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Ave Cristo - Espiritismoemdebate.com.br

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Corvino, adquirira nas tarefas assistenciais que a<strong>br</strong>açara, junto dos pestosos.<<strong>br</strong> />

Sabia, de antemão, que a casa seria marcada por zona perigosa e que o<<strong>br</strong> />

esposo e ela não poderiam contar senão <strong>com</strong> servidores insipientes. Não podia<<strong>br</strong> />

esperar a contribuição de romanos prestigiosos. Os patrícios de nomeada, em<<strong>br</strong> />

maioria, estavam em vilas campestres, a longas distâncias, receosos de<<strong>br</strong> />

contágio.<<strong>br</strong> />

O presbítero ouviu, de coração opresso, desejando colocar-se junto do<<strong>br</strong> />

filho, para o que desse e viesse. Mas, atento às responsabilidades que o<<strong>br</strong> />

prendiam ao templo, prometeu visitar o enfermo, tão logo se desincumbisse<<strong>br</strong> />

das o<strong>br</strong>igações mais urgentes.<<strong>br</strong> />

Com efeito, ao entardecer, fêz-se substituído no lar dos meninos e, à<<strong>br</strong> />

noitinha, dava entrada no aposento do filho.<<strong>br</strong> />

Amparado por Alésio, o jovem agitava-se em náuseas aflitivas. O rosto<<strong>br</strong> />

descarnado denunciava-lhe o abatimento.<<strong>br</strong> />

Por mais que o mordomo apresentasse o religioso, Taciano, fe<strong>br</strong>il, não dava<<strong>br</strong> />

conta de si mesmo.<<strong>br</strong> />

O olhar esgazeado passeava pelo quarto, vagueando inexpressivo.<<strong>br</strong> />

Enquanto Corvino lhe acariciava a cabeça suarenta, o guardião informava:<<strong>br</strong> />

— Há duas horas <strong>com</strong>eçou a delirar.<<strong>br</strong> />

Realmente, findos alguns minutos de pesada expectação, o doente pousou<<strong>br</strong> />

no visitante os olhos empapuçados, alterando-se-lhes o <strong>br</strong>ilho. Indisfarçável<<strong>br</strong> />

interesse se lhe estampou na máscara fisionômica. Contemplou<<strong>br</strong> />

demoradamente o presbítero, qual se houvesse enlouquecido e, tentando<<strong>br</strong> />

afastar a delicada cobertura, <strong>br</strong>adou:<<strong>br</strong> />

— Quem trouxe a informação da morte de meu pai? onde estão os<<strong>br</strong> />

escravos que o assassinaram? Malditos! Todos serão mortos...<<strong>br</strong> />

O benfeitor dos enfermos, colhido à queima-roupa por semelhantes<<strong>br</strong> />

palavras, recorreu à prece para não trair-se.<<strong>br</strong> />

Pálido e semi-aterrado, orava em silêncio, enquanto Taciano. <strong>com</strong>o se<<strong>br</strong> />

entrevisse a realidade nos desvarios da fe<strong>br</strong>e, prosseguia gritando:<<strong>br</strong> />

— Conduzamos a galera até Cartago!... Não posso recuar... Conhecerei a<<strong>br</strong> />

verdade por mim mesmo... Faremos um inquérito. Punirei os culpados. Como<<strong>br</strong> />

puderam esquecer tamanho delito? Disse-me Opílio que há muitos crimes na<<strong>br</strong> />

som<strong>br</strong>a e que a justiça é incapaz de todos os reajustes... mas serei o vingador<<strong>br</strong> />

de meu pai... Quinto Varro sera reabilitado. Não perdoarei a ninguém... Aniquilarei<<strong>br</strong> />

todos os patifes.<<strong>br</strong> />

Preocupado talvez <strong>com</strong> a estranheza do irmão Corvino, o esposo de<<strong>br</strong> />

Pontimiana falou-lhe, reservado:<<strong>br</strong> />

— O rapaz, fora de si, lem<strong>br</strong>a-se do pai assassinado, faz muitos anos, por<<strong>br</strong> />

escravos nazarenos, na embarcação que o conduzia para a África, em missão<<strong>br</strong> />

punitiva.<<strong>br</strong> />

E provavelmente porque o interlocutor apenas se manifestasse, através de<<strong>br</strong> />

monossílabos, acrescentou:<<strong>br</strong> />

— Quinto Varro era o primeiro marido da patroa. Consta que viajava rumo<<strong>br</strong> />

a Cartago, incumbido de providenciar o castigo de vários cristãos insubmissos,<<strong>br</strong> />

quando foi apunhalado por servidores irresponsáveis e inconscientes...<<strong>br</strong> />

Arejou um dos lençóis que envolviam o paciente e prosseguiu:<<strong>br</strong> />

— Po<strong>br</strong>e menino! Embora educado por Vetúrio qual se lhe fôra filho,<<strong>br</strong> />

revelou-se, desde cedo, atormentado pela memória paterna.<<strong>br</strong> />

Em seguida, baixou o tom de voz e, abeirando-se, cuidadoso, do<<strong>br</strong> />

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