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Ave Cristo - Espiritismoemdebate.com.br

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<strong>com</strong>preenderás, porventura, o tormento da mulher sob o grilhão de<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>promissos que lhe deslustram a dignidade pessoal? sabes o que significa<<strong>br</strong> />

esperar um acontecimento desonroso, sem o <strong>br</strong>aço que nos prometeu<<strong>br</strong> />

segurança e carinho? Ah!... os mortos não conseguem penetrar o infortúnio dos<<strong>br</strong> />

vivos, porque, se assim não fôra, me levarias também... A convivência dos<<strong>br</strong> />

seres infernais deve ser mais benigna que o contacto dos homens cruéis!...<<strong>br</strong> />

O desfigurado mensageiro acariciou-lhe a cabeleira sedosa e observou:<<strong>br</strong> />

- Não blasfemes! Venho para rogar-te valor... Não desprezes a coroa da<<strong>br</strong> />

maternidade. Se aceitares a prova difícil, <strong>com</strong> submissão aos Divinos Desígnios,<<strong>br</strong> />

não nos separaremos. Juntos, em espírito, prosseguiremos em busca<<strong>br</strong> />

da alegria imortal... Suporta, <strong>com</strong> serenidade, os golpes do destino que hoje<<strong>br</strong> />

nos fere. Não menoscabes o rebento do nosso amor... Às vezes, nos <strong>br</strong>aços<<strong>br</strong> />

tenros de uma criança, encontramos a força que nos regenera e nos salva...<<strong>br</strong> />

Não recuses, pois, a determinação dos Céus! Guarda contigo a flor que<<strong>br</strong> />

desa<strong>br</strong>ocha entre nós. O perfume de suas pétalas alimentar-nos-á a<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>unhão... E um dia reunir-nos-emos, de novo, nas esferas da beleza e da<<strong>br</strong> />

luz!.<<strong>br</strong> />

A jovem tentou prolongar o entendimento daquela hora inesquecível,<<strong>br</strong> />

contudo, talvez porque expandisse a sensibilidade em desequilí<strong>br</strong>io, a figura de<<strong>br</strong> />

Emiliano <strong>com</strong>o que se fundia em névoa es<strong>br</strong>anquiçada, afastando-se...<<strong>br</strong> />

afastando-se...<<strong>br</strong> />

Chamava-o, em alta voz, mas debalde.<<strong>br</strong> />

Acordou a gesticular, no leito, <strong>br</strong>adando, desvairada:<<strong>br</strong> />

— Emiliano!... Emiliano!...<<strong>br</strong> />

Um dos <strong>br</strong>aços agitados derrubou, involuntàriamente, a taça próxima,<<strong>br</strong> />

entornando-lhe o conteúdo.<<strong>br</strong> />

Perdera-se a criminosa tisana.<<strong>br</strong> />

Helena enxugou o pranto copioso e, porque não mais pudesse conciliar o<<strong>br</strong> />

sono, levantou-se e procurou o ar fresco da madrugada num terraço vizinho.<<strong>br</strong> />

A visão do firmamento estrelado <strong>com</strong>o que lhe suavizou o tormento Íntimo<<strong>br</strong> />

e as veludosas virações que vinham do mar secaram-lhe os olhos úmidos,<<strong>br</strong> />

acalmando-lhe o coração.<<strong>br</strong> />

Mais reservada e mais abatida, esperou resignada a o<strong>br</strong>a do tempo.<<strong>br</strong> />

Anacleta, leal e amiga, obteve indiretamente, em conversações reiteradas<<strong>br</strong> />

e supostamente sem importância, <strong>com</strong> Balbina, todos os informes imprescindíveis<<strong>br</strong> />

à assistência que devia prestar-lhe e, depois de longas semanas,<<strong>br</strong> />

em que se manteve acamada, a moça patricia deu à luz uma pequenina.<<strong>br</strong> />

Assistida exclusivamente por Ãnacleta, que se desvelou pela tutelada na<<strong>br</strong> />

posição de verdadeira mãe, Helena contemplou a filhinha, <strong>com</strong> insopitáveis<<strong>br</strong> />

conflitos no coração.<<strong>br</strong> />

Não sabia se a odiava <strong>com</strong> violência ou se lhe queria <strong>com</strong> ternura.<<strong>br</strong> />

A governanta fê-la notar a coincidência de a menina haver herdado certo<<strong>br</strong> />

sinal materno — uma grande mancha negra no om<strong>br</strong>o esquerdo.<<strong>br</strong> />

Vestindo-a, carinhosamente, observou:<<strong>br</strong> />

— Isso a tornará reconhecível em qualquer ocasião.<<strong>br</strong> />

Não obstante fatigada, Helena respondeu resoluta:<<strong>br</strong> />

- Não pretendo reencontrá-la.<<strong>br</strong> />

— Entretanto — conjeturou a amiga —, o tempo corre atrás do tempo. Um<<strong>br</strong> />

dia, será talvez possível a reaproximação. Custa-me pensar que nos<<strong>br</strong> />

desvencilharemos de uma bonequinha <strong>com</strong>o esta. Não surgirá um meio...<<strong>br</strong> />

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