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Quando Exupério acabou de orar, junto à sepultura singela, ante o<<strong>br</strong> />
crepúsculo que se fechava em ru<strong>br</strong>os esplendores, Celso a<strong>br</strong>açou-se à Lívia e<<strong>br</strong> />
chorou, copiosamente.<<strong>br</strong> />
— Deixa em paz tua mãe, meu filho! — re<strong>com</strong>endou a <strong>com</strong>panheira,<<strong>br</strong> />
emocionada — os mortos prendem-se às nossas lágrimas! não perturbes aquela<<strong>br</strong> />
a quem tanto devemos!... Não estarás sozinho!... De hoje em diante, sou<<strong>br</strong> />
também tua mãe...<<strong>br</strong> />
E a moça cumpriu quanto prometia.<<strong>br</strong> />
Examinou, acuradamente, a própria situação e <strong>com</strong>preendeu que as<<strong>br</strong> />
exibições artísticas em praça pública já não mais lhes convinham.<<strong>br</strong> />
Celso deveria desenvolver-se <strong>com</strong> seguras noções de responsabilidade.<<strong>br</strong> />
Reclamava instrução e preparo, à frente da vida. Não obstante cega, propunhase<<strong>br</strong> />
trabalhar, de modo a cooperar na formação do caráter dele para o futuro.<<strong>br</strong> />
Procurou Exupério, o único amigo que poderia aconselhá-la, e expôs-lhe o<<strong>br</strong> />
plano que lhe acudia ao pensamento.<<strong>br</strong> />
Não seria possível encontrar atividade remuneradora em Drépano, a fim de<<strong>br</strong> />
amparar o menino?<<strong>br</strong> />
O provecto ancião ouviu-a, satisfeito, e rogou-lhe tempo. O projeto era<<strong>br</strong> />
razoável, mas a localidade era demasiado po<strong>br</strong>e para que vingasse, de pronto.<<strong>br</strong> />
Esperaria, no entanto, a visita de <strong>com</strong>panheiros cristãos de outras terras.<<strong>br</strong> />
Estava convicto de que o projeto encontraria excelente oportunidade noutra<<strong>br</strong> />
região.<<strong>br</strong> />
Retirou-se Lívia, esperançada, de coração nutrido por vigorosa fé.<<strong>br</strong> />
Algumas semanas transcorreram sem novidade, quando o venerando leitor<<strong>br</strong> />
dos Evangelhos veio trazer-lhe importante notícia.<<strong>br</strong> />
Achava-se, de passagem, na vila, conhecido amigo de Neápolis (19), o<<strong>br</strong> />
panificador Lúcio Agripa, que se dispunha a ouvi-la e auxiliá-la, no que lhe<<strong>br</strong> />
fôsse possível.<<strong>br</strong> />
Guiada por Exupério, Lívia <strong>com</strong>pareceu à frente do benfeitor, cujo<<strong>br</strong> />
semblante exteriorizava a beleza moral dos grandes cristãos da Antigüidade.<<strong>br</strong> />
Olhos plácidos a fulgurarem na face rugosa, a que os cabelos encanecidos<<strong>br</strong> />
emprestavam prateada moldura, Agripa, depois de escutá-la, falou sem af e-<<strong>br</strong> />
tação:<<strong>br</strong> />
— Minha filha, julgo razoável esclarecer-te quanto à nossa posição em<<strong>br</strong> />
casa. Noutro tempo, retínhamos numerosos escravos, e não éramos felizes,<<strong>br</strong> />
mas, depois que Domícia e eu aceitamos Jesus por Mestre, nossos hábitos<<strong>br</strong> />
foram renovados. Os cativos foram libertados e nossos costumes simplificados.<<strong>br</strong> />
A fortuna em dinheiro fugiu de nossa casa, todavia, a tranqüilidade passou a<<strong>br</strong> />
morar conosco <strong>com</strong>o um talento celestial. Somos hoje tão po<strong>br</strong>es <strong>com</strong>o<<strong>br</strong> />
aqueles que nos auxiliam em nossa fá<strong>br</strong>ica de pão. Se aceitas a nossa vida<<strong>br</strong> />
frugal, poderemos<<strong>br</strong> />
(19) Na Campânia (Itália). Hoje Nápoles. —(Nota do Autor espiritual.)<<strong>br</strong> />
receber-te <strong>com</strong> a criança. Sei que desejas trabalhar e não ficarás inativa.<<strong>br</strong> />
Poderás partilhar <strong>com</strong> Ponciana, nossa velha colaboradora cega, os serviços<<strong>br</strong> />
diários do moinho. A ausência dos olhos confere maior atenção para os<<strong>br</strong> />
serviços dessa natureza, de vez que a nossa pedra de moer é adequada ao<<strong>br</strong> />
concurso humano. Afirmo-te, porém, que não podemos oferecer senão um<<strong>br</strong> />
salário irrisório, apenas o bastante para pagamento da instrução necessária ao