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Ave Cristo - Espiritismoemdebate.com.br

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trazia.<<strong>br</strong> />

Não era a primeira vez que o procurava, esclareceu, atenciosa. Em outra<<strong>br</strong> />

ocasião já lhe rogara socorro, <strong>com</strong> êxito, para certa amiga desamparada.<<strong>br</strong> />

Agora, pedia para si mesma.<<strong>br</strong> />

Achava-se doente, desesperançada, aflita. Desejava uma consulta aos<<strong>br</strong> />

poderes so<strong>br</strong>enaturais.<<strong>br</strong> />

O mago recolheu, cuidadosamente, as moedas que a moça lhe oferecia,<<strong>br</strong> />

por remuneração antecipada, e sentou-se à frente de uma trípode, so<strong>br</strong>e a qual<<strong>br</strong> />

uma concha simbólica deixava escapar balsamizantes espirais de incenso.<<strong>br</strong> />

Orósio repetiu algumas fórmulas em idioma desconhecido para elas,<<strong>br</strong> />

estendeu as mãos descarnadas para a trípode e, de mem<strong>br</strong>os inteiriçados,<<strong>br</strong> />

cerrou os olhos, exclamando:<<strong>br</strong> />

— Sim!... Vejo um homem que se levanta do abismo!... Oh! foi<<strong>br</strong> />

assassinado!... Mostra larga ferida no peito!... Pede perdão pelo mal que lhe<<strong>br</strong> />

fêz, mas declara-se ligado, há muitos anos, ao seu destino de mulher... Chora!<<strong>br</strong> />

quão amargosa é a dor que lhe explode no pranto!... Que lágrimas densas<<strong>br</strong> />

prendem essa alma ao lodo da Terra!<<strong>br</strong> />

Fala de alguém que nascerá... Estende os <strong>br</strong>aços e roga socorro para uma<<strong>br</strong> />

criança...<<strong>br</strong> />

Depois de ligeira pausa, inquiriu o velho em transe:<<strong>br</strong> />

— Oh! sim, tão jovem e será mãe? Por todas as bênçãos que descem das<<strong>br</strong> />

Divindades, ele suplica de joelhos para que a senhora lhe poupe mais uma<<strong>br</strong> />

dor... Não se desfaça do anjinho que tomará nova roupa na carne!...<<strong>br</strong> />

Nesse ponto da estranha revelação, Orósio co<strong>br</strong>iu-se de tremenda palidez.<<strong>br</strong> />

Suor abundante corria-lhe da face.<<strong>br</strong> />

Parecia escutar, atentamente, o fantasma, cuja presença Helena e<<strong>br</strong> />

Anacleta pressentiam, terrificadas.<<strong>br</strong> />

Findos alguns momentos de torturante expectação, o mago retomou a<<strong>br</strong> />

palavra e profetizou:<<strong>br</strong> />

— Senhora, não recuseis a maternidade !... Ninguém foge, impunemente,<<strong>br</strong> />

aos desígnios do Céu!... A criança ser-lhe-á proteção e consolo, reajuste e<<strong>br</strong> />

arrimo... Mas, se for consumado o seu propósito de desvencilhar-se dela...<<strong>br</strong> />

A voz de Orósio fêz-se rude e cavernosa, qual se fôsse mais diretamente<<strong>br</strong> />

influenciado pela entidade que o assistia.<<strong>br</strong> />

Ergueu-se animado de misterioso impulso e, dirigindo-se à filha de Vetúrio,<<strong>br</strong> />

afirmou:<<strong>br</strong> />

— ... então, a senhora morrerá banhada em sangue, vencida pelo poder<<strong>br</strong> />

das trevas!...<<strong>br</strong> />

Helena atirou-se aos <strong>br</strong>aços de Anacleta, soluçando agitadamente.<<strong>br</strong> />

Compreendeu que o Espírito de Emiliano interferia, ali, para acordar-lhe a<<strong>br</strong> />

consciência na responsabilidade maternal, e, sentindo-se incapaz de<<strong>br</strong> />

prosseguir em contacto <strong>com</strong> a inesperada manifestação, gritou para a<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>panheira:<<strong>br</strong> />

— Não posso mais! Arrasta-me! Quero viajar, esquecer...<<strong>br</strong> />

Orósio caíra novamente em torpor, deixando perceber extremo interesse<<strong>br</strong> />

no colóquio <strong>com</strong> o invisível, mas ambas as moças, apavoradas, amparando-se<<strong>br</strong> />

uma à outra, afastaram-se à pressa buscando a viatura que as esperava, a<<strong>br</strong> />

distância.<<strong>br</strong> />

Helena, em vez de encontrar remédio que a libertasse do <strong>com</strong>promisso<<strong>br</strong> />

assumido, foi colhida por maior aflição.<<strong>br</strong> />

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