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Ave Cristo - Espiritismoemdebate.com.br

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193<<strong>br</strong> />

pão nosso de cada dia dai-nos hoje, perdoai as nossas dívidas assim <strong>com</strong>o<<strong>br</strong> />

perdoamos aos nossos devedores, não nos deixeis cair em tentação e livrainos<<strong>br</strong> />

de todo mal, porque vosso é o reino, o poder e a glória para sempre. Assim<<strong>br</strong> />

seja.<<strong>br</strong> />

O viúvo de Helena ouviu a rogativa, mudo e emocionado, <strong>com</strong>ovendo-se<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong> a doce confiança dos filhos que a repetiam, palavra por palavra.<<strong>br</strong> />

Era o seu primeiro contacto <strong>com</strong> alguma lem<strong>br</strong>ança do <strong>Cristo</strong> que nunca<<strong>br</strong> />

pudera <strong>com</strong>preender.<<strong>br</strong> />

Diante daquele quadro constituído por um velhinho que nada mais<<strong>br</strong> />

esperava do mundo senão a paz do túmulo, e por duas crianças que se<<strong>br</strong> />

achavam investidas do direito de tudo aguardarem da Terra, identificados na<<strong>br</strong> />

mesma vi<strong>br</strong>ação de alegria e de fé, não pôde impedir que o pranto lhe<<strong>br</strong> />

umedecesse os olhos.<<strong>br</strong> />

Ouviu, <strong>com</strong> respeito inexcedível, todos os apontamentos do hóspede e,<<strong>br</strong> />

quando Ênio se despediu, atencioso, rogou-lhe não lhe esquecesse os filhos.<<strong>br</strong> />

Blandina e Celso eram cristãos fervorosos e ele, na posição de pai, não lhes<<strong>br</strong> />

contrariaria os sentimentos.<<strong>br</strong> />

A enferma fitou-o, jubilosa.<<strong>br</strong> />

Inexprimível serenidade envolveu a casa naquela noite inesquecível. Como<<strong>br</strong> />

se houvera sorvido delicioso calmante, a menina adormeceu tranqüilamente.<<strong>br</strong> />

Taciano, por sua vez, entregou-se ao sono pesado e sem sonhos...<<strong>br</strong> />

Ao amanhecer do dia seguinte, contudo, acordou <strong>com</strong> indefinível tristeza a<<strong>br</strong> />

turbar-lhe o íntimo.<<strong>br</strong> />

Recordou que a filha na véspera assumira <strong>com</strong>promisso moral <strong>com</strong> a nova<<strong>br</strong> />

fé e, por isso, sozinho procurou a imagem de Cíbele, existente num oratório<<strong>br</strong> />

particular, anexo ao quarto de Blandina.<<strong>br</strong> />

Pela primeira vez, depois de muitos anos, repetiu a sós, consigo mesmo, a<<strong>br</strong> />

sua rogativa habitual à Grande Mãe.<<strong>br</strong> />

Nunca se vira imerso em tamanho frio espiritual. Jamais se sentira tão<<strong>br</strong> />

angustiosamente só. Guardava a impressão de que ele era o único oficiante<<strong>br</strong> />

vivo num templo de deuses mortos...<<strong>br</strong> />

Ainda assim, não renunciaria à fé pura da infância.<<strong>br</strong> />

Amaria Cíbele, cultuaria Baco e esperaria por Júpiter, o grande senhor.<<strong>br</strong> />

Não podia modificar-se.<<strong>br</strong> />

Orou em lágrimas e, depois de a<strong>br</strong>açar os filhos, dirigiu-se para o circo,<<strong>br</strong> />

onde prepararia o carro de sua propriedade para as corridas da tarde.<<strong>br</strong> />

Mais tarde, voltou ao lar para leve refeição e, não obstante registrar os<<strong>br</strong> />

padecimentos de Blandina singularmente agravados, tornou à cidade para o<<strong>br</strong> />

grande prélio.<<strong>br</strong> />

No limiar do crepúsculo, o local regurgitava de gente.<<strong>br</strong> />

Liteiras enfileiradas davam notícia da expressão aristocrática da festa.<<strong>br</strong> />

Bigas e quadrigas desfilavam, à pressa, aqui e ali... Músicos disfarçados em<<strong>br</strong> />

faunos tangiam cítaras e trompas, alaúdes e pandeiros, animando a turba que<<strong>br</strong> />

não se fatigava na reprodução de urros selvagens. Cortesãs admiravelmente<<strong>br</strong> />

trajadas e bacantes recendendo aromas perturbadores, matronas e virgens de<<strong>br</strong> />

Roma e das Gálias, exaltadas e semi-nuas, gritavam os nomes dos favoritos.<<strong>br</strong> />

Taciano contava <strong>com</strong> a simpatia geral.<<strong>br</strong> />

Tão logo formou na linha inicial da <strong>com</strong>petição, viu-se aclamado por<<strong>br</strong> />

centenas de vozes, que partiam, não somente do povo, mas também das<<strong>br</strong> />

galerias de honra onde se a<strong>com</strong>odava o Propretor <strong>com</strong> o seu vasto séquito

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