02.05.2014 Views

Ave Cristo - Espiritismoemdebate.com.br

Ave Cristo - Espiritismoemdebate.com.br

Ave Cristo - Espiritismoemdebate.com.br

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

208<<strong>br</strong> />

ânimo e guiava o pai <strong>com</strong> a ternura de sempre. Contagiado pela sublime<<strong>br</strong> />

esperança que transparecia do rosto de todos os <strong>com</strong>panheiros, revelou ao<<strong>br</strong> />

cego a irradiante e geral alegria.<<strong>br</strong> />

Ninguém ignorava o destino próximo.<<strong>br</strong> />

Sabiam que, à semelhança de um rebanho encaminhado ao abate, não<<strong>br</strong> />

lhes cabia aguardar senão o extremo sacrifício no matadouro. Mas, revelando a<<strong>br</strong> />

certeza numa vida mais alta, os cristãos avançavam, de cabeça erguida e<<strong>br</strong> />

serena, <strong>com</strong> a humildade e o perdão a se lhes estamparem no semblante,<<strong>br</strong> />

parecendo estranhos às frases escarnecedoras dos soldados, verdadeiros<<strong>br</strong> />

magarefes empedernidos no ofício da morte.<<strong>br</strong> />

Depois da marcha forçada, avizinharam-se do anfiteatro, onde imundo<<strong>br</strong> />

recinto os aguardava para o espetáculo noturno.<<strong>br</strong> />

Celso, deslum<strong>br</strong>ado, contemplou o Anfiteatro Flaviano, que se erguia<<strong>br</strong> />

imponente, depois da valiosa restauração mandada efetuar por Alexandre<<strong>br</strong> />

Severo.<<strong>br</strong> />

A fachada, dividida em quatro pisos, ornava-se nos três primeiros <strong>com</strong><<strong>br</strong> />

meias colunas dóricas, jônicas e coríntias, entre as quais se a<strong>br</strong>iam arcadas,<<strong>br</strong> />

que nos dois andares médios alojavam primorosas estátuas. Tudo emprestava<<strong>br</strong> />

austera grandeza àquele monumento arquitetônico.<<strong>br</strong> />

Carros suntuosos, liteiras, quadrigas e bigas rodeavam o edifício.<<strong>br</strong> />

Quem observasse, desprevenidamente, semelhante colosso que poderia<<strong>br</strong> />

imortalizar a glória de uma raça, não suspeitaria de que, ali, um grande povo<<strong>br</strong> />

não sabia senão cultivar a ociosidade e a orgia, a <strong>br</strong>utalidade e a morte.<<strong>br</strong> />

Um tribuno de fisionomia execrável leu algumas ordens aos sentenciados<<strong>br</strong> />

do dia, enquanto pretorianos de coração enrijecido ameaçavam os velhinhos<<strong>br</strong> />

cujo passo se fazia mais lento na direção do cárcere.<<strong>br</strong> />

Os seguidores do Evangelho, contudo, pareciam extremamente distantes<<strong>br</strong> />

do quadro que inspirava revolta e sofrimento.<<strong>br</strong> />

Homens esfarrapados a<strong>br</strong>açavam-se felizes e mulheres de feições<<strong>br</strong> />

macilentas osculavam os filhos <strong>com</strong> o entusiasmo de quem se aprestava para<<strong>br</strong> />

o encontro <strong>com</strong> a felicidade perfeita.<<strong>br</strong> />

Não haviam podido cantar no trajeto entre a masmorra e o anfiteatro, mas<<strong>br</strong> />

assim que se viram unidos numa cela enorme, da qual deviam marchar para a<<strong>br</strong> />

morte, entoaram hosanas ao <strong>Cristo</strong>, <strong>com</strong> o júbilo de criaturas eleitas para o<<strong>br</strong> />

esplendor de triunfo supremo, em que iriam receber a coroa da imortalidade.<<strong>br</strong> />

De outras prisões, chegaram novos contingentes. E dentre os recémchegados,<<strong>br</strong> />

Celso, feliz, desco<strong>br</strong>iu Érato Marcelino.<<strong>br</strong> />

O amigo de Ênio fôra detido, na noite da véspera, quando ouvia o<<strong>br</strong> />

Evangelho, no cemitério de Calisto.<<strong>br</strong> />

O reencontro constituía uma bênção.<<strong>br</strong> />

Até mesmo Taciano, que se mantinha circunspecto e angustiado,<<strong>br</strong> />

experimentou súbito reconforto.<<strong>br</strong> />

O ancião da Via Ostiense narrava, <strong>com</strong> a ventura a sorrir-lhe nos olhos,<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>o fôra recolhido à masmorra, e reafirmava o seu reconhecimento ao Céu<<strong>br</strong> />

pela graça de lhe ser permitido receber a vitória espiritual através do martírio.<<strong>br</strong> />

Ante a curiosidade alegre de todos os que o rodeavam, exibiu pequeno<<strong>br</strong> />

fragmento de um rolo ensebado e leu as belas palavras da primeira missiva do<<strong>br</strong> />

apóstolo Paulo aos tessalonicenses:<<strong>br</strong> />

— «Regozijai-vos sempre»!<<strong>br</strong> />

Bem humorado, informou, contente:

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!