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Ave Cristo - Espiritismoemdebate.com.br

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200<<strong>br</strong> />

Decerto, o amigo dar-lhe-ia pousada condigna e providenciaria adequada<<strong>br</strong> />

condução que os levasse confortàvelmente a Lucila...<<strong>br</strong> />

Enquanto meditava, conversando consigo mesmo, Celso, norteado pelos<<strong>br</strong> />

esclarecimentos de vários transeuntes, bateu à entrada de graciosa vila, encravada<<strong>br</strong> />

no centro de tranquilo pomar.<<strong>br</strong> />

Um escravo bem posto veio atender.<<strong>br</strong> />

Esperançado, Taciano tomou a palavra e perguntou pelo amo, enunciando<<strong>br</strong> />

a sua posição de <strong>com</strong>panheiro do pretérito que não o a<strong>br</strong>açava havia longos<<strong>br</strong> />

anos.<<strong>br</strong> />

Dai a momentos, um patrício de rosto menos simpático, tipo acabado da<<strong>br</strong> />

decadência, apareceu, coxeante e desleixado.<<strong>br</strong> />

Mirou os visitantes, detidamente, e, depois de estampar fria expressão de<<strong>br</strong> />

desprezo que gelou Quinto Celso, indagou, irritadiço:<<strong>br</strong> />

— Que desejam?<<strong>br</strong> />

— Oh! é a mesma voz!... — gritou o filho<<strong>br</strong> />

de Varro, estendendo instintivamente os <strong>br</strong>aços. —Fúlvio, meu amigo,<<strong>br</strong> />

reconheces-me? Sou Taciano, o velho aliado das <strong>com</strong>petições...<<strong>br</strong> />

O romano recuou aborrecido e <strong>br</strong>adou:<<strong>br</strong> />

— Que insolência! Por Júpiter, nunca te vi!... não <strong>com</strong>ungo <strong>com</strong> a peste...<<strong>br</strong> />

Iludido pela própria confiança, o recém-chegado, retomando o apoio nos<<strong>br</strong> />

om<strong>br</strong>os do filho, explicou-se um tanto desapontado:<<strong>br</strong> />

— Não te recordas de nossos exercícios em casa de Vetúrio, meu padrasto<<strong>br</strong> />

e meu sogro? Tenho ainda a impressão de ver-te manejando o gládio reluzente<<strong>br</strong> />

ou então <strong>com</strong>andando a biga ligeira, que voava ao galope de teus belos<<strong>br</strong> />

cavalos <strong>br</strong>ancos...<<strong>br</strong> />

— Não passas de reles impostor! — tornou Espêndio encolerizado. —<<strong>br</strong> />

Taciano é um homem da minha condição. Vive honradamente nas Gálias. É<<strong>br</strong> />

um patrício. Jamais me apareceria em tua execrável miséria. Gaulês imbecil!<<strong>br</strong> />

Com certeza, abusaste do meu antigo <strong>com</strong>panheiro para extorquir-lhe<<strong>br</strong> />

informações <strong>com</strong> que invadir-me a residência e assaltar-me!... Biltre!<<strong>br</strong> />

Vagabundo! Deves ser algum nazareno extraviado, conduzindo até aqui este<<strong>br</strong> />

jovem ladrão!... Rua! Rua!... Ponham-se daqui para fora!... para fora!...<<strong>br</strong> />

Fúlvio, possesso, indicava-lhes a praça pública, enquanto o amigo<<strong>br</strong> />

arruinado enxugava o pranto copioso que lhe fluía dos olhos mortos.<<strong>br</strong> />

Quando o portão metálico foi cerrado pelo dono da casa <strong>com</strong> grande<<strong>br</strong> />

violência, o desencantado viajante voltou so<strong>br</strong>e os mesmos passos em que se<<strong>br</strong> />

havia dirigido até ali...<<strong>br</strong> />

O moço, adivinhando-lhe a dor, a<strong>br</strong>açou-o, <strong>com</strong> mais ternura, <strong>com</strong>o a<<strong>br</strong> />

reafirmar-lhe que ele, Taciano, não se achava só.<<strong>br</strong> />

Agradecido, o infortunado pai de Blandina, esboçando a resignação e a<<strong>br</strong> />

humildade no rosto, observou:<<strong>br</strong> />

— Em verdade, meu filho, não tenho agora outro amigo senão tu mesmo, O<<strong>br</strong> />

ouro e a posição costumam mostrar a amizade, onde a amizade não existe. É<<strong>br</strong> />

impossível que Fúlvio não me reconhecesse... Sou hoje, porém, uma som<strong>br</strong>a<<strong>br</strong> />

no campo social. Perdi tudo... o dinheiro, a mocidade, a saúde e o renome<<strong>br</strong> />

familiar... Sem tais predicados, receio que a própria filha me desconheça...<<strong>br</strong> />

Ante a dolorida inflexão daquela voz, o rapaz tentou enveredar-se pela<<strong>br</strong> />

estrada do otimismo e da esperança.<<strong>br</strong> />

Que o pai não se inquietasse. Ele, Celso, estava moço e forte. Trabalharia<<strong>br</strong> />

por ambos. Nada lhes faltaria. Quanto à hospedagem por algum tempo, trazia

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