02.05.2014 Views

Ave Cristo - Espiritismoemdebate.com.br

Ave Cristo - Espiritismoemdebate.com.br

Ave Cristo - Espiritismoemdebate.com.br

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

um filho que me não entende... Estou exausta... Errei, preferindo o inferno do<<strong>br</strong> />

ouro, quando Deus me oferecia o paraíso da paz... Desprezei o <strong>com</strong>panheiro<<strong>br</strong> />

que realmente me queria para a glória do espírito e julgaram-me senhora de<<strong>br</strong> />

robusto juízo... Agora, procuro recuperar minhalma e tratam-me por louca...<<strong>br</strong> />

Estou farta de ilusões... Quero a bênção do <strong>Cristo</strong> consolador... Aspiro à<<strong>br</strong> />

renovação...<<strong>br</strong> />

A infortunada matrona enxugou as lágrimas, ante o missionário que a<<strong>br</strong> />

fitava, aterrado e enternecido, e continuou:<<strong>br</strong> />

— Avaliareis, por acaso, o sacrifício do coração materno, alimentando um<<strong>br</strong> />

filho, dia a dia, orvalhando-o <strong>com</strong> o pranto de sua dor e fortalecendo-o <strong>com</strong> os<<strong>br</strong> />

raios de sua alegria, para vê-lo, em seguida, conscientemente entregue à<<strong>br</strong> />

ferocidade? Podereis imaginar os padecimentos da mulher que, vítima de si<<strong>br</strong> />

mesma, permanece situada entre o desencanto e o remorso, ferida nas<<strong>br</strong> />

menores aspirações? Ah! pai Corvino, por quem sois! <strong>com</strong>padecei-vos de<<strong>br</strong> />

mim!... Desejo buscar o Mestre, mas estou condenada a respirar entre os<<strong>br</strong> />

ídolos que me enganaram... Socorrei a minhalma que sangra!...<<strong>br</strong> />

Ajoelhou-se <strong>com</strong>o quem nada mais poderia dar de si própria senão a<<strong>br</strong> />

suprema humildade e, <strong>com</strong> surpresa, verificou que o irmão dos infelizes tinha<<strong>br</strong> />

lágrimas abundantes.<<strong>br</strong> />

— Chorais? — <strong>br</strong>adou a enferma, perplexa —só um emissário do Senhor<<strong>br</strong> />

pode assim proceder... Sou culpada! culpada!...<<strong>br</strong> />

Lançando os olhos para o alto, <strong>com</strong>eçou a gritar <strong>com</strong> manifesto<<strong>br</strong> />

desequilí<strong>br</strong>io:<<strong>br</strong> />

— Perdoai-me, ó meu Deus! meus pecados são enormes. Tenho crimes<<strong>br</strong> />

que provocam o pranto dos vossos escolhidos!... Malditos os deuses de pedra<<strong>br</strong> />

que nos arrojam aos despenhadeiros da ignorância! malditos os gênios do<<strong>br</strong> />

egoísmo, do orgulho, da perversidade e da ambição!...<<strong>br</strong> />

Quinto Varro, que a fisionomia envelhecida e a longa barba tornavam<<strong>br</strong> />

irreconhecível, inclinou-se para ela e, dominado pelo carinho espontâneo, murmurou:<<strong>br</strong> />

— Cíntia! espera e confia!... Deus não nos esquece, ainda mesmo quando<<strong>br</strong> />

sejamos induzidos a esquecê-lo...<<strong>br</strong> />

Estranho fulgor estampou-se no semblante da enferma, que lhe cortou a<<strong>br</strong> />

palavra, exclamando:<<strong>br</strong> />

— Oh! esta voz, esta voz!... quem sois? <strong>com</strong>o soubestes meu nome sem<<strong>br</strong> />

que eu vo-lo dissesse? Sereis, acaso, um fantasma que regressa do túmulo ou<<strong>br</strong> />

a som<strong>br</strong>a de um homem que morreu sem nunca estar morto?<<strong>br</strong> />

O missionário afagou-a <strong>com</strong> ternura e osculou-lhe os cabelos, copiando,<<strong>br</strong> />

instintivamente, os gestos da mocidade.<<strong>br</strong> />

Perplexa, a matrona recuou, exibindo no olhar profunda lucidez, qual se<<strong>br</strong> />

fôra repentinamente chamada à realidade pela grande emoção...<<strong>br</strong> />

Fixou o interlocutor, de frente, <strong>com</strong> inexprimível espanto, e gritou:<<strong>br</strong> />

— Varro!...<<strong>br</strong> />

Na inflexão <strong>com</strong> que pronunciara aquele simples nome, colocara todo o<<strong>br</strong> />

amor e todo o assom<strong>br</strong>o que era capaz de sentir.<<strong>br</strong> />

O apóstolo, no entanto, debalde aguardou a frase que se lhe apagara nos<<strong>br</strong> />

lábios descoloridos.<<strong>br</strong> />

Cíntia contemplou-o por momentos curtos, emudecida, mantendo na<<strong>br</strong> />

expressão fisionômica a extática felicidade de quem encontra um tesouro há<<strong>br</strong> />

longo tempo acariciado...<<strong>br</strong> />

83

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!