02.05.2014 Views

Ave Cristo - Espiritismoemdebate.com.br

Ave Cristo - Espiritismoemdebate.com.br

Ave Cristo - Espiritismoemdebate.com.br

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

Tão intensa se lhe exteriorizou a melancolia em casa que o genitor,<<strong>br</strong> />

inquieto, tratou de organizar-lhe o roteiro no mar.<<strong>br</strong> />

Apolodoro, o amigo cipriota, foi chamado para entender-se <strong>com</strong> a família.<<strong>br</strong> />

Vetúrio e Cíntia, depois de lhe entregarem respeitável quantia, confiaramlhe<<strong>br</strong> />

as meninas para o longo passeio.<<strong>br</strong> />

Embora garantidas por grandes economias particulares, as moças<<strong>br</strong> />

empreenderam a viagem sem alegria. Profunda tristeza velava-lhes os semblantes.<<strong>br</strong> />

Absortas na contemplação das águas calmas do Mediterrâneo, muitas<<strong>br</strong> />

vezes se encontraram em conversação, quanto ao futuro...<<strong>br</strong> />

Em muitas ocasiões, Helena divagava em silêncio, perguntando a si<<strong>br</strong> />

mesma: — Seria lícito crer nas palavras que ouvira? Orósio era um <strong>br</strong>uxo. O<<strong>br</strong> />

miraculoso poder de que se revestira, a fim de impressioná-la, derivava-se,<<strong>br</strong> />

certo, da influência de seres infernais, ou quem sabe? talvez que a visão de<<strong>br</strong> />

Emiliano não passasse de simples demência. Achava-se jovem, no <strong>com</strong>eço da<<strong>br</strong> />

vida. Sentia-se no direito de escolher o seu próprio caminho... Não seria mais<<strong>br</strong> />

aconselhável desfazer-se da o<strong>br</strong>igação que lhe constituía escuro fardo? <strong>com</strong><<strong>br</strong> />

que direito a alma do amante regressava do túmulo para impor-lhe tão pesado<<strong>br</strong> />

dever?<<strong>br</strong> />

Sob constantes vacilações, chegou à ilha, carinhosamente assistida por<<strong>br</strong> />

Anacleta e pelo velho tio.<<strong>br</strong> />

Salamina, a antiga capital, dantes linda e próspera, fôra destruída por uma<<strong>br</strong> />

tremenda revolução judaica, no Império de Trajano.<<strong>br</strong> />

O êxodo da população era lento, mas progressivo. Diversas aldeiotas e<<strong>br</strong> />

fazendas formavam-se nos arredores da cidade em decadência.<<strong>br</strong> />

Num desses burgos pequeninos, Apolodoro situara o ninho doméstico.<<strong>br</strong> />

Recebida <strong>com</strong> inequívocas provas de respeito e de estima, Helena,<<strong>br</strong> />

invariàvelmente amparada por Anacleta, adquiriu os serviços de encanecida<<strong>br</strong> />

escrava nubiana, Balbina, a quem prometeu libertação e retorno à pátria, logo<<strong>br</strong> />

se visse deso<strong>br</strong>igada do tratamento de saúde a que se propunha submeter. E,<<strong>br</strong> />

contra todos os protestos afetuosos do anfitrião, alugou uma vila confortável,<<strong>br</strong> />

em pleno campo, alegando a necessidade de ar puro e absoluto descanso.<<strong>br</strong> />

Os dias corriam so<strong>br</strong>e os dias.<<strong>br</strong> />

Tomada de tédio e desesperação, a moça patrícia deliberou tentar algum<<strong>br</strong> />

método de fuga.<<strong>br</strong> />

Sutilmente conseguiu arrancar de Balbina algumas informações so<strong>br</strong>e as<<strong>br</strong> />

ervas que pretendia aplicar.<<strong>br</strong> />

A serva experiente, sem perceber suas intenções, ministrou-lhe os<<strong>br</strong> />

conhecimentos de que dispunha. E a própria Helena, sem qualquer notificação<<strong>br</strong> />

à governanta, preparou a beberagem, certa noite, e recolheu-se ao leito, para<<strong>br</strong> />

sorvê-la, antes do sono.<<strong>br</strong> />

Depositou a taça num móvel, ao alcance das mãos, e buscou refletir alguns<<strong>br</strong> />

momentos. Mergulhou-se em funda abstração, e, quando se esforçou<<strong>br</strong> />

mentalmente para tomar o prateado copo e beber-lhe o conteúdo, sentiu-se<<strong>br</strong> />

envolvida por estranho torpor. Consciente embora, <strong>com</strong>o quem sonhava<<strong>br</strong> />

desperta, viu Emiliano pálido e abatido, junto dela.<<strong>br</strong> />

Colocava a destra so<strong>br</strong>e o tórax ferido, <strong>com</strong>o na visão de Orósio, e,<<strong>br</strong> />

dirigindo-lhe a palavra, falou, triste:<<strong>br</strong> />

— Helena, perdoa e <strong>com</strong>padece-te de mim!... Minha violenta separação do<<strong>br</strong> />

corpo foi prova terrível. Não me recrimines! Daria tudo para permanecer e<<strong>br</strong> />

50

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!