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Ave Cristo - Espiritismoemdebate.com.br

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177<<strong>br</strong> />

trouxesse uma fera oculta no tórax, a soltar medonhos rugidos... E porque Lívia<<strong>br</strong> />

o concitasse à conformação e à serenidade, explodiu em voz gritante e<<strong>br</strong> />

plangente:<<strong>br</strong> />

— Porque reencontrar-te, assim, no terrível instante do adeus? Ai de<<strong>br</strong> />

mim!... Sou um réprobo sob a férrea mão dos gênios infernais! Sou <strong>com</strong>o a<<strong>br</strong> />

tempestade que passa, uivando entre ruínas... Tudo me falhou. Porque me<<strong>br</strong> />

prendi, deste modo, aos deuses sinistros? Da felicidade só encontrei<<strong>br</strong> />

fumegantes restos... Tentei caminhar no mundo <strong>com</strong> o desassom<strong>br</strong>o dos meus<<strong>br</strong> />

antepassados e agir sempre segundo o que as tradições me ensinaram de<<strong>br</strong> />

mais puro, mas todas as provações me aguardavam, ludi<strong>br</strong>iando os meus<<strong>br</strong> />

anseios... Sou um fantasma de mim mesmo! Desconheço-me!... A morte<<strong>br</strong> />

rondou-me todos os passos... Sou um vencido que a vida constrange a<<strong>br</strong> />

marchar entre os próprios ídolos que<strong>br</strong>ados!...<<strong>br</strong> />

Interrompeu-se o genro de Vetúrio sufocado nas lágrimas copiosas que lhe<<strong>br</strong> />

corriam pela face.<<strong>br</strong> />

Valendo-se do intervalo, a doente interferiu <strong>com</strong> inflexão <strong>com</strong>ovedora:<<strong>br</strong> />

— Taciano, porque alimentar a tormenta do coração, ante a serenidade da<<strong>br</strong> />

vida?... Queixas-te do mundo... Não seria, porém, mais acertado lamentar a<<strong>br</strong> />

nós mesmos ?... Como te renderes à blasfêmia, se possuís um corpo robusto?<<strong>br</strong> />

porque a revolta, quando as atividades de cada dia podem contar <strong>com</strong> os teus<<strong>br</strong> />

<strong>br</strong>aços livres?... Aprendi <strong>com</strong> Jesus que a luta é tão importante para a nossa<<strong>br</strong> />

alma, quanto o cinzel é precioso ao aperfeiçoamento da estátua!...<<strong>br</strong> />

Antigamente, nossos escrúpulos em família <strong>com</strong>peliam-nos a guardar a fé a<<strong>br</strong> />

distância de nossas conversações mais íntimas... Meu pai re<strong>com</strong>endava-me<<strong>br</strong> />

não te ofender as convicções... Hoje, no entanto, não sou mais a mulher que o<<strong>br</strong> />

mundo poderia fazer feliz... Sou apenas a irmã que se despede... Alguns<<strong>br</strong> />

meses antes de nosso encontro às margens do Ródano, encontráramos Jesus<<strong>br</strong> />

em Massília... Nossa mente modificou-se... Com ele, aprendemos que o divino<<strong>br</strong> />

amor preside à vida humana... Somos simples forasteiros na Terra!. -. Nosso<<strong>br</strong> />

verdadeiro Lar <strong>br</strong>ilha mais além... É necessário superar <strong>com</strong> valor os percalços<<strong>br</strong> />

da existência... Em verdade, estou cega e não ignoro que a morte se avizinha,<<strong>br</strong> />

entretanto, há uma luz a clarear-me por dentro do coração... <strong>Cristo</strong>...<<strong>br</strong> />

O interlocutor, porém, cortou-lhe a frase hesitante e <strong>br</strong>adou:<<strong>br</strong> />

— Sempre a som<strong>br</strong>a desse <strong>Cristo</strong> a atravessar-me a estrada... Jovem<<strong>br</strong> />

ainda, quando desco<strong>br</strong>i o amor de meu pai foi para verificar-lhe a integral<<strong>br</strong> />

rendição ao profeta judeu! quando busquei recuperar minha mãe para o<<strong>br</strong> />

equilí<strong>br</strong>io da inteligência, ela não se reportava a outra pessoa e morreu suspirando<<strong>br</strong> />

pela influência desse intruso... Quando procurei por Basílio, ao voltar<<strong>br</strong> />

de Roma, lem<strong>br</strong>ando-lhe a afeição que me impelia ao culto da memória<<strong>br</strong> />

paternal, o <strong>com</strong>panheiro a quem amei tanto imolara-se por ele... Ponho-me ao<<strong>br</strong> />

teu encalço, gasto as minhas melhores forças na reivindicação de teu carinho,<<strong>br</strong> />

mas, em te revendo, observo-te igualmente nas mãos invisíveis desse estranho<<strong>br</strong> />

Salvador que não consigo <strong>com</strong>preender... Ó deuses infernais, que fizestes de<<strong>br</strong> />

mim?...<<strong>br</strong> />

Lívia fizera-se mais pálida.<<strong>br</strong> />

Blandina tomou-lhe as mãos e ia dirigir-lhe a palavra, contudo, a enferma,<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong> a serenidade de quem encontrara a paz, dentro de si mesma, reergueu a<<strong>br</strong> />

voz e falou, triste:<<strong>br</strong> />

— É inútil a tua injustificável reação! Neste leito que me serve de cruz<<strong>br</strong> />

libertadora, tornei à convivência de muitas afeições que me precederam na

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