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Ave Cristo - Espiritismoemdebate.com.br

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Vetúrio, Taciano e Galba, seguidos de Quirino, de outras personalidades<<strong>br</strong> />

destacadas e do mercador de cativos, penetraram o recinto, empertigados, dominadores<<strong>br</strong> />

e livres.<<strong>br</strong> />

Rufo, ladeado por musculosos guardas, foi trazido ao centro da praça, em<<strong>br</strong> />

cujos limites se amontoavam homens, mulheres e crianças.<<strong>br</strong> />

Foi então que Vetúrio determinou que uma senhora e duas meninas se<<strong>br</strong> />

aproximassem.<<strong>br</strong> />

Eram Dioclécia, a esposa do prisioneiro, e as duas filhinhas Rufilia e<<strong>br</strong> />

Diônia, que o a<strong>br</strong>açaram <strong>com</strong> sofreguidão e alegria.<<strong>br</strong> />

— Papai! papaizinho!...<<strong>br</strong> />

As vozes caridosas ecoaram, <strong>com</strong>oventes, arrancando lágrimas, enquanto<<strong>br</strong> />

o escravo mostrava o pranto que lhe manava dos olhos, <strong>com</strong>o gotas de orvalho<<strong>br</strong> />

diamantino, deslizando so<strong>br</strong>e expressiva máscara de <strong>br</strong>onze.<<strong>br</strong> />

Epípodo, atendendo a um sinal do senhor, separou o belo grupo familiar e<<strong>br</strong> />

a voz de Opílio <strong>br</strong>adou, emprestando às palavras o máximo de energia:<<strong>br</strong> />

— Rufo! chegou o momento decisivo! Jurarás fidelidade aos deuses e<<strong>br</strong> />

serás salvo, ou seguirás o impostor galileu, sentenciando-te à morte e provocando<<strong>br</strong> />

o banimento definitivo dos teus. Escolhe! não há tempo a perder!...<<strong>br</strong> />

— Ah! senhor — chorou o servo, caindo de joelhos —, não me condeneis!<<strong>br</strong> />

Compadecei-vos de mim !... sou escravo desta casa, desde que nasci!<<strong>br</strong> />

O infeliz calou-se, dominado pela angústia, e a cabeça noutro tempo erecta<<strong>br</strong> />

e altiva baixou o rosto até à poeira que Vetúrio pisava.<<strong>br</strong> />

— Não invoques o passado! Atende ao presente! porque a ilusão nazarena,<<strong>br</strong> />

quando as nossas divindades te propiciam o pão farto e a vida feliz?<<strong>br</strong> />

Rufo, porém, reergueu a fronte, recuperando a serenidade.<<strong>br</strong> />

Contemplou a esposa que o fitava, amargurada, e, em seguida, estendeu<<strong>br</strong> />

os <strong>br</strong>aços para Diônia, meigo anjo moreno de quatro anos, que se precipitou,<<strong>br</strong> />

de novo, para ele, exclamando, confiante:<<strong>br</strong> />

— O senhor vem conosco, papai?<<strong>br</strong> />

O interpelado fixou a menina, <strong>com</strong> inexprimível ternura, mas não<<strong>br</strong> />

respondeu.<<strong>br</strong> />

Ninguém poderia conhecer o drama que se desenrolava por trás daquele<<strong>br</strong> />

semblante sulcado pelo sofrimento.<<strong>br</strong> />

Os olhos estáticos pararam de chorar.<<strong>br</strong> />

Súbita e inabalável firmeza estampara-se-lhe no rosto.<<strong>br</strong> />

Elevou a atenção para o céu, evidenciando íntima atitude de oração, mas<<strong>br</strong> />

Opílio tornou a falar, contundente e gritante:<<strong>br</strong> />

— Não delongues, não delongues! Renegas a superstição nazarena e<<strong>br</strong> />

abominas agora o impostor da cruz?<<strong>br</strong> />

— O Evangelho é revelação divina —. informou Rufo, possuído de calma<<strong>br</strong> />

impressionante —, e Jesus não é um mistificador e sim o Mestre da Vida<<strong>br</strong> />

Imperecível...<<strong>br</strong> />

— Como ousas? — atalhou Vetúrio, encolerizado — a tua morte não<<strong>br</strong> />

passará de suicídio e serás o verdugo da própria família. Dioclécia e as meninas<<strong>br</strong> />

serão expulsas e, quanto a ti mesmo, em poucos momentos descerás ao<<strong>br</strong> />

convívio das potências infernais.<<strong>br</strong> />

Lançou-lhe rancoroso olhar e rematou, depois de ligeiro intervalo:<<strong>br</strong> />

— Desgraçado, não temes?<<strong>br</strong> />

O escravo, parecendo envolvido em vigorosas forças espirituais, fitou-o,<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong> tristeza, e esclareceu:<<strong>br</strong> />

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