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Ave Cristo - Espiritismoemdebate.com.br

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180<<strong>br</strong> />

Taciano indicou a agonizante, cujos olhos mortos vagueavam sem<<strong>br</strong> />

expressão dentro das órbitas, e interpelou-a, emocionado:<<strong>br</strong> />

— Helena, reconheces a enferma?<<strong>br</strong> />

A senhora estremeceu e, porque esboçasse um gesto silencioso de<<strong>br</strong> />

negativa, o marido acentuou:<<strong>br</strong> />

— Esta é Lívia, a infortunada filha de Basílio.<<strong>br</strong> />

Nesse instante, Lúcio Agripa e a mulher, que se mantinham atenciosos e<<strong>br</strong> />

desvelados no quarto, demandaram o interior doméstico, recolhendo as<<strong>br</strong> />

crianças para o necessário repouso.<<strong>br</strong> />

Somente aquelas quatro almas, presas ao tremendo destino que lhes era<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>um, permaneceram, frente a frente, <strong>com</strong>o se estivessem convocadas por<<strong>br</strong> />

forças invisíveis a supremas decisões.<<strong>br</strong> />

Helena e Anacleta pareciam galvanizadas na contemplação daquele<<strong>br</strong> />

semblante animado por intensa vida interior.<<strong>br</strong> />

A harpista cega, nas vizinhanças da morte, mostrava as linhas fisionômicas<<strong>br</strong> />

de Emiliano Secundino, o amor que o tempo não apagara no coração da filha<<strong>br</strong> />

de Vetúrio.<<strong>br</strong> />

— Lívia — falou Taciano, <strong>com</strong>padecidamente —, apresento-te minha<<strong>br</strong> />

esposa e nossa amiga Anacleta.<<strong>br</strong> />

O rosto da infeliz iluminou-se de profunda alegria.<<strong>br</strong> />

— Agradeço a Deus esta hora... — exclamou em voz ciciante, <strong>com</strong><<strong>br</strong> />

humildade — eu sempre desejei pedir às senhoras me desculpassem a ma<<strong>br</strong> />

impressão que lhes causava... Muitas vezes desejei aproximar-me para dizerlhes<<strong>br</strong> />

do meu respeito e amizade... entretanto... as circunstâncias não me<<strong>br</strong> />

favoreceram...<<strong>br</strong> />

Aquela voz ecoava no espírito de Helena <strong>com</strong> estranha ressonância...<<strong>br</strong> />

Porque não se interessara por um conhecimento mais íntimo daquela mulher?<<strong>br</strong> />

Alterou-se-lhe inexplicavelmente o modo de ser... Reminiscências de<<strong>br</strong> />

obscura quadra de sua vida emergiam-lhe, em cores vivas, dos recônditos da<<strong>br</strong> />

memória. Teve a impressão de que Emiliano ali se achava, em espírito,<<strong>br</strong> />

acordando-a para a realidade terrível... Olvidou a presença de Taciano,<<strong>br</strong> />

despreocupou-se de qualquer conveniência de ordem pessoal e, de fisionomia<<strong>br</strong> />

ansiada, perguntou:<<strong>br</strong> />

— Onde nasceste?<<strong>br</strong> />

— Em Cipro, senhora.<<strong>br</strong> />

— Quem te foi mãe no mundo?<<strong>br</strong> />

A agonizante sorriu <strong>com</strong> esforço e esclareceu:<<strong>br</strong> />

— Não tive a felicidade de conhecer minha mãe... Fui recolhida por meu<<strong>br</strong> />

velho pai adotivo numa charneca...<<strong>br</strong> />

— E desculparias aquela que te deu a vida se algum dia a encontrasses?<<strong>br</strong> />

— Como não?... Sempre rendi carinhoso culto ao coração materno... em<<strong>br</strong> />

minhas preces de cada dia...<<strong>br</strong> />

A matrona, pálida, trêmula de terror, perante a face nua da verdade,<<strong>br</strong> />

continuou indagando:<<strong>br</strong> />

— E se tua mãe te roubasse o esposo, o pai e a própria saúde, impondo-te<<strong>br</strong> />

o escárnio público?<<strong>br</strong> />

— Ainda assim... — confirmou Lívia, sem vacilar — não seria para mim<<strong>br</strong> />

diferente... Quem de nós, neste mundo, poderá julgar <strong>com</strong> segurança?... Minha<<strong>br</strong> />

mãe... embora me quisesse <strong>com</strong> todo o amor... talvez fôsse o<strong>br</strong>igada a ferirme...<<strong>br</strong> />

em meu próprio bem... Creio que... em tudo... devemos render graças a

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