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Ave Cristo - Espiritismoemdebate.com.br

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Um peregrino da fé religiosa que surpreendesse o paraíso não revelaria<<strong>br</strong> />

maior ventura que a daquela face transfigurada por suprema alegria interior.<<strong>br</strong> />

O quadro inolvidável, porém, foi <strong>br</strong>eve <strong>com</strong>o um relâmpago dentro da noite.<<strong>br</strong> />

Destrambelhado o coração pelo júbilo do reencontro, a po<strong>br</strong>e senhora<<strong>br</strong> />

empalideceu repentinamente, os órgãos visuais arregalaram-se-lhe nas órbitas<<strong>br</strong> />

e o corpo oscilou, desgovernado.<<strong>br</strong> />

Varro, aflito, correu a ampará-la.<<strong>br</strong> />

A agonizante aquietou-se-lhe nos <strong>br</strong>aços <strong>com</strong> a submissão de uma criança.<<strong>br</strong> />

O valoroso patrício, que a fé metamorfoseara em sacerdote, rociando-lhe o<<strong>br</strong> />

rosto de lágrimas, cerrou-lhe os olhos, piedosamente.<<strong>br</strong> />

Cíntia Júlia morrera <strong>com</strong>o um passarinho, sem estertores, sem contrações.<<strong>br</strong> />

Apertando-a, de encontro ao coração, Quinto Varro soluçou, balbuciando<<strong>br</strong> />

uma prece.<<strong>br</strong> />

— Senhor! — clamou ele — tu, que nos reúnes <strong>com</strong> bondade, não nos<<strong>br</strong> />

separarias para sempre!<<strong>br</strong> />

Amigo Divino, que nos concedes a luz do dia depois das som<strong>br</strong>as da noite,<<strong>br</strong> />

dá-nos serenidade, finda a tormenta!... Ampara-nos o coração desarvorado nos<<strong>br</strong> />

tortuosos caminhos do mundo e a<strong>br</strong>e-nos o horizonte da paz! Tantas vezes<<strong>br</strong> />

morremos nas trevas da ignorância, mas a tua <strong>com</strong>paixão nos ergue, de novo,<<strong>br</strong> />

à claridade divina! Nada posso pedir-te, servo que sou agraciado por tantas<<strong>br</strong> />

bênçãos imerecidas, mas, se possível, rogo-te proteção para quem hoje te<<strong>br</strong> />

busca, <strong>com</strong> o espírito sedento de amor, Ó Mestre de nossas almas, socorrenos<<strong>br</strong> />

na solução de nossas necessidades! Nada podemos sem a tua luz!...<<strong>br</strong> />

Sufocado pela <strong>com</strong>oção, silenciou.<<strong>br</strong> />

A oração falada morrera-lhe na garganta, mas o espírito fervoroso<<strong>br</strong> />

prosseguiu em súplica silenciosa, que somente foi interrompida à chegada de<<strong>br</strong> />

um irmão que o auxiliou a prestar as derradeiras expressões de carinho à<<strong>br</strong> />

morta, cujos lábios se entrea<strong>br</strong>iam, imóveis, num sorriso indefinível.<<strong>br</strong> />

Um mensageiro de confiança foi expedido ao palácio de Vetúrio, mas,<<strong>br</strong> />

temendo represálias, o emissário apenas notificou que a senhora, vítima de<<strong>br</strong> />

inopinado mal-estar, exigia imediata assistência.<<strong>br</strong> />

A notícia foi recebida desagradàvelmente.<<strong>br</strong> />

Aquela fuga para o círculo cristão era detestável acontecimento.<<strong>br</strong> />

Epípodo, o chefe da vigilância, foi advertido <strong>com</strong> severidade e um homem da<<strong>br</strong> />

estima familiar, à frente de vários cooperadores, foi incumbido de superintender<<strong>br</strong> />

a remoção da enferma para a casa.<<strong>br</strong> />

Esse homem era Flávio Sú<strong>br</strong>io.<<strong>br</strong> />

O velho soldado procurou o irmão Corvino e, surpreendido por aquela voz<<strong>br</strong> />

que não lhe parecia estranha, veio a conhecer a deplorável ocorrência.<<strong>br</strong> />

Lançando olhares desconfiados para o apóstolo, que tinha nome idêntico<<strong>br</strong> />

ao da vítima que ele nunca esquecera, providenciou, respeitoso, o transporte<<strong>br</strong> />

do cadáver, que Varro ajudou carinhosamente a instalar na carruagem,<<strong>br</strong> />

convertida em coche mortuário.<<strong>br</strong> />

Infinita consternação envolveu a residência romana, outrora fulgurante e<<strong>br</strong> />

feliz, e, ao entardecer, um pelotão de legionários cercou o case<strong>br</strong>e em que o<<strong>br</strong> />

irmão Corvino meditava...<<strong>br</strong> />

Vetúrio reclamara-lhe a prisão para o inquérito que pretendia instaurar.<<strong>br</strong> />

O presbítero foi acintosamente recolhido e encarcerado sem a menor<<strong>br</strong> />

consideração.<<strong>br</strong> />

O martírio supremo de Quinto Varro ia <strong>com</strong>eçar.<<strong>br</strong> />

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