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Ave Cristo - Espiritismoemdebate.com.br

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164<<strong>br</strong> />

nomia transtornada. A enferma dava a idéia de haver colado fina máscara de<<strong>br</strong> />

cera ao rosto encovado. Os órgãos da visão mostravam-se quase fora das<<strong>br</strong> />

órbitas, mas angélica expressão de alegria lhe tomara o semblante.<<strong>br</strong> />

Celso, aflito, indagou, ansioso:<<strong>br</strong> />

— Mãezinha, que aconteceu?<<strong>br</strong> />

A po<strong>br</strong>e senhora acariciou-lhe a cabeça minúscula e falou, <strong>com</strong> esforço:<<strong>br</strong> />

— Meu filho, esta é a última noite que passamos juntos na Terra!... Não te<<strong>br</strong> />

deixo, porém, a sós... Jesus trouxe Lívia à nossa casa... Recebe-a por tua nova<<strong>br</strong> />

mãe!... Tem sido para mim valiosa irmã nestes dias em que devo ir-me<<strong>br</strong> />

embora...<<strong>br</strong> />

A moça <strong>com</strong>preendeu o tom daquela voz de adeus e ajoelhou-se em<<strong>br</strong> />

pranto.<<strong>br</strong> />

— Não, mãezinha! fica conosco! — soluçou o menino desesperado —<<strong>br</strong> />

trabalharemos para vê-la feliz! Vou crescer depressa! serei um homem, teremos<<strong>br</strong> />

uma casa grande só para nós! Não te vás, mamãe! não te vás!...<<strong>br</strong> />

Lágrimas incontidas deslizaram dos olhos da agonizante. Hortênsia alisou<<strong>br</strong> />

os cabelos despenteados do filhinho e acentuou:<<strong>br</strong> />

— Não chores!... onde puseste a fé, meu filho?<<strong>br</strong> />

— Eu tenho fé, mamãe! Tive fé quando o cão do vizinho nos rondou a<<strong>br</strong> />

porta, tive fé naquela noite em que o temporal nos encontrou na rua, mas hoje<<strong>br</strong> />

tenho medo... a senhora não pode deixar-me assim...<<strong>br</strong> />

— Acalma-te!... — rogou a genitora, preocupada — disponho de pouco<<strong>br</strong> />

tempo... Entrego-te à nossa Lívia, em nome de Jesus... Não me prendas aqui...<<strong>br</strong> />

Incapaz de raciocinares <strong>com</strong>o gente grande, não percebes a extensão do<<strong>br</strong> />

sentimento <strong>com</strong> que me dirijo à tua alma... Entretanto, filho meu, guarda bem<<strong>br</strong> />

este minuto!... Mais tarde, quando o mundo reclamar-te a lutas maiores, não<<strong>br</strong> />

olvides nossa po<strong>br</strong>eza laboriosa!... Sê bom e trabalhador!... Se fôres induzido<<strong>br</strong> />

ao mal por alguém, recorda o nosso quadro desta hora... Tua mãe, morrendo,<<strong>br</strong> />

confiante, segura de teu valor. .. Cresce para Jesus, para o ideal da bondade<<strong>br</strong> />

que Ele, nosso Divino Mestre, nos ensinou...<<strong>br</strong> />

E, pousando os olhos imensamente lúcidos na <strong>com</strong>panheira cega, pediu<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong> humildade:<<strong>br</strong> />

— Lívia, Quinto Celso será o meu próprio coração, pulsando ao teu lado!...<<strong>br</strong> />

Se reencontrares os amigos que procuras, tem <strong>com</strong>paixão de meu filho e não o<<strong>br</strong> />

abandones...<<strong>br</strong> />

A interlocutora enxugou as próprias lágrimas e rogou, aflita:<<strong>br</strong> />

— Minha irmã, não te apoquentes! Dorme de novo!... Sinto-te fatigada...<<strong>br</strong> />

Hortênsia sorriu, triste, e acrescentou:<<strong>br</strong> />

— Não, minha amiga!... Não te enganes... Vejo Tércio conosco... Está<<strong>br</strong> />

robusto <strong>com</strong>o em seus mais belos dias... Diz-me que estaremos juntos... ainda<<strong>br</strong> />

hoje... Reunir-nos-emos no Grande Lar... Porque haveria de persistir, algemada<<strong>br</strong> />

ao corpo, quando Celso encontrou arrimo seguro em tua dedicação?... Sintome<<strong>br</strong> />

feliz, feliz..<<strong>br</strong> />

Hortênsia, no entanto, emudeceu, de súbito.<<strong>br</strong> />

Entregue a profundo esgotamento pelo fluxo de sangue que lhe assomava<<strong>br</strong> />

à boca, demorou-se, ofegante, por algumas horas, até que, reaquecida pelos<<strong>br</strong> />

primeiros raios de sol da manhã, co<strong>br</strong>ou energias para dormir o grande sono...<<strong>br</strong> />

Lívia e Celso reconheceram-se, então, sozinhos. Mãos piedosas dos<<strong>br</strong> />

irmãos na fé auxiliaram-nos a prestar as derradeiras homenagens à sofredora<<strong>br</strong> />

morta.

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