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Ave Cristo - Espiritismoemdebate.com.br

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na exibição <strong>com</strong> movimentos livres e, dentre eles, Quinto Celso, pelo seu<<strong>br</strong> />

aspecto enfermiço, foi violentamente arrancado às mãos paternas.<<strong>br</strong> />

De olhos confiantes, o moço pediu a Érato guiasse Taciano até ao poste<<strong>br</strong> />

onde ele se encontrasse, e, enquanto dois rios de lágrimas deslizavam pelas<<strong>br</strong> />

faces do filho de Varro, a este re<strong>com</strong>endou o jovem, intrépido:<<strong>br</strong> />

— Coragem, meu pai! Estaremos juntos... A morte não existe e Jesus reina<<strong>br</strong> />

para sempre!...<<strong>br</strong> />

Depois de pesados minutos de expectação, os presos foram tangidos no<<strong>br</strong> />

rumo da arena festiva, mas, <strong>com</strong>o se estranho poder celeste lhes vi<strong>br</strong>asse nas<<strong>br</strong> />

cordas da alma, louvavam o Senhor que os esperava no Céu.<<strong>br</strong> />

Homens de rosto hirsuto e velhos cambaleantes, aleijados e mendigos,<<strong>br</strong> />

anciãs aureoladas de neve e mulheres em quem a maternidade se revelava<<strong>br</strong> />

exuberante, jovens e crianças de semblante risonho cantavam, felizes,<<strong>br</strong> />

firmemente esperançados no sermão das bem-aventuranças.<<strong>br</strong> />

Apoiado nos om<strong>br</strong>os frágeis de Érato, Taciano registrava em si mesmo<<strong>br</strong> />

inesperada e sublime renovação.<<strong>br</strong> />

Aquelas almas dilaceradas pela injustiça do mundo realmente não<<strong>br</strong> />

adoravam deuses de pedra.<<strong>br</strong> />

Para inspirar semelhante ePopéia de amor e renúncia, esperança e<<strong>br</strong> />

felicidade, à frente da morte, Jesus deveria ser o Enviado Celeste, a reinar<<strong>br</strong> />

soberanamente nos corações.<<strong>br</strong> />

Mergulhara-se-lhe a alma em misteriosa alegria...<<strong>br</strong> />

Sim, finalmente reconheceu, naqueles instantes supremos, que,<<strong>br</strong> />

semelhante a prolongado e tremendo temporal, o tempo passara por ele,<<strong>br</strong> />

destruindo os ídolos mentirosos do orgulho e da vaidade, da ignorância e da<<strong>br</strong> />

ilusão...<<strong>br</strong> />

A ventania do sofrimento deixara-lhe as mãos vazias.<<strong>br</strong> />

Tudo perdera...<<strong>br</strong> />

Estava só.<<strong>br</strong> />

Mas, naqueles momentos <strong>br</strong>eves, encontrara a única realidade digna de<<strong>br</strong> />

ser vivida — <strong>Cristo</strong>, <strong>com</strong>o o ideal de humanidade superior que lhe cabia ir ao<<strong>br</strong> />

encontro e alcançar...<<strong>br</strong> />

Lem<strong>br</strong>ou-se de Blandina, de Basílio e de Lívia, guardando a impressão de<<strong>br</strong> />

que os três se achavam, ali, estendendo-lhe os <strong>br</strong>aços em sorrisos de luz.<<strong>br</strong> />

Recordou Quinto Varro, <strong>com</strong> indizível carinho.<<strong>br</strong> />

Reencontraria o genitor, além da morte?<<strong>br</strong> />

Nunca experimentara tamanha saudade de seu pai <strong>com</strong>o naquele minuto<<strong>br</strong> />

rápido... Daria tudo para revê-lo e para afirmar-lhe à ternura que, por aqueles<<strong>br</strong> />

instantes da morte, a vida, efetivamente, não lhe fôra vã!...<<strong>br</strong> />

Chorava, sim! no entanto, pela primeira vez, chorava de <strong>com</strong>preensão e<<strong>br</strong> />

reconhecimento, emotividade e alegria...<<strong>br</strong> />

Recordou quantos lhe haviam ferido o coração, no curso da existência, e,<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>o se estivesse a reconciliar-se consigo próprio, a todos enviou pensamentos<<strong>br</strong> />

de jubilosa paz...<<strong>br</strong> />

Os estreitos passos daquela redentora caminhada de alguns metros<<strong>br</strong> />

haviam, porém, terminado...<<strong>br</strong> />

Amparando-se em Marcelino, escutou os gritos selvagens dos<<strong>br</strong> />

espectadores, que se apinhavam nas bancadas do pódio e dos menianos, nas<<strong>br</strong> />

galerias, nos patamares, nos vomitórios e nas escadas.<<strong>br</strong> />

Milhares e milhares de vozes reclamavam, em coro, animalescas:

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