02.05.2014 Views

Ave Cristo - Espiritismoemdebate.com.br

Ave Cristo - Espiritismoemdebate.com.br

Ave Cristo - Espiritismoemdebate.com.br

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

Notas de amargurado assom<strong>br</strong>o surgiram em vários rostos.<<strong>br</strong> />

Todos os escravos, um a um, alguns enfáticos e outros humilhados,<<strong>br</strong> />

reafirmaram as frases pronunciadas inicialmente pelo senhor.<<strong>br</strong> />

O último foi Rufo.<<strong>br</strong> />

Epípodo, o capataz, conhecia-lhe a firmeza de opinião e, por isso, deixarao<<strong>br</strong> />

para o fim, temendo qualquer irregularidade tendente a estabelecer a<<strong>br</strong> />

indisciplina.<<strong>br</strong> />

De semblante austero, evidenciando aceitar plenamente as<<strong>br</strong> />

responsabilidades daquela hora, ergueu o <strong>br</strong>onzeado perfil, <strong>com</strong>o se<<strong>br</strong> />

procurasse o céu e não a estátua impassível, exclamando em voz cristalina e<<strong>br</strong> />

dominadora:<<strong>br</strong> />

— Juro respeitar os imperadores que nos governam , mas sou cristão e<<strong>br</strong> />

renego os deuses de pedra, incapazes de corrigir a crueldade e o orgulho que<<strong>br</strong> />

nos oprimem no mundo.<<strong>br</strong> />

Um burburinho percorreu a assembléia.<<strong>br</strong> />

Taciano dirigiu-se, em voz baixa, ao sacerdote mais idoso e esse,<<strong>br</strong> />

assumindo a função de juiz, clamou para o servo, em tom autoritário:<<strong>br</strong> />

— Rufo, não te esqueças de tua condição.<<strong>br</strong> />

— Sim — concordou o interpelado, valoroso —, sou escravo, e sempre<<strong>br</strong> />

servi aos meus senhores <strong>com</strong> lealdade, mas o espírito é livre... Somente a<<strong>br</strong> />

Jesus <strong>Cristo</strong> reconheço por Verdadeiro Senhor!...<<strong>br</strong> />

— Exijo que te retrates perante Cíbele, a sublime Mãe dos Deuses.<<strong>br</strong> />

— Nada fiz que não esteja aprovado pela retidão de minha consciência.<<strong>br</strong> />

— Abjura e serás perdoado.<<strong>br</strong> />

— Não posso.<<strong>br</strong> />

— Sabes quais são as consequências de tua irreflexão?<<strong>br</strong> />

— Creio falar <strong>com</strong> perfeito conhecimento de minha responsabilidade,<<strong>br</strong> />

entretanto, quaisquer que sejam os resultados de meu gesto, não devo recuar<<strong>br</strong> />

perante a minha fé.<<strong>br</strong> />

Rufo relanceou o olhar pelos circunstantes e notou que dezenas de<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>panheiros concitavam-no à resistência. Pontimiana, algo desafogada,<<strong>br</strong> />

enviava-lhe, em silêncio, muda mensagem de bom ânimo.<<strong>br</strong> />

— Abjura! abjura! — trovejava a voz do padre <strong>com</strong> aspereza.<<strong>br</strong> />

— Não posso! — repetiu Rufo, imperturbável.<<strong>br</strong> />

Depois de ligeira confabulação <strong>com</strong> o jovem patrício, o improvisado<<strong>br</strong> />

julgador convocou Epípodo ao chicote.<<strong>br</strong> />

Rufo, por ordem do algoz, despiu a túnica de gala que envergara para a<<strong>br</strong> />

festa e ajoelhou-se de mãos para trás.<<strong>br</strong> />

O trançado fino e cortante lambeu-lhe a pele nua por três vezes,<<strong>br</strong> />

provocando sangrentos vergões, mas o escravo não tremeu.<<strong>br</strong> />

— Ainda há tempo, infeliz! — <strong>br</strong>adou, confundido, o sacerdote da Magna<<strong>br</strong> />

Mater — abjura e a tua falta será relevada...<<strong>br</strong> />

— Sou cristão — reiterava Rufo, sereno.<<strong>br</strong> />

— O castigo poderá conduzir-te à morte!<<strong>br</strong> />

— O sofrimento não me intimida... — suspirou a vítima <strong>com</strong> humildade. —<<strong>br</strong> />

Jesus conheceu o martírio na cruz para salvar-nos. Morrer por fidelidade a ele<<strong>br</strong> />

é uma honra a que devo aspirar.<<strong>br</strong> />

O látego visitou-lhe o dorso <strong>com</strong> violência, a<strong>br</strong>indo-lhe feridas sangrentas,<<strong>br</strong> />

mas, percebendo o mal-estar que a cena de selvageria impunha ao recinto,<<strong>br</strong> />

Taciano re<strong>com</strong>endou fôsse o escravo recolhido ao cárcere, até resolver quanto<<strong>br</strong> />

68

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!