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Ave Cristo - Espiritismoemdebate.com.br

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Relegado a si mesmo, na solidão do quarto, soluçava <strong>com</strong> a cabeça<<strong>br</strong> />

do<strong>br</strong>ada so<strong>br</strong>e os joelhos, quando notou que leve mão lhe pousava nos om<strong>br</strong>os<<strong>br</strong> />

recurvos.<<strong>br</strong> />

Perplexo, ergueu os olhos, inchados de chorar. e — oh! surpresa<<strong>br</strong> />

maravilhosa! — o ancião desencarnado regressara do túmulo e achava-se ali,<<strong>br</strong> />

diante dele, revestido de luz... Era o mesmo apóstolo de outro tempo, mas o<<strong>br</strong> />

corpo <strong>com</strong>o que se fizera diáfano e mais jovem.<<strong>br</strong> />

Irradiações de safirina claridade fulgiam-lhe na fronte e desciam <strong>com</strong>o que<<strong>br</strong> />

em jorro sublime do coração.<<strong>br</strong> />

O presbítero quis gritar a felicidade que lhe invadia o espírito,<<strong>br</strong> />

prosternando-se à frente do mensageiro do Céu, mas uma força incoercível<<strong>br</strong> />

emudecia-lhe a garganta e chumbava-o ao leito po<strong>br</strong>e.<<strong>br</strong> />

Com um sorriso inexprimível, traduzindo melancolia e saudade, amor e<<strong>br</strong> />

esperança, a entidade falou-lhe <strong>com</strong> carinho:<<strong>br</strong> />

— Varro, meu filho, porque desanimas, quando a luta apenas <strong>com</strong>eça?<<strong>br</strong> />

Reergue-te para o trabalho. Fomos chamados para servir. Divino é o amor das<<strong>br</strong> />

almas, laço eterno a ligar-nos uns aos outros para a imortalidade triunfante,<<strong>br</strong> />

mas que será desse dom celeste se não soubermos renunciar? O coração<<strong>br</strong> />

incapaz de ceder a benefício da felicidade alheia, é semente seca que não<<strong>br</strong> />

produz.<<strong>br</strong> />

O emissário espiritual fêz uma pausa ligeira, <strong>com</strong>o a impor ordem à<<strong>br</strong> />

enunciação dos próprios pensamentos e continuou:<<strong>br</strong> />

— Taciano é filho do Criador, quanto nós mesmos. Não reclames dele<<strong>br</strong> />

aquilo que ainda te não pode dar. Ninguém se faz amado através da exigência.<<strong>br</strong> />

Dá tudo! aqueles que desejamos ajudar ou salvar nem sempre conseguem<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>preender, de pronto, o sentido de nossas palavras, mas podem ser<<strong>br</strong> />

inclinados ou arrastados à renovação por nossos atos e exemplos. Em muitas<<strong>br</strong> />

ocasiões, na Terra, somos esquecidos e humilhados por aqueles a quem nos<<strong>br</strong> />

devotamos, mas, se soubermos perseverar na abnegação, acendemos no<<strong>br</strong> />

próprio espírito o abençoado lume <strong>com</strong> que lhes clarearemos a estrada, além<<strong>br</strong> />

do sepulcro!... Tudo passa no mundo... Os gritos da mocidade menos<<strong>br</strong> />

construtiva transformam-se em música de meditação na velhice! Ampara teu<<strong>br</strong> />

filho que é também nosso irmão na Eternidade, mas não te proponhas<<strong>br</strong> />

escravizá-lo ao teu modo de ser! Monstruosa seria a árvore que se pusesse a<<strong>br</strong> />

devorar o próprio fruto; condenável seria a fonte que tragasse as próprias<<strong>br</strong> />

águas! Os que amam, sustentam a vida e nela transitam <strong>com</strong>o heróis, mas os<<strong>br</strong> />

que desejam ser amados não passam muitas vezes de tiranos crueis...<<strong>br</strong> />

Levanta-te! Ainda não sorveste todo o cálice. Além disso, a igreja, casa de<<strong>br</strong> />

Jesus e nossa casa, espera por ti... Os que lhe batem à porta, consternados e<<strong>br</strong> />

desiludidos, são nossos familiares igualmente... Esses velhos abandonados<<strong>br</strong> />

que nos procuram tiveram também pais que os adoravam e filhos que lhes dilaceraram<<strong>br</strong> />

o coração... Esses doentes que apelam para a nossa capacidade de<<strong>br</strong> />

auxiliar conheceram, de perto, a meninice e a graça, a beleza e a juventude!...<<strong>br</strong> />

Nossas dores, meu amigo, não são únicas. E o sofrimento é a forja<<strong>br</strong> />

purificadora, onde perdemos o peso das paixões inferiores, a fim de nos<<strong>br</strong> />

alçarmos à vida mais alta... Quase sempre é na câmara escura da adversidade<<strong>br</strong> />

que percebemos os raios da Inspiração Divina, porque a saciedade terrestre<<strong>br</strong> />

costuma anestesiar-nos o espírito...<<strong>br</strong> />

O mensageiro fêz <strong>br</strong>eve silêncio, fitou-o <strong>com</strong> mais ternura, e, em seguida,<<strong>br</strong> />

acentuou:<<strong>br</strong> />

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