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Ave Cristo - Espiritismoemdebate.com.br

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sua mulher! Em quantas ocasiões, constrangido pela gratidão, era o<strong>br</strong>igado a<<strong>br</strong> />

esquecer possibilidades seguras de melhoria da sorte, simplesmente por notar<<strong>br</strong> />

em Opilio, não somente o patrono do seu pão material, mas também o<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>panheiro, credor do seu mais amplo reconhecimento!...<<strong>br</strong> />

Angustiado e abatido, considerava consigo mesmo, dentro do aflitivo<<strong>br</strong> />

minuto: Se Cíntia amava o primo, porque desposara a ele? Se ambos haviam<<strong>br</strong> />

recebido uma bênção do Céu, <strong>com</strong> a chegada do filhinho, <strong>com</strong>o repudiar os<<strong>br</strong> />

laços conjugais, se Taciano era a sua melhor esperança de homem de bem?<<strong>br</strong> />

Semi-alucinado, passou a refletir contra a própria argumentação. E se<<strong>br</strong> />

estivesse prejulgando? e se Opílio Vetúrio ali estivesse em missão de auxílio,<<strong>br</strong> />

atendendo a solicitação da própria Cíntia? Era necessário, pois, acalmar a<<strong>br</strong> />

mente inquieta e ouvir <strong>com</strong> isenção de ânimo.<<strong>br</strong> />

Colocou a destra so<strong>br</strong>e o coração opresso e escutou:<<strong>br</strong> />

— Nunca te habituarás aos devaneios de Varro dizia Vetúrio, senhor de si<<strong>br</strong> />

—, é inútil qualquer tentativa.<<strong>br</strong> />

— Quem sabe? aventurou a prima, preocupada — espero deixará ele,<<strong>br</strong> />

algum dia, a odiosa convivência dos cristãos.<<strong>br</strong> />

— Nunca! — exclamou o interlocutor, rindo-se, francamente — não há<<strong>br</strong> />

notícia de pessoas que voltassem inteiramente à razão depois de ambientadas<<strong>br</strong> />

nessa praga. Ainda mesmo quando parecem trair os votos, <strong>com</strong> temor das<<strong>br</strong> />

autoridades, à frente de nossos deuses, voltam mais tarde ao encantamento.<<strong>br</strong> />

Tenho a<strong>com</strong>panhado vários processos de recuperação desses loucos. Dir-se-ia<<strong>br</strong> />

sofrerem temível obsessão pelo sofrimento. Pancadas, cordas, feras, cruzes,<<strong>br</strong> />

fogueiras, degolamentos, tudo é pouco para diminuir a volúpia <strong>com</strong> que se<<strong>br</strong> />

entregam à dor.<<strong>br</strong> />

— Realmente, estou farta... — suspirou a jovem senhora, baixando o tom<<strong>br</strong> />

de voz.<<strong>br</strong> />

Evidenciando a segurança dos laços afetivos que já lhe prendiam o espírito<<strong>br</strong> />

à dona da casa, Opílio acentuou, decidido:<<strong>br</strong> />

Ainda mesmo que Varro alterasse as próprias opiniões, não<<strong>br</strong> />

conseguirias modificar a nossa posição. Pertencemo-nos mütuamente. Há seis<<strong>br</strong> />

meses és minha e que diferença faz?<<strong>br</strong> />

Sarcástico, observou:<<strong>br</strong> />

— Acaso, teu marido disputa a mulher? acha-se demasiadamente<<strong>br</strong> />

interessado no reino dos anjos... Não admito, sinceramente, esteja à altura de<<strong>br</strong> />

tua expectativa. Por Júpiter! Todos os meus conhecidos que se renderam à<<strong>br</strong> />

mistificação nazarena, afastaram-se da vida. Varro falar-te-á do paraíso dos<<strong>br</strong> />

judeus, repleto de patriarcas imundos, em vez de conversar contigo so<strong>br</strong>e os<<strong>br</strong> />

nossos jogos, e garanto que se desejares uma excursão alegre, mais que<<strong>br</strong> />

natural em teu gosto feminino, conduzir-te-á sem dúvida a algum cemitério<<strong>br</strong> />

isolado, exigindo que te regozijes ao lado de ossos podres..<<strong>br</strong> />

Uma gargalhada irônica fechou-lhe a frase, mas notando, provavelmente,<<strong>br</strong> />

algum gesto inesperado na prima, prosseguiu:<<strong>br</strong> />

— Além disso, precisas considerar que teu marido não passa de<<strong>br</strong> />

meu cliente (5). Tem tudo e nada tem. Mas, por Serápis, não lhe vejo qualidades<<strong>br</strong> />

para cercá-lo de favores. Sabes que te amo, Cíntia! Não ignoras que te<<strong>br</strong> />

queria, em silêncio, desde o primeiro instante em que te reconheci, jovem e<<strong>br</strong> />

formosa. Nunca teria preferido Heliodora, se os serviços de César não me<<strong>br</strong> />

tivessem mantido na Acaia por tanto tempo! Quando te encontrei, enamorada<<strong>br</strong> />

de Varro, senti uma tormenta no coração. Fiz tudo por tua felicidade. Inclinei as<<strong>br</strong> />

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