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Ave Cristo - Espiritismoemdebate.com.br

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sentimento, antes de tudo, e reconheço que o dinheiro não traz a ventura do<<strong>br</strong> />

amor; entretanto, nossa tranquilidade seria perfeita, se pudéssemos conservar<<strong>br</strong> />

nossas possibilidades financeiras e territoriais tão sólidas amanhã, quanto hoje.<<strong>br</strong> />

Não posso esperar que o nosso Galba nos <strong>com</strong>preenda as preocupações, à<<strong>br</strong> />

frente do porvir. Perdulário e indisciplinado, tudo nos diz que será para nós um<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>panheiro difícil de carregar...<<strong>br</strong> />

As considerações de Vetúrio eram ditas num tim<strong>br</strong>e tão particularmente<<strong>br</strong> />

enternecedor, que o moço sentiu incoercível emotividade a constringir-lhe o<<strong>br</strong> />

peito. Apertou as mãos do padrasto, <strong>com</strong> ternura, e respondeu:<<strong>br</strong> />

— Meu pai, disponha de mim, <strong>com</strong>o desejar. Seguirei para Lião, quando for<<strong>br</strong> />

de seu agrado e, quanto ao futuro, os deuses decidirão.<<strong>br</strong> />

A palestra prosseguiu carinhosa e íntima, evidenciando a segurança<<strong>br</strong> />

espiritual do filho de Quinto Varro. Mas, em gracioso caramanchão do pátio<<strong>br</strong> />

florido, a posição da filha de Heliodora revelava-se diferente.<<strong>br</strong> />

A<strong>br</strong>açada à governanta, Helena chorava sob forte irritação, clamando em<<strong>br</strong> />

desespero:<<strong>br</strong> />

— Anacleta, haverá infortúnio maior que o meu? o desastre aniquila-me a<<strong>br</strong> />

vida. Emiliano prometera falar a meu pai, tão logo voltasse da Bitinia... E<<strong>br</strong> />

agora? que será feito de mim? Estávamos <strong>com</strong>prometidos, faz mais de três<<strong>br</strong> />

meses... Sabes que a nossa união secreta devia ser consagrada pelo<<strong>br</strong> />

matrimônio... Ó deuses imortais, <strong>com</strong>padecei-vos de meu amargo destino!...<<strong>br</strong> />

A moça cipriota afagava-lhe os lindos cabelos, que dourada rede enfeitava,<<strong>br</strong> />

e dizia, maternal:<<strong>br</strong> />

— Acalma-te! o valor é qualidade para as grandes horas. Nem tudo está<<strong>br</strong> />

perdido. Já nos entendemos <strong>com</strong> tua mãe, acerca das tuas necessidades de<<strong>br</strong> />

medicação e repouso... Tio Apolodoro está de viagem para a ilha.<<strong>br</strong> />

Conseguiremos a permissão de teu pai e seguiremos <strong>com</strong> ele. Lá, tudo será<<strong>br</strong> />

fácil. Esperaremos <strong>com</strong> relativo descanso aquilo que os deuses nos reservam.<<strong>br</strong> />

Tenho bons amigos em minha terra. Escravas fiéis auxiliar-nos-ão em<<strong>br</strong> />

segredo... Não temas.<<strong>br</strong> />

A jovem, contudo, voluntariosa e rebelde, objetava, inquieta:<<strong>br</strong> />

— Como suportar a expectativa de tantos meses? Concordo <strong>com</strong> a viagem<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>o expediente de último recurso... Emiliano não podia morrer...<<strong>br</strong> />

— Que sugeres então? — indagou Anacleta, aflita.<<strong>br</strong> />

— Procuremos Orósio... Ele deve conhecer algum remédio que me<<strong>br</strong> />

liberte...<<strong>br</strong> />

— O feiticeiro?<<strong>br</strong> />

— Sim, ele mesmo. Não posso entregar-me àmaternidade, <strong>com</strong> escândalo<<strong>br</strong> />

público. Meu pai nunca me perdoaria...<<strong>br</strong> />

A governanta, que lhe conhecia a luta Interior, tentou apaziguar-lhe a alma<<strong>br</strong> />

opressa.<<strong>br</strong> />

A menina, porém, a recriminar-se, em pranto, só muito tarde se recolheu<<strong>br</strong> />

aos aposentos particulares, não conseguindo a bênção do sono.<<strong>br</strong> />

Noite inteira, suspirou e chorou, atribulada.<<strong>br</strong> />

Embora relutando, Anacleta conduziu-a, pela manhã, à residência de<<strong>br</strong> />

Orósio, um velho de vil aparência que se escondia em miserável case<strong>br</strong>e do<<strong>br</strong> />

Vela<strong>br</strong>o.<<strong>br</strong> />

Encarquilhado, entre pilhas de raízes e vasos diversos, transbordantes de<<strong>br</strong> />

tisanas de odor desagradável, recebeu as visitantes, procurando sorrir.<<strong>br</strong> />

Helena, que se ocultava <strong>com</strong> nome suposto, tentou explicar a razão que as<<strong>br</strong> />

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