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Ave Cristo - Espiritismoemdebate.com.br

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Com efeito, Vetúrio e a família, a<strong>com</strong>panhados de grande séquito de<<strong>br</strong> />

clientes e aduladores, haviam chegado para a grande cele<strong>br</strong>ação.<<strong>br</strong> />

A herdade, dantes simples, embora imponente, convertera-se em<<strong>br</strong> />

verdadeiro palácio romano, superlotado de damas elegantes e de tribunos<<strong>br</strong> />

discutidores, de políticos ociosos que <strong>com</strong>entavam as intrigas da Corte e de<<strong>br</strong> />

bajuladores sorridentes àprocura do vinho farto.<<strong>br</strong> />

Escravos inúmeros iam e vinham à pressa.<<strong>br</strong> />

Movimentavam-se liteiras e carros, de variadas procedências.<<strong>br</strong> />

Helena não cabia em si de júbilo, entre o carinho do noivo e a admiração de<<strong>br</strong> />

quantos lhe cortejavam a beleza.<<strong>br</strong> />

Extremamente adestrada na vida social, fazia prodígios para agradar à<<strong>br</strong> />

aristocracia gaulesa, derramando-se em atenções por toda parte.<<strong>br</strong> />

Cíntia, porém, viera transformada. Intencionalmente, fugia de todas as<<strong>br</strong> />

festividades que lhe agitavam o lar. Ausente das conversações e dos saraus,<<strong>br</strong> />

era dada por enferma na palavra de Vetúrio e de Taciano, ante as<<strong>br</strong> />

interrogações das visitas.<<strong>br</strong> />

Mas um homem antigo, velho associado de Opílio desde a mocidade,<<strong>br</strong> />

asseverava, entre os íntimos. que a senhora se fizera cristã.<<strong>br</strong> />

Esse homem era o mesmo Flávio Sú<strong>br</strong>io, o velho soldado coxo, renovado<<strong>br</strong> />

também nas concepções da vida.<<strong>br</strong> />

Sú<strong>br</strong>io recebera em Roma inestimáveis benefícios da coletividade<<strong>br</strong> />

evangélica e alterara os princípios que lhe norteavam o destino.<<strong>br</strong> />

Do ateísmo e do sarcasmo passara à crença e à meditação.<<strong>br</strong> />

Não era um adepto do <strong>Cristo</strong>, na verdadeira acepção da palavra,<<strong>br</strong> />

entretanto, fazia leituras edificantes, respeitava a memória de Jesus, dava esmolas<<strong>br</strong> />

e evitava o crime que, em outro tempo, constituía para ele trivialidade<<strong>br</strong> />

sem importância.<<strong>br</strong> />

Por algumas vezes, <strong>com</strong>parecera às pregações das catacumbas e<<strong>br</strong> />

modificara-se. Conseguira reter na consciência a bênção do remorso e<<strong>br</strong> />

reconsiderara o caminho percorrido...<<strong>br</strong> />

Todavia, de todos os dramas escuros que lhe povoavam o espírito, o<<strong>br</strong> />

assassínio de Corvino era talvez o que mais lhe dilacerava o coração.<<strong>br</strong> />

Em muitas ocasiões, perguntara, sem resposta a si mesmo, que teria sido<<strong>br</strong> />

feito de Quinto Varro... Onde teria desembarcado? Conseguira so<strong>br</strong>eviver?<<strong>br</strong> />

Nunca mais obtivera dele a menor notícia.<<strong>br</strong> />

Jamais esquecera a expressão de calma dos olhos de Corvino, quando lhe<<strong>br</strong> />

apunhalara o tórax envelhecido. Supôs que o apóstolo gritasse revoltado,<<strong>br</strong> />

entretanto, em se desco<strong>br</strong>indo, angustiado, o ancião levou a destra ao peito<<strong>br</strong> />

opresso, sem o mais leve gemido de reação.<<strong>br</strong> />

Aliás, ao sair, notou que ele orava... Aquele quadro nunca mais se lhe<<strong>br</strong> />

apagou da memória. Perseguia-o em todos os lugares. Se procurava<<strong>br</strong> />

mergulhar-se em taças fascinantes ou se buscava outros ares e <strong>com</strong>panhias,<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong> o intuito de fugir de si mesmo, lá se achava, no fundo da mente, a figura<<strong>br</strong> />

indelével do velho pregador, retribuindo-lhe a punhalada <strong>com</strong> a oração.<<strong>br</strong> />

Atormentado pela própria consciência, não tolerara o suplício que infligira a<<strong>br</strong> />

si mesmo, e enlouquecera.<<strong>br</strong> />

Nas provações da demência, fôra socorrido por um grupo de cristãos, cujas<<strong>br</strong> />

preces lhe haviam balsamizado o espírito sofredor. Desde então, modificara o<<strong>br</strong> />

modo de ser, não obstante conservar encerrados consigo os seus inquietantes<<strong>br</strong> />

segredos, confiando-se aos <strong>br</strong>aços renovadores do tempo.<<strong>br</strong> />

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