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Ave Cristo - Espiritismoemdebate.com.br

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era o orientador invisível de todas as vitórias imperiais, e, conquanto ainda<<strong>br</strong> />

jovem, guardava idéias próprias nesse sentido, afirmando sempre que os<<strong>br</strong> />

romanos deviam oferecer-lhe sacrifícios em caráter o<strong>br</strong>igatório, ou morrer.<<strong>br</strong> />

Por isso mesmo, não obstante os dotes de espírito que lhe exornavam a<<strong>br</strong> />

personalidade, não conseguia afinar-se <strong>com</strong> os princípios do Cristianismo.<<strong>br</strong> />

O Evangelho, examinado por ele, de escantilhão, em conversa <strong>com</strong><<strong>br</strong> />

Vetúrio ou <strong>com</strong> rapazes de sua idade, parecia-lhe um amontoado de ensinamentos<<strong>br</strong> />

in<strong>com</strong>preensíveis, destinados a som<strong>br</strong>ear o mundo, caso vencessem<<strong>br</strong> />

na esfera da filosofia e da religião.<<strong>br</strong> />

Perguntava a si mesmo por que motivo tantos homens e tantas mulheres<<strong>br</strong> />

caminhavam para o martírio, <strong>com</strong>o se a vida não fôsse uma dádiva dos<<strong>br</strong> />

deuses, digna de espalhar a ventura entre os mortais, e confrontava Apolo, o<<strong>br</strong> />

inspirador da fecundidade e da beleza, <strong>com</strong> Jesus <strong>Cristo</strong>, o crucificado,<<strong>br</strong> />

admitindo no movimento cristão simples loucura coletiva que o poder<<strong>br</strong> />

governamental devia coibir.<<strong>br</strong> />

Poderia um patrício pensava ele — amar um escravo <strong>com</strong>o se fôsse a si<<strong>br</strong> />

mesmo? Seria justo perdoar aos inimigos, <strong>com</strong> pleno olvido da ofensa? Seria<<strong>br</strong> />

aconselhável dar sem retribuição? Como conciliar a fraternidade geral <strong>com</strong> a<<strong>br</strong> />

defesa da elite? Um magistrado romano poderia om<strong>br</strong>ear <strong>com</strong> um africano<<strong>br</strong> />

analfabeto e categorizá-lo à conta de irmão? Por que processos rogar o favor<<strong>br</strong> />

celeste para os adversários? Como aceitar um programa de bondade para <strong>com</strong><<strong>br</strong> />

todos, quando os maus se multiplicavam, em toda a parte, exigindo as<<strong>br</strong> />

repressões da justiça? A própria natureza não constituía, por si, um campo de<<strong>br</strong> />

batalha perene, em que as ovelhas eram ovelhas e os lobos não passavam de<<strong>br</strong> />

lobos? De que modo aguardar vitórias sociais e políticas, sob a orientação de<<strong>br</strong> />

um salvador que expirara na cruz? Os destinos da pátria estavam presididos<<strong>br</strong> />

por gÊnios tutelares, que lhe conferiam a púrpura do poder. Porque desprezálos<<strong>br</strong> />

em troca dos loucos que morriam, miseràvelmente, nas prisões e nos<<strong>br</strong> />

circos?<<strong>br</strong> />

Em muitas ocasiões, enquanto Cíntia admirava a conversação <strong>br</strong>ilhante do<<strong>br</strong> />

filho, Vetúlio ponderava a diferença que separava os dois rapazes, criados sob<<strong>br</strong> />

os mesmos princípios e tão distanciados moralmente um do outro, lastimando a<<strong>br</strong> />

condição de inferioridade em que se colocava Galba, o filho de sua esperança.<<strong>br</strong> />

Num dia quente, ao crepúscUlO, vamos encontrar nOSSOS conhecidOs<<strong>br</strong> />

num amplo terraço, em cordial aproximação.<<strong>br</strong> />

Cíntia, silencioSa, tecia delicado trabalho de lã, não longe de Helena, que<<strong>br</strong> />

se fazia a<strong>com</strong>panhada de Anacleta, a governanta que Opílio lhe escolhera,<<strong>br</strong> />

entre antigos laços de parentela da primeira esposa.<<strong>br</strong> />

Pouco mais velha que a filha de HeliodOra, Anacleta nascera em Cipro<<strong>br</strong> />

(Chipre) e, desde cedo, fôra cambiada para Roma, aos cuidados de Vetúrio, a<<strong>br</strong> />

pedido da genitora, antes de falecer. Órfã, a menina crescera sob a proteçãO<<strong>br</strong> />

de Cíntia, fazendo <strong>com</strong>panhia à enteada, que lhe devotava profunda afeição.<<strong>br</strong> />

Transigente e bondosa, sabia acobertar todas as faltas de Helena,<<strong>br</strong> />

constituindo para ela não somente uma servidora leal, mas também um refúgio<<strong>br</strong> />

afetivo, em todas as circunstâncias.<<strong>br</strong> />

Enquanto as duas moças conversavam, algo apreensivaS, perto de Cíntia,<<strong>br</strong> />

que parecia exclusivamente interessada no trabalho do fio, em outro ângulo,<<strong>br</strong> />

Vetúrio e os rapazes entendiam-se animadamente.<<strong>br</strong> />

A palestra versava so<strong>br</strong>e os problemas sociais, <strong>com</strong> visível entusiasmo de<<strong>br</strong> />

Taciano e indisfarçável retraimento de Galba.<<strong>br</strong> />

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