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Ave Cristo - Espiritismoemdebate.com.br

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192<<strong>br</strong> />

Adquirira dois cavalos vigorosos, procedentes de Capadócia, que pareciam<<strong>br</strong> />

possuir invisíveis asas nas patas.<<strong>br</strong> />

Aguardava, por isso, um triunfo espetacular.<<strong>br</strong> />

Estava convicto de que a filhinha, muito em <strong>br</strong>eve, se mostraria orgulhosa<<strong>br</strong> />

e linda nas corridas, a<strong>br</strong>ilhantando-lhe as vitórias.<<strong>br</strong> />

Blandina sorria, satisfeita e confortada.<<strong>br</strong> />

Mais serena, aquietou-se na expectação do dia seguinte.<<strong>br</strong> />

De espírito dilacerado, Taciano viu chegar a manhã e, consoante a<<strong>br</strong> />

promessa que formulara, dirigiu-se discretamente à igreja de São João, onde<<strong>br</strong> />

não teve dificuldade para encontrar o velhinho indicado.<<strong>br</strong> />

Com cerca de oitenta anos, curvado e trêmulo, Ênio Pudens, o mesmo<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>panheiro de Quinto Varro quando este se fizera conhecido por sucessor de<<strong>br</strong> />

Ápio Corvino, ainda trabalhava. Não obstante desfrutar o respeito de todos, na<<strong>br</strong> />

posição de cooperador mais velho da <strong>com</strong>unidade, era um exemplo vivo de fé,<<strong>br</strong> />

serviço, diligência e abnegação.<<strong>br</strong> />

Recebeu Taciano, <strong>com</strong> atenção e bondade, colocando-se à disposição dele<<strong>br</strong> />

para o que lhe pudesse ser útil.<<strong>br</strong> />

A simplicidade do ambiente conferia-lhe imensa paz ao coração.<<strong>br</strong> />

A alma de Taciano sentia sede de tranquilidade <strong>com</strong>o o deserto suspira<<strong>br</strong> />

pela bênção da água.<<strong>br</strong> />

Interpelado pelo patrício, <strong>com</strong> respeito ao pretérito, Ênio informou-lhe haver<<strong>br</strong> />

conhecido ambos os Corvinos, o velho e o moço, mostrando-lhe, satisfeito, as<<strong>br</strong> />

recordações daquele que jamais poderia imaginar fôsse o infortunado pai do<<strong>br</strong> />

seu interlocutor.<<strong>br</strong> />

O filho de Varro observou a dependência em que o genitor vivera<<strong>br</strong> />

consagrado à caridade e à fé.<<strong>br</strong> />

Deteve-se na contemplação do leito po<strong>br</strong>e, carinhosamente conservado, e<<strong>br</strong> />

refletiu nas amarguras que, de certo, teriam ali assediado o coração paterno.<<strong>br</strong> />

Nunca poderia supor que ele mesmo, Taciano, bateria àquelas portas<<strong>br</strong> />

implorando socorro para a filha doente.<<strong>br</strong> />

Mergulhado em profundo alheamento, foi despertado pela voz de Pudens<<strong>br</strong> />

que declarava estar pronto para segui-lo.<<strong>br</strong> />

Partiram, assim, em demanda do ninho agasalhado entre as árvores, onde<<strong>br</strong> />

Blandina recebeu o apóstolo <strong>com</strong> alegria e reverência.<<strong>br</strong> />

O missionário conhecia o genro de Vetúrio, de longa data. Sabia-o<<strong>br</strong> />

adversário ferrenho do Evangelho e manifesto perseguidor da igreja torturada.<<strong>br</strong> />

Contudo, a po<strong>br</strong>eza limpa em que vivia <strong>com</strong> os filhos, a coragem moral nos<<strong>br</strong> />

reveses sofridos e o bom ânimo <strong>com</strong> que enfrentava os golpes da sorte, àfrente<<strong>br</strong> />

da opinião pública, inspiravam simpatia e respeito ao seu espírito amadurecido.<<strong>br</strong> />

Acanhado a princípio, a pouco e pouco se tornou mais <strong>com</strong>unicativo. As<<strong>br</strong> />

perguntas da pequena enferma, a conversação judiciosa de Celso e o olhar<<strong>br</strong> />

respeitoso do chefe da casa deixavam-no mais à vontade.<<strong>br</strong> />

O antigo religioso refletiu quão enormes teriam sido as aflições caídas<<strong>br</strong> />

so<strong>br</strong>e aquele homem tenaz que o escutava atentamente, mas, avelhentado na<<strong>br</strong> />

experiência e na dor, calou as indagações no próprio íntimo, para só expandirse<<strong>br</strong> />

em carinho, tolerância, bondade e <strong>com</strong>preensão.<<strong>br</strong> />

Ao fim de uma hora de sadio entendimento, atendendo aos rogos da<<strong>br</strong> />

doentinha, o ancião pronunciou, em voz alta, a prece dominical:<<strong>br</strong> />

— Pai Nosso, que estais no Céu, santificado seja o vosso nome; venha a<<strong>br</strong> />

nós o vosso reino, faça-se a vossa vontade, assim na Terra <strong>com</strong>o nos Céus; o

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