada como um benefício relativamente ao homem, em sua condição<br />
presente; porque se esses perío<strong>do</strong>s passa<strong>do</strong>s, como a posição atual <strong>do</strong> homem em um mun<strong>do</strong><br />
de sofrimento se lhe torna a prova, foram infelizmente mancha<strong>do</strong>s de erros e de crimes, causa<br />
primeira das misérias e das expiações de hoje, é, evidentemente, uma vantagem para a alma<br />
de se encontrar descarregada da visão duma tão grande multidão de faltas e, ao mesmo tempo,<br />
de 'remorsos muito acabrunhantes que delas se originam. Não o obrigan<strong>do</strong> a um<br />
arrependimento formal senão relativamente às culpas da sua vida atual, compadecen<strong>do</strong>-se,<br />
assim, de sua fraqueza, Deus lhe concede, efetivamente, uma grande graça.<br />
"Enfim, segun<strong>do</strong> esse mesmo mo<strong>do</strong> de considerar o mistério da vida, as necessidades de todas<br />
as naturezas às quais estamos sujeitos neste mun<strong>do</strong>, e que, desde o nosso nascimento,<br />
determinam, por uma sentença por assim dizer fatal, a forma da nossa existência no presente<br />
perío<strong>do</strong>, constituem um último benefício tão bastante sensível quanto os outros <strong>do</strong>is; porque<br />
são, em definitivo, essas necessidades que dão, à nossa vida, o caráter que melhor convém às<br />
nossas expiações e às nossas provas e, por conseguinte, ao nosso desenvolvimento moral; e<br />
são também essas mesmas necessidades, seja de nossa organização física, seja de<br />
circunstâncias exteriores ao meio no qual estamos coloca<strong>do</strong>s, que, em nos conduzin<strong>do</strong><br />
forçosamente ao termo da morte, nos conduzem, por isso mesmo, à nossa suprema libertação.<br />
Em resumo, como dizem as tríades em sua enérgica concisão, está aí to<strong>do</strong> o conjunto e as três<br />
calamidades primitivas, e os três meios eficazes de Deus em abred.<br />
"Entretanto, mediante qual conduta a alma se eleva, realmente, nesta vida, e merece alcançar,<br />
depois da morte, um mun<strong>do</strong> superior de existência? A resposta que o Cristianismo dá a essa<br />
questão fundamental é conhecida de to<strong>do</strong>s: é sob a condição de desfazer, em si, o egoísmo e o<br />
orgulho, de desenvolver, na intimidade da sua substância, as forças da humildade e da<br />
caridade, únicas eficazes, únicas meritórias diante de Deus: Bem-aventura<strong>do</strong>s os bran<strong>do</strong>s, disse<br />
o Evangelho, bem-aventura<strong>do</strong>s os humildes! A resposta <strong>do</strong> druidismo é bem diferente, e<br />
contrasta claramente com esta. Segun<strong>do</strong> suas lições, a alma se eleva na escala das existências<br />
sob a condição de fortificar, pelo seu trabalho, sobre ela mesma, sua própria personalidade, e é<br />
um resulta<strong>do</strong> que ela obtém naturalmente, pelo desenvolvimento da força <strong>do</strong> caráter junto ao<br />
desenvolvimento <strong>do</strong> saber. É o que exprime a vigésima-quinta tríade, que declara que a alma<br />
cai na necessidade de transmigrações, quer dizer, em vidas confusas e mortais, não somente<br />
pela manutenção de más paixões, mas pelo hábito da frouxidão no cumprimento de ações<br />
justas, pela falta de firmeza na adesão ao que prescreve a consciência, em uma palavra, pela<br />
http://www.espirito.org.br/portal/codificacao/re/<strong>1858</strong>/04b-o-espiritismo-entre-os-druidas.html (7 of 9)7/4/2004 08:13:55