02.05.2014 Views

Ave Cristo - Espiritismoemdebate.com.br

Ave Cristo - Espiritismoemdebate.com.br

Ave Cristo - Espiritismoemdebate.com.br

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

andamente, lem<strong>br</strong>ava ele o velho Corvino, <strong>com</strong> maior intensidade...<<strong>br</strong> />

O luar e a atmosfera pura, a câmara pequena e a solidão <strong>com</strong>peliam-no a<<strong>br</strong> />

recuar no tempo.<<strong>br</strong> />

Sentia imensas saudades do apóstolo que lhe tomara o lugar nos <strong>br</strong>aços<<strong>br</strong> />

escuros da morte...<<strong>br</strong> />

Esposara a missão evangélica <strong>com</strong> extremado fervor.<<strong>br</strong> />

Dera à igreja os mais belos sonhos. Renunciara a todos os prazeres do<<strong>br</strong> />

homem <strong>com</strong>um, para favorecer, em si mesmo, a o<strong>br</strong>a da espiritualização.<<strong>br</strong> />

Buscara esquecer o que fôra, para transformar-se no irmão de todos. Dividira o<<strong>br</strong> />

tempo entre o enriquecimento da vida interior e o serviço constante, mas trazia<<strong>br</strong> />

o espírito sequioso de amor.<<strong>br</strong> />

Seria crime o propósito de aproximar-se do filho para consagrar-se a ele?<<strong>br</strong> />

seria reprovável o desejo de ser igualmente querido?<<strong>br</strong> />

Na condição de homem, procurara <strong>com</strong>preender a esposa e honrar-lhe, no<<strong>br</strong> />

íntimo, a escolha feita. Cíntia poderia transitar no caminho que lhe aprouvesse.<<strong>br</strong> />

Era livre e, em razão disso, a mulher não Lhe ocupava o pensamento, contudo,<<strong>br</strong> />

a lem<strong>br</strong>ança de Taciano vergastava-lhe o coração. O anseio de ajudá-lo<<strong>br</strong> />

convertera-se-Lhe nalma em idéia fixa. Realmente, vira-o agressivo e cruel.<<strong>br</strong> />

Jamais lhe olvidaria a revolta, em ouvindo o nome de Jesus nos lábios tenros<<strong>br</strong> />

de Silvano. Entretanto — pensava —, o rapaz era fruto da falsa educação na<<strong>br</strong> />

casa de Opílio. O homem que o condenara à morte física, sentenciara-Lhe o<<strong>br</strong> />

filhinho à morte moral.<<strong>br</strong> />

Seria aconselhável nada fazer pelo jovem que apenas <strong>com</strong>eçava a<<strong>br</strong> />

existência? constituiria ato culposo devotar-se um pai ao próprio filho, <strong>com</strong> a<<strong>br</strong> />

melhor intenção?<<strong>br</strong> />

Recordando, porém, a grandeza do ideal que o impelia ao amor da<<strong>br</strong> />

Humanidade, perguntava a si mesmo por que motivo queria ao rapaz assim<<strong>br</strong> />

tanto...<<strong>br</strong> />

Se a igreja povoava-se de meninos e jovens a lhe merecerem atenção e<<strong>br</strong> />

ternura, que razões subsistiriam para concentrar-se em Taciano <strong>com</strong> tamanha<<strong>br</strong> />

afetividade, quando não desconhecia os intransponíveis impedimentos que os<<strong>br</strong> />

separavam.<<strong>br</strong> />

Depois de muitos anos de resignação e heroismo, auscultando os enigmas<<strong>br</strong> />

da própria alma, Quinto Varro rendia-se, não às lágrimas serenas, filhas da<<strong>br</strong> />

sensibilidade <strong>com</strong>ovida, mas ao pranto convulso. vizinho do desespero.<<strong>br</strong> />

A <strong>br</strong>isa suave, em correntes refrigerantes, penetrava a janela aberta, <strong>com</strong>o<<strong>br</strong> />

se buscasse afagar-lhe a cabeça dolorida...<<strong>br</strong> />

Agora, todavia, alheava-se dos encantos da Natureza.<<strong>br</strong> />

Apesar da multidão dos amigos de Lião, sentia-se abandonado, sem<<strong>br</strong> />

ninguém... A presença do filho seria provavelmente a única força capaz de<<strong>br</strong> />

restituir-lhe a sensação de plenitude.<<strong>br</strong> />

De pensamento voltado para a memória de Corvino, recordava-lhe os<<strong>br</strong> />

minutos derradeiros. Falara-lhe o venerando amigo, em termos inesquecíveis,<<strong>br</strong> />

quanto à so<strong>br</strong>evivência da alma. Alentara-o <strong>com</strong> a certeza da irrealidade da<<strong>br</strong> />

morte. Consolidara-lhe a confiança e investira-o na posse de imorredoura fé.<<strong>br</strong> />

Ah! <strong>com</strong>o necessitava, naquele instante, de uma palavra que o arrebatasse<<strong>br</strong> />

ao torvelinho de angústia!<<strong>br</strong> />

Ele, que ensinara a resistência moral, sentia-se agora frágil e enfermiço.<<strong>br</strong> />

Pensou no amigo morto, <strong>com</strong>o a criança transviada suspira por reencontrar<<strong>br</strong> />

o regaço materno...<<strong>br</strong> />

71

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!