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trazia.<<strong>br</strong> />
Não era a primeira vez que o procurava, esclareceu, atenciosa. Em outra<<strong>br</strong> />
ocasião já lhe rogara socorro, <strong>com</strong> êxito, para certa amiga desamparada.<<strong>br</strong> />
Agora, pedia para si mesma.<<strong>br</strong> />
Achava-se doente, desesperançada, aflita. Desejava uma consulta aos<<strong>br</strong> />
poderes so<strong>br</strong>enaturais.<<strong>br</strong> />
O mago recolheu, cuidadosamente, as moedas que a moça lhe oferecia,<<strong>br</strong> />
por remuneração antecipada, e sentou-se à frente de uma trípode, so<strong>br</strong>e a qual<<strong>br</strong> />
uma concha simbólica deixava escapar balsamizantes espirais de incenso.<<strong>br</strong> />
Orósio repetiu algumas fórmulas em idioma desconhecido para elas,<<strong>br</strong> />
estendeu as mãos descarnadas para a trípode e, de mem<strong>br</strong>os inteiriçados,<<strong>br</strong> />
cerrou os olhos, exclamando:<<strong>br</strong> />
— Sim!... Vejo um homem que se levanta do abismo!... Oh! foi<<strong>br</strong> />
assassinado!... Mostra larga ferida no peito!... Pede perdão pelo mal que lhe<<strong>br</strong> />
fêz, mas declara-se ligado, há muitos anos, ao seu destino de mulher... Chora!<<strong>br</strong> />
quão amargosa é a dor que lhe explode no pranto!... Que lágrimas densas<<strong>br</strong> />
prendem essa alma ao lodo da Terra!<<strong>br</strong> />
Fala de alguém que nascerá... Estende os <strong>br</strong>aços e roga socorro para uma<<strong>br</strong> />
criança...<<strong>br</strong> />
Depois de ligeira pausa, inquiriu o velho em transe:<<strong>br</strong> />
— Oh! sim, tão jovem e será mãe? Por todas as bênçãos que descem das<<strong>br</strong> />
Divindades, ele suplica de joelhos para que a senhora lhe poupe mais uma<<strong>br</strong> />
dor... Não se desfaça do anjinho que tomará nova roupa na carne!...<<strong>br</strong> />
Nesse ponto da estranha revelação, Orósio co<strong>br</strong>iu-se de tremenda palidez.<<strong>br</strong> />
Suor abundante corria-lhe da face.<<strong>br</strong> />
Parecia escutar, atentamente, o fantasma, cuja presença Helena e<<strong>br</strong> />
Anacleta pressentiam, terrificadas.<<strong>br</strong> />
Findos alguns momentos de torturante expectação, o mago retomou a<<strong>br</strong> />
palavra e profetizou:<<strong>br</strong> />
— Senhora, não recuseis a maternidade !... Ninguém foge, impunemente,<<strong>br</strong> />
aos desígnios do Céu!... A criança ser-lhe-á proteção e consolo, reajuste e<<strong>br</strong> />
arrimo... Mas, se for consumado o seu propósito de desvencilhar-se dela...<<strong>br</strong> />
A voz de Orósio fêz-se rude e cavernosa, qual se fôsse mais diretamente<<strong>br</strong> />
influenciado pela entidade que o assistia.<<strong>br</strong> />
Ergueu-se animado de misterioso impulso e, dirigindo-se à filha de Vetúrio,<<strong>br</strong> />
afirmou:<<strong>br</strong> />
— ... então, a senhora morrerá banhada em sangue, vencida pelo poder<<strong>br</strong> />
das trevas!...<<strong>br</strong> />
Helena atirou-se aos <strong>br</strong>aços de Anacleta, soluçando agitadamente.<<strong>br</strong> />
Compreendeu que o Espírito de Emiliano interferia, ali, para acordar-lhe a<<strong>br</strong> />
consciência na responsabilidade maternal, e, sentindo-se incapaz de<<strong>br</strong> />
prosseguir em contacto <strong>com</strong> a inesperada manifestação, gritou para a<<strong>br</strong> />
<strong>com</strong>panheira:<<strong>br</strong> />
— Não posso mais! Arrasta-me! Quero viajar, esquecer...<<strong>br</strong> />
Orósio caíra novamente em torpor, deixando perceber extremo interesse<<strong>br</strong> />
no colóquio <strong>com</strong> o invisível, mas ambas as moças, apavoradas, amparando-se<<strong>br</strong> />
uma à outra, afastaram-se à pressa buscando a viatura que as esperava, a<<strong>br</strong> />
distância.<<strong>br</strong> />
Helena, em vez de encontrar remédio que a libertasse do <strong>com</strong>promisso<<strong>br</strong> />
assumido, foi colhida por maior aflição.<<strong>br</strong> />
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