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Ave Cristo - Espiritismoemdebate.com.br

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211<<strong>br</strong> />

— Às feras! Às feras!...<<strong>br</strong> />

Contudo, intimamente renovado, Taciano sorria...<<strong>br</strong> />

Após ligeira busca, Érato encontrou o poste em que Celso fôra ligado para<<strong>br</strong> />

o sacrifício e cumpriu o que prometera, reaproximando pai e filho para o<<strong>br</strong> />

instante supremo.<<strong>br</strong> />

— Meu filho! meu filho!... — soluçava Taciano, feliz, tateando o corpo de<<strong>br</strong> />

Celso, cujas mãos de carne não mais poderiam acariciá-lo — eu senti o poder<<strong>br</strong> />

do <strong>Cristo</strong> em mim!... agora, eu também sou cristão!...<<strong>br</strong> />

Exultando de satisfação íntima, por haver atingido a realização do maior e<<strong>br</strong> />

do mais belo sonho de sua vida, Celso <strong>br</strong>adou:<<strong>br</strong> />

— Louvores sejam entoados a Deus, meu pai! Viva Jesus!...<<strong>br</strong> />

Nesse mesmo instante, soldados é<strong>br</strong>ios atearam fogo aos lenhos, que se<<strong>br</strong> />

inflamaram facilmente.<<strong>br</strong> />

Gemidos, apelos discretos, rogativas de socorro e orações abafadas,<<strong>br</strong> />

partidas de vários pontos, fizeram-se ouvir por entre labaredas crescentes que,<<strong>br</strong> />

ao crepitar da madeira, se desdo<strong>br</strong>avam no ar, semelhantes a serpentes<<strong>br</strong> />

inquietas, proclamando a vitória da iniquidade, enquanto leões, panteras e<<strong>br</strong> />

touros <strong>br</strong>avios penetravam a espaçosa arena, incentivando o furor da turba<<strong>br</strong> />

sedenta de sensação e de sangue.<<strong>br</strong> />

Ajoelhando-se diante de Quinto Celso que o contemplava,<<strong>br</strong> />

embevecidamente, o cego <strong>com</strong>preendeu que o fim havia chegado e rogou:<<strong>br</strong> />

— Meu filho, ensina-me a orar!...<<strong>br</strong> />

As chamas, porém, ganhavam o corpo do rapaz, a contorcer-se.<<strong>br</strong> />

Celso, contudo, reprimindo o próprio sofrimento, falou, calmo, banhado em<<strong>br</strong> />

paz:<<strong>br</strong> />

— Meu pai, façamos a prece de Jesus, que Blandina pronunciava!... Pai<<strong>br</strong> />

nosso que estás nos Céus... oremos em voz alta...<<strong>br</strong> />

As feras esfaimadas abocanhavam corpos e estracinhavam vísceras<<strong>br</strong> />

humanas, aqui e ali, mas, <strong>com</strong>o se vivesse agora tão somente para a fé que o<<strong>br</strong> />

iluminava à última hora, Taciano, genuflexo, repetia a <strong>com</strong>ovedora oração:<<strong>br</strong> />

— Pai nosso, que estás nos Céus, santificado seja o teu nome... Venha a<<strong>br</strong> />

nós o teu Reino, seja feita a tua vontade, assim na Terra <strong>com</strong>o no Céu; o pão<<strong>br</strong> />

nosso de cada dia dá-nos hoje, perdoa as nossas dívidas, assim <strong>com</strong>o<<strong>br</strong> />

perdoamos aos nossos devedores... não nos deixes cair em tentação e livranos<<strong>br</strong> />

do mal, porque teu é o Reino, o Poder e a Glória para sempre!... Assim<<strong>br</strong> />

seja!...<<strong>br</strong> />

O romano convertido não mais ouviu a palavra do filho.<<strong>br</strong> />

A cabeça de Celso tombara para a frente, desgovernada...<<strong>br</strong> />

Taciano ia erguer a voz, quando patas irresistíveis rojaram-no ao sai<strong>br</strong>o<<strong>br</strong> />

argenteado da arena.<<strong>br</strong> />

Turvou-se-lhe o cére<strong>br</strong>o, mas, em seguida ao choque rápido, qual se o<<strong>br</strong> />

<strong>Cristo</strong> lhe enviasse milagrosa claridade às pupilas mortas, recuperou a visão e<<strong>br</strong> />

identificou-se ao lado do seu próprio corpo, que jazia imóvel numa poça de<<strong>br</strong> />

areia sanguinolenta.<<strong>br</strong> />

Procurou Quinto Celso, mas, oh! divina felicidade!... Viu que do poste de<<strong>br</strong> />

martírio emergia. não o filho adotivo, mas seu próprio pai, Quinto Varro, que lhe<<strong>br</strong> />

estendia os <strong>br</strong>aços, murmurando:<<strong>br</strong> />

— Taciano, meu filho, agora poderemos trabalhar, em louvor de Jesus,<<strong>br</strong> />

para sempre!...<<strong>br</strong> />

Deslum<strong>br</strong>ado, reparou que as almas dos heróis abandonavam os despojos,

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