02.05.2014 Views

Ave Cristo - Espiritismoemdebate.com.br

Ave Cristo - Espiritismoemdebate.com.br

Ave Cristo - Espiritismoemdebate.com.br

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

— Senhor, os que vão morrer colocam-se àfrente da verdade... Dói-me o<<strong>br</strong> />

coração reconhecer a esposa e as filhinhas humilhadas pelo incerto destino<<strong>br</strong> />

que as espera na Terra, entretanto, entrego-as nesta hora ao Juiz do Céu. Hoje<<strong>br</strong> />

podeis sentenciar. A casa, o solo, o arvoredo e o ouro permanecem em vossas<<strong>br</strong> />

mãos. Amanhã, porém, sereis chamado à prestação de contas nos tribunais<<strong>br</strong> />

divinos. Onde estão aqueles que, em outro tempo, perseguiram e<<strong>br</strong> />

condenaram? Arrojaram-se todos ao mesmo pó em que se confundem os<<strong>br</strong> />

servos e os senhores. As liteiras da vaidade e do orgulho consomem-se no<<strong>br</strong> />

tempo... Não temo a morte, que para vós é enigma e mistério, e para mim é<<strong>br</strong> />

libertação e vida...<<strong>br</strong> />

A grande assembléia escutava <strong>com</strong> insopitável torpor de assom<strong>br</strong>o.<<strong>br</strong> />

Opílio, manietado talvez por fios intangíveis, jazia imóvel <strong>com</strong>o o bastão<<strong>br</strong> />

lavrado em que se apoiava, por nota marcante de sua autoridade doméstica.<<strong>br</strong> />

— Comentais a lamentável situação de minha <strong>com</strong>panheira e de minhas<<strong>br</strong> />

filhas — continuou Rufo, depois de curto intervalo —, em vista de vossa<<strong>br</strong> />

resolução, exilando-as para outras terras, no entanto, <strong>com</strong> o respeito que a<<strong>br</strong> />

vossa família sempre nos mereceu, sou levado a perguntar por vossos<<strong>br</strong> />

antepassados... Onde viverão hoje vossos pais? Os títulos do patriciado não<<strong>br</strong> />

exoneraram vossos avoengos dos deveres para <strong>com</strong> o sepulcro. Sois tão<<strong>br</strong> />

separado deles, <strong>com</strong>o serei doravante dos meus... E, enquanto a vossa<<strong>br</strong> />

saudade vagar <strong>com</strong>o som<strong>br</strong>a inútil, corvejando so<strong>br</strong>e os vossos dias, a dor de<<strong>br</strong> />

minha mulher tanto quanto a minha própria dor produzirão em nós a<<strong>br</strong> />

confortadora certeza de estarmos cooperando na edificação de um mundo melhor...<<strong>br</strong> />

Somos escravos, sim, nascidos sob o jugo pesado de cruel cativeiro,<<strong>br</strong> />

contudo, nosso espírito é livre para adorar a Deus, segundo a nossa <strong>com</strong>preensão.<<strong>br</strong> />

Antes de nós, <strong>com</strong>panheiros outros conheceram o martírio... Quantos<<strong>br</strong> />

terão sido assassinados nos circos, nas cruzes, nas fogueiras e nos tribunais?<<strong>br</strong> />

quantos terão demandado o túmulo, carregando espinhosos fardos de<<strong>br</strong> />

aflição!... Entretanto, nossos corações feridos, <strong>com</strong>o o lenho atirado ao fogo,<<strong>br</strong> />

alimentam a chama do idealismo santificante que iluminará a Humanidade!<<strong>br</strong> />

Nossos filhos jamais estarão órfãos. Tutelados do <strong>Cristo</strong>, no mundo,<<strong>br</strong> />

constituem a herança abençoada de nossa fé, destinada ao grande futuro... A<<strong>br</strong> />

felicidade celeste habita conosco nos cárceres da Terra. Nossos padecimentos<<strong>br</strong> />

são semelhantes às som<strong>br</strong>as ralas da madrugada que se misturam à luz<<strong>br</strong> />

nascente de novo dia!...<<strong>br</strong> />

O prisioneiro fitou Vetúrio, de frente, <strong>com</strong> valorosa serenidade, e afirmou<<strong>br</strong> />

sem afetação:<<strong>br</strong> />

— Vós, porém, romanos dominadores, tremei, enquanto rides! Jesus reina,<<strong>br</strong> />

acima de César!...<<strong>br</strong> />

Vencendo a lassidão que o dominava, Opílio Vetúrio agitou os <strong>br</strong>aços e<<strong>br</strong> />

clamou:<<strong>br</strong> />

— Cala-te! nem mais uma palavra! Epípodo, o chicote!...<<strong>br</strong> />

O capataz estalou o rebenque no rosto do escravo eno<strong>br</strong>ecido, enquanto<<strong>br</strong> />

Vetúrio, em poucas palavras, concluía o negócio <strong>com</strong> o mercador.<<strong>br</strong> />

Dioclécia e as filhinhas foram cedidas a preço ínfimo.<<strong>br</strong> />

Enquanto o potro <strong>br</strong>avio era aparelhado, a esposa do mártir tentou lançarse<<strong>br</strong> />

nos <strong>br</strong>aços dele, mas algumas <strong>com</strong>panheiras afastaram-na, <strong>com</strong> as<<strong>br</strong> />

meninas, para recanto próximo.<<strong>br</strong> />

Rufo ia ser atado à cauda do animal que relinchava, escouceante, quando<<strong>br</strong> />

Berzélio, o <strong>com</strong>prador de cativos, abeirou-se dele e ciciou-lhe aos ouvidos:<<strong>br</strong> />

81

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!