02.05.2014 Views

Ave Cristo - Espiritismoemdebate.com.br

Ave Cristo - Espiritismoemdebate.com.br

Ave Cristo - Espiritismoemdebate.com.br

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

— “Abaixo o feiticeiro! morte ao assassino! suplício ao matador de<<strong>br</strong> />

mulheres e crianças!.<<strong>br</strong> />

Impropérios <strong>com</strong>o esses eram <strong>br</strong>amidos à solta por centenas de lábios<<strong>br</strong> />

duros e espumejantes.<<strong>br</strong> />

Quinto Varro, porém, que a consciência tranquila parecia coroar de<<strong>br</strong> />

imperturbável serenidade, passeou o olhar calmo e bondoso pela assembléia<<strong>br</strong> />

irritada e a multidão aquietou-se, de chofre, qual se fôra dominada por força<<strong>br</strong> />

irresistível.<<strong>br</strong> />

O próprio Álcio, habituado à agressividade da caserna, estava<<strong>br</strong> />

surpreendido.<<strong>br</strong> />

Levantou-se, imponente, e tentando, em vão, assumir o aspecto respeitável<<strong>br</strong> />

de um magistrado, arengou, por alguns minutos, salientando as preocupações<<strong>br</strong> />

do governo na eliminação do culto proibido e advertindo os cidadãos contra a<<strong>br</strong> />

ideologia religiosa que pretendia confundir escravos e senhores.<<strong>br</strong> />

Em seguida, dirigiu-se solenemente ao presbítero, notificando:<<strong>br</strong> />

— Creio-me exonerado de qualquer consideração para <strong>com</strong> os prisioneiros<<strong>br</strong> />

sem títulos que os re<strong>com</strong>endem ao respeito do Estado, contudo, tantos<<strong>br</strong> />

empenhos foram interpostos, junto de minha autoridade, em vosso favor, tantas<<strong>br</strong> />

famílias aristocráticas se interessam por vosso destino, que me sinto no dever<<strong>br</strong> />

de ajuizar quanto à vossa situação <strong>com</strong> especial benevolência.<<strong>br</strong> />

Corvino escutava o legado, serenamente, mas insopitável inquietude<<strong>br</strong> />

dominava a multidão.<<strong>br</strong> />

— Sois acusado de haver provocado a morte de uma criança — prosseguiu<<strong>br</strong> />

Novaciano, empertigado —, para cultivar sortilégios malignos, e de haver<<strong>br</strong> />

assassinado uma distinta dama patrícia, doente e irresponsável, depois de<<strong>br</strong> />

atraí-la, provavelmente <strong>com</strong> promessas de cura imaginária. Todavia,<<strong>br</strong> />

ponderando as solicitações de vários principais, dignar-me-ei analisar o<<strong>br</strong> />

processo alusivo às culpas referidas, tratando-vos <strong>com</strong>o cidadão do Império,<<strong>br</strong> />

mas, antes de tudo, desejo certificar-me de vossa fidelidade às nossas<<strong>br</strong> />

tradições e princípios, de vez que sois indicado <strong>com</strong>o mem<strong>br</strong>o da seita<<strong>br</strong> />

renegada, para cuja extinção não possuímos outros recursos que não sejam o<<strong>br</strong> />

exílio, a punição ou a morte.<<strong>br</strong> />

Fêz ligeiro intervalo, fixou o presbítero de frente, buscando, em vão,<<strong>br</strong> />

suportar-lhe o olhar confiante e calmo e inquiriu:<<strong>br</strong> />

— Em nome do Imperador Maximino, exorto-vos a jurar lealdade aos<<strong>br</strong> />

deuses e obediência às leis romanas!<<strong>br</strong> />

Varro, concentrado em si mesmo, evidenciando longa distância espiritual<<strong>br</strong> />

da atmosfera de crueldade e pequenez que predominava no recinto, respondeu<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong> firmeza e simplicidade:<<strong>br</strong> />

— Ilustre legado, consoante as lições do meu Mestre, sempre dei a César o<<strong>br</strong> />

respeito que César espera de mim, no entanto, não posso sacrificar aos ídolos,<<strong>br</strong> />

porque sou cristão e não desejo abandonar minha fé.<<strong>br</strong> />

— Que ousadia! — exclamou Novaciano, encolerizado, enquanto o<<strong>br</strong> />

populacho prorrompia em gritos: — “morte ao traidor! degolem o celerado!...”<<strong>br</strong> />

O religioso, porém, não expressou a mínima alteração facial.<<strong>br</strong> />

O juiz agitou pequeno martelete de <strong>br</strong>onze, exigindo silêncio, e voltou a<<strong>br</strong> />

interpelar:<<strong>br</strong> />

— Sois atrevido até ao insulto?<<strong>br</strong> />

— Rogo-vos desculpas se a minha palavra in<strong>com</strong>oda, no entanto, indagais<<strong>br</strong> />

e respondo por minha vez.<<strong>br</strong> />

86

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!