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Ave Cristo - Espiritismoemdebate.com.br

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155<<strong>br</strong> />

vê-la assim exposta aos ataques de um homem despudorado. Combinei, pois,<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong> o senhor Teódulo a sua retirada... Dentro de algumas horas, espero<<strong>br</strong> />

receber a vestimenta própria para a sua saída sem percalços. Lá fora, o administrador<<strong>br</strong> />

da vila aguardar-nos-á, a fim de a<strong>com</strong>panhá-la até ao seu novo<<strong>br</strong> />

destino...<<strong>br</strong> />

Notando que o silêncio pesava entre ambas, Sinésia indagou:<<strong>br</strong> />

— A menina não se encontra, porventura, feliz? Não lhe sorriem ao<<strong>br</strong> />

coração as promessas de vida nova?<<strong>br</strong> />

Lívia, porém, que se afundara em amargas reflexões, respondeu, triste:<<strong>br</strong> />

— Não fôsse a morte de meu pai e sentir-me-ia contente... Além disso,<<strong>br</strong> />

vejo-me enferma e aniquilada...<<strong>br</strong> />

Mas, o senhor Teódulo é de parecer que o antigo patrão da vila Vetúrio<<strong>br</strong> />

e a filhinha dele, Blandina, são seus amigos.<<strong>br</strong> />

— Sim, bem sei, mas a esposa de Taciano parece detestar-nos, O senhor<<strong>br</strong> />

Teódulo sabe disso..<<strong>br</strong> />

Estendeu as mãos para a frente, <strong>com</strong>o se vagueasse nas som<strong>br</strong>as, e<<strong>br</strong> />

acrescentou:<<strong>br</strong> />

— Porque não fazermos alguma luz?<<strong>br</strong> />

— Necessitamos da escuridão para libertá-la.<<strong>br</strong> />

A doente aquietou-se, mas, passando a destra pelos olhos empapuçados,<<strong>br</strong> />

exclamou em dolorido desabafo:<<strong>br</strong> />

— Ah! Sinésia, és a única pessoa <strong>com</strong> quem posso conviver nesta<<strong>br</strong> />

reclusão!... Sou cristã, enquanto ainda te prendes ao culto das antigas divindades...<<strong>br</strong> />

mas, no fundo, ambas somos mulheres, <strong>com</strong> problemas <strong>com</strong>uns! A<<strong>br</strong> />

morte de meu pai a<strong>br</strong>e-me um vácuo que coisa alguma na Terra conseguirá<<strong>br</strong> />

preencher! Estou só no mundo! sozinha! Cedo habituei-me ao caminho de<<strong>br</strong> />

aflição! Nunca me revoltei contra os desígnios do Céu, mas, agora, sinto-me<<strong>br</strong> />

desorientada e infeliz!... Que pecado <strong>com</strong>eti para que Deus me poupasse?<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>padece-te de minha sorte! Tenho medo de tudo!...<<strong>br</strong> />

A inflexão <strong>com</strong> que aquelas palavras eram pronunciadas tocou a<<strong>br</strong> />

sensibilidade da servidora nas mais recônditas fi<strong>br</strong>as.<<strong>br</strong> />

Profundo remorso feriu-a, de chofre...<<strong>br</strong> />

O pranto rompeu-lhe a crosta consciencíal. Desejou salvar a moça,<<strong>br</strong> />

recambiá-la para o mundo livre e descerrar-lhe as portas do cárcere para abençoado<<strong>br</strong> />

destino, mas era tarde. Lívia estava cega. Jamais conseguiria alterar-lhe<<strong>br</strong> />

a situação. Entre o grupo de Valeriano e os amigos de Clímene permaneceria<<strong>br</strong> />

algemada a perigo iminente. Limitou-se, por isso, a chorar conturbada.<<strong>br</strong> />

A jovem escutou-lhe os soluços e confortou-se. Supôs que a governanta<<strong>br</strong> />

sofria por ela e essa idéia a<strong>br</strong>andou-lhe a tortura íntima. Não se achava tão só.<<strong>br</strong> />

Alguém lhe entendia os padecimentos morais e partilhava-lhe o fel.<<strong>br</strong> />

À noitinha, Clímene apareceu.<<strong>br</strong> />

Entregou à Sinésia a roupa de seu uso particular.<<strong>br</strong> />

A governanta gaulesa, não obstante o pesado remorso que a espicaçava,<<strong>br</strong> />

reanimou a jovem e ocupou-se em vesti-la <strong>com</strong> esmero.<<strong>br</strong> />

Daí a instantes, ambas saíram sem qualquer aborrecimento.<<strong>br</strong> />

Envergando um dos peplos habituais de Climene e apresentando altura<<strong>br</strong> />

semelhante à dela, Lívia foi tida pelos guardas de serviço <strong>com</strong>o sendo a<<strong>br</strong> />

esposa de Valeriano em passeio.<<strong>br</strong> />

Não longe, alcançaram Teódulo que as esperava.<<strong>br</strong> />

Sinésia, emocionada, despediu-se, alegando a necessidade de tornar ao

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