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Ave Cristo - Espiritismoemdebate.com.br

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152<<strong>br</strong> />

cortinas.<<strong>br</strong> />

— Não me recuses! — dizia Valeriano, apaixonado — não desejo o<strong>br</strong>igar-te<<strong>br</strong> />

à submissão. O amor espontâneo da mulher que adoramos é qual se fôra<<strong>br</strong> />

suave néctar colhido na milagrosa concha dos sonhos! Ama-me, Lívia!<<strong>br</strong> />

Sejamos felizes! Sentes-te enferma, por não cederes ao apelo da vida. Não<<strong>br</strong> />

serei tão mau quanto imaginas. Sou casado, sim, mas minha mulher não me<<strong>br</strong> />

partilha os negócios. Sou livre... Dar-te-ei domicílio régio onde desejares. Uma<<strong>br</strong> />

vila em Arelate (15), um palácio em Roma, uma chácara na Campânia, uma<<strong>br</strong> />

casa de repouso na Sicília!... Escolhe! Viveremos juntos, tanto quanto possível.<<strong>br</strong> />

Minha escravidão ao Estado é transitória. Espero desfrutar, em <strong>br</strong>eve, longo<<strong>br</strong> />

descanso!... Se tivermos filhos, garantir-lhes-ei o futuro. Olvidarás a mística<<strong>br</strong> />

perigosa dos judeus, adereçar-te-ás <strong>com</strong>o as mais lindas filhas das sete colinas<<strong>br</strong> />

(16), receberás uma existência digna de tua formosura e de teus dotes<<strong>br</strong> />

intelectuais... Não me observas, porventura, humilhado aos teus pés?...<<strong>br</strong> />

O pranto convulsivo da moça podia ser ouvido à pequena distância.<<strong>br</strong> />

— Porque choras? nada te falta. Dize uma palavra e sairás daqui na<<strong>br</strong> />

condição de soberana da minha felicidade. Não te negues, por mais tempo, ao<<strong>br</strong> />

chamamento do meu carinho! Ergue-te e vem! Que pretendes para construir a<<strong>br</strong> />

tua ventura?<<strong>br</strong> />

— Senhor — soluçou a moça, desanimada —, pela conversação de Sinésia<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong> servidores desta casa, sei que os meus <strong>com</strong>panheiros de fé estão<<strong>br</strong> />

marchando, todos os dias, para o sacrifício... Provavelmente, meu pai já terá<<strong>br</strong> />

dado o grande testemunho!... Para que eu lhe abençoe a generosidade, <strong>com</strong> o<<strong>br</strong> />

meu eterno reconhecimento, conceda-me a graça de morrer junto dos meus...<<strong>br</strong> />

— Nunca! — trovejou a voz de Egnácio, irritado — não partirás daqui sem<<strong>br</strong> />

abjurar a crença ignominiosa! Não descansarei, enquanto não puder mergulhar<<strong>br</strong> />

os meus olhos nos teus, à maneira do sedento que se afoga no manancial de<<strong>br</strong> />

água pura! Amo-te os olhos misteriosos, que em mim despertam algo oculto,<<strong>br</strong> />

estranhos e profundos sentimentos<<strong>br</strong> />

(15) Aries, França. — (Nota do Autor espiritual.)<<strong>br</strong> />

(16) Alusão a Roma. (Nota do Autor espiritual.)<<strong>br</strong> />

que não consigo explicar. Serás minha, bem minha!... Modificar-te-ei as<<strong>br</strong> />

convicções, do<strong>br</strong>arei esse teu in<strong>com</strong>preensível orgulho!...<<strong>br</strong> />

Os ouvidos de Clímene não puderam suportar por mais tempo.<<strong>br</strong> />

Sufocando as lágrimas que lhe rebentavam do peito, a matrona afastou-se,<<strong>br</strong> />

rápida.<<strong>br</strong> />

Em casa, porém, não obstante perceber o regresso do esposo ao tálamo<<strong>br</strong> />

conjugal, não conseguiu atrair o sono.<<strong>br</strong> />

Imagens numerosas de revolta e desespero cruzavam-lhe o cére<strong>br</strong>o<<strong>br</strong> />

atormentado.<<strong>br</strong> />

Irritadiça e descontrolada, recordou-se de Helena, afigurando-se-lhe<<strong>br</strong> />

encontrar nela a única amiga, a cuja experiência deveria confiar-se.<<strong>br</strong> />

Com efeito, tão logo surgiu o dia novo, buscou a vila Vetúrio, onde, em<<strong>br</strong> />

pranto, desfez-se em minuciosas confidências, diante da <strong>com</strong>panheira.<<strong>br</strong> />

A esposa de Taciano ouviu, atenciosa, e observou, por fim:<<strong>br</strong> />

— Essa mulher é uma intrusa. Conheço-a de nome. Deu-nos imensa<<strong>br</strong> />

preocupação, há tempos. Tem a mania de farejar os maridos apreciáveis.<<strong>br</strong> />

Suponho seja nosso dever afastá-la, em definitivo. Não poderíamos incluí-la

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