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Ave Cristo - Espiritismoemdebate.com.br

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Correram, instintivamente, ao quarto som<strong>br</strong>io c encontraram o corpo do<<strong>br</strong> />

velho amigo a pender, inerte, de grossas vigas de madeira.<<strong>br</strong> />

O antigo soldado cumprira a palavra, suicidando-se.<<strong>br</strong> />

Taciano, então, qual se estivesse impulsionado por indomável energia, não<<strong>br</strong> />

mais hesitou.<<strong>br</strong> />

Afastou-se, presto, na direção da cavalariça e, quando se aboletava em<<strong>br</strong> />

carruagem ligeira, foi a<strong>br</strong>açado por Opílio, que declarou:<<strong>br</strong> />

— Vou contigo. Convencer-te-ás de que o miserável feiticeiro está morto e<<strong>br</strong> />

de que Sú<strong>br</strong>io foi simplesmente vítima de loucura e ilusão.<<strong>br</strong> />

O Sol das primeiras horas da tarde dardejava por entre as frondes dos<<strong>br</strong> />

gigantescos carvalhos que protegiam o caminho pelo qual os dois associados<<strong>br</strong> />

do destino seguiam silenciosos, ruminando, mentalmente, as próprias<<strong>br</strong> />

reflexões. Contudo, enquanto Taciano, jovem e vigoroso, se perdia num<<strong>br</strong> />

abismo de indagações, Opílio, encanecido e inquieto, afundava-se em<<strong>br</strong> />

dilacerantes sofrimentos. Como escapar aos dissabores daquela hora, se o<<strong>br</strong> />

condenado ainda estivesse vivo? <strong>com</strong>o reaver a confiança do genro, se a<<strong>br</strong> />

palavra de Sú<strong>br</strong>io fôsse confirmada?<<strong>br</strong> />

À porta da enxovia, foram recebidos pelo administrador da prisão, <strong>com</strong><<strong>br</strong> />

especiais deferências, que, loquaz e gentil, informou achar-se o irmão Corvino<<strong>br</strong> />

moribundo...<<strong>br</strong> />

A pedido de Artêmio Cim<strong>br</strong>o, o carcereiro Edúlio prestava-lhe assistência,<<strong>br</strong> />

mesmo porque o generoso patrício obtivera permissão para sepultar-lhe o<<strong>br</strong> />

corpo, tão logo expirasse.<<strong>br</strong> />

Opílio, trêmulo, rogou licença para visitarem o agonizante a sós, sendo<<strong>br</strong> />

imediatamente atendido.<<strong>br</strong> />

Afastado o enfermeiro, ambos penetraram a câmara estreita, onde o<<strong>br</strong> />

condenado, de olhos imensamente lúcidos, aguardava o instante final.<<strong>br</strong> />

Finíssimos lençóis, oferecidos por mãos anônimas, apresentavam-se<<strong>br</strong> />

manchados de sangue.<<strong>br</strong> />

Os golpes de Hércules tinham-lhe massacrado o omoplata, invadindo o<<strong>br</strong> />

tórax, que se apresentava aberto.<<strong>br</strong> />

Taciano, dominado por inenarrável angústia, permutou <strong>com</strong> ele<<strong>br</strong> />

inesquecível olhar...<<strong>br</strong> />

E, de espírito iluminado pela verdade, qual ocorre às grandes almas ao se<<strong>br</strong> />

avizinharem da morte, Quinto Varro, <strong>com</strong> esforço, falou-lhe, abertamente:<<strong>br</strong> />

— Meu filho, supliquei a Jesus não me permitisse a grande viagem, sem<<strong>br</strong> />

reencontrar-te... Estou convencido de que Flávio Sú<strong>br</strong>io revelou ao teu coração<<strong>br</strong> />

todos os sucessos que já se foram...<<strong>br</strong> />

Porque o rapaz, aterrorizado, se voltasse para Vetúrio, o genitor continuou:<<strong>br</strong> />

— Já sei... Este é Opílio, que te criou <strong>com</strong>o pai. Compreendo o<<strong>br</strong> />

constrangimento <strong>com</strong> que nos ouve, no entanto, rogo a ele me releve esta conversação<<strong>br</strong> />

de última hora... Ontem, Cíntia ausentava-se da Terra, hoje sou eu...<<strong>br</strong> />

A essa altura, o moribundo sorriu, conformado. O jovem, todavia,<<strong>br</strong> />

evidenciando os próprios conflitos mentais, deixou que a emoção lhe extravasasse<<strong>br</strong> />

do peito, interrogando:<<strong>br</strong> />

— Se és meu pai, <strong>com</strong>o <strong>com</strong>preender tamanha serenidade? Se Sú<strong>br</strong>io foi<<strong>br</strong> />

verdadeiro, não tens em meu padrasto o maior inimigo? Se Vetúrio mandou<<strong>br</strong> />

que te assassinassem para usurpar-te o destino de minha mãe, <strong>com</strong>o pudeste<<strong>br</strong> />

tolerar tão horrível situação, quando uma simples palavra tua conseguiria<<strong>br</strong> />

clarear qualquer dúvida? Ó deuses, <strong>com</strong>o vencer o tene<strong>br</strong>oso labirinto?.<<strong>br</strong> />

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