02.05.2014 Views

Ave Cristo - Espiritismoemdebate.com.br

Ave Cristo - Espiritismoemdebate.com.br

Ave Cristo - Espiritismoemdebate.com.br

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

172<<strong>br</strong> />

Pensara em avistar-se <strong>com</strong> o legado de Augusto, mas Egnácio Valeriano,<<strong>br</strong> />

depois de ligeira permanência na Aquitânia, tornara à sede do Império.<<strong>br</strong> />

Após adquirir o ninho singelo onde Basílio estacionara por tempo tão curto,<<strong>br</strong> />

diàriamente passava lá o tempo que lhe so<strong>br</strong>ava das tarefas costumeiras,<<strong>br</strong> />

quase sempre seguido de Blandina, que não olvidava os ausentes.<<strong>br</strong> />

As mãos infantis, minúsculas e frágeis, dedilhavam o instrumento,<<strong>br</strong> />

buscando imitar a amiga que partira, demandando rumo incerto, aplaudida pelo<<strong>br</strong> />

pai, que se distraía, em lhe reparando a diligência. Por mais lhe proibisse a<<strong>br</strong> />

mãezinha tais passeios, mais se empenhava em burlar a vigilância dos servos,<<strong>br</strong> />

a fim de reunir-se ao genitor em suas isoladas reflexões.<<strong>br</strong> />

A amizade pelo filósofo e pela preceptora desterrada era cada vez mais<<strong>br</strong> />

intensa e mais viva em sua imaginação de criança.<<strong>br</strong> />

Muitas vezes perguntava ao pai se Lívia tinha sido furtada nalgum assalto<<strong>br</strong> />

de Plutão e, noutras ocasiões, afirmava, cerrando os olhos, que o vovô Basílio<<strong>br</strong> />

se achava, sorridente, ao seu lado, a<strong>br</strong>açando-a.<<strong>br</strong> />

Certa noite em que Taciano se demorara na choupana, além do hábito que<<strong>br</strong> />

lhe era próprio, Blandina, à porta, contemplava o firmamento constelado,<<strong>br</strong> />

quando, inesperadamente, desferiu uma exclamação de alegria, <strong>br</strong>adando,<<strong>br</strong> />

espantada:<<strong>br</strong> />

— Vovô! Vovô Basílio, papai! Veja! está chegando!...<<strong>br</strong> />

Fixou o gesto de quem a<strong>br</strong>açava algum ente querido e acrescentou,<<strong>br</strong> />

entusiástica:<<strong>br</strong> />

— Paizinho, vovô está ao seu lado! ao seu lado!...<<strong>br</strong> />

Taciano nada via, mas a expressão felicíssima da filha ecoava-lhe fundo ao<<strong>br</strong> />

coração.<<strong>br</strong> />

Rememorou antigas histórias em que os mortos tornavam à convivência<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong> os vivos e, emocionando-se <strong>com</strong> as palavras da filhinha, admitiu que a<<strong>br</strong> />

som<strong>br</strong>a do amigo ali pairasse, realmente.<<strong>br</strong> />

Teve a impressão de que o amado <strong>com</strong>panheiro ali se mantinha invisível,<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>o se lhe recebesse o hálito quente so<strong>br</strong>e o rosto.<<strong>br</strong> />

De olhos <strong>br</strong>ilhantes, animados pela chama de inexprimíveis sentimentos,<<strong>br</strong> />

re<strong>com</strong>endou à miúda interlocutora:<<strong>br</strong> />

— Blandina, se vês realmente o vovô, porque não sabermos dele quando<<strong>br</strong> />

reencontraremos Lívia?<<strong>br</strong> />

A pequena obedeceu e, <strong>com</strong> a naturalidade de quem se dirigia ao ancião<<strong>br</strong> />

ressuscitado, inquiriu:<<strong>br</strong> />

— Vovô, o senhor não está ouvindo a pergunta de papai?<<strong>br</strong> />

Segundos de pesada expectação rolaram no acanhado recinto.<<strong>br</strong> />

— Que respondeu ele, minha filha?<<strong>br</strong> />

Blandina fitou no genitor o olhar terno e confiante e informou:<<strong>br</strong> />

— Vovô respondeu que estaremos todos juntos, quando escutarmos o Hino<<strong>br</strong> />

às Estrelas, outra vez...<<strong>br</strong> />

Taciano sentiu que indefinível angústia lhe absorvia a voz e o coração.<<strong>br</strong> />

Calado, tomou a destra da pequenina para voltarem a casa, onde, ilhado em<<strong>br</strong> />

seu gabinete particular, engolfou-se em obcecantes e aflitivos pensamentos...<<strong>br</strong> />

A existência em Lião prosseguiu expectante, rotineira, monótona...<<strong>br</strong> />

Na primavera de 256, entretanto, a Vila Vetúrio engalanara-se para o<<strong>br</strong> />

casamento de Galba e Lucíla, <strong>com</strong> a imponência característica das famílias<<strong>br</strong> />

abastadas da época.<<strong>br</strong> />

O noivo, não obstante prematuramente envelhecido, e a jovem

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!