02.05.2014 Views

Ave Cristo - Espiritismoemdebate.com.br

Ave Cristo - Espiritismoemdebate.com.br

Ave Cristo - Espiritismoemdebate.com.br

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

150<<strong>br</strong> />

se na contemplação de Lívia, indagou do assessor:<<strong>br</strong> />

— Donde procede aquela beldade singular?<<strong>br</strong> />

Liberato informou, sussurrante:<<strong>br</strong> />

— É filha de um dos nossos velhos supliciados de ontem.<<strong>br</strong> />

— Oh! Oh!... porque não soube antes? — falou Egnácio coçando a cabeça,<<strong>br</strong> />

intrigado — ela vale muitos velhos juntos.<<strong>br</strong> />

Concentrou a atenção na moça, que se viu in<strong>com</strong>odada por semelhante<<strong>br</strong> />

privilégio, e determinou fôsse ela transferida para uma cela mais confortável,<<strong>br</strong> />

não longe do seu gabinete particular de audiências.<<strong>br</strong> />

Decorridas algumas horas, a filha adotiva do afinador, inquieta e<<strong>br</strong> />

desalentada, viu-se em extensa câmara, agradavelmente mobilada, onde o<<strong>br</strong> />

representante de Galo veio, à noite, vê-la de perto.<<strong>br</strong> />

Lívia recebeu-lhe a visita, em so<strong>br</strong>essalto.<<strong>br</strong> />

— Bela gaulesa — <strong>com</strong>eçou ele, estranhamente afetivo —, sabes que um<<strong>br</strong> />

dignitário imperial dispensa solicitações. Entretanto, apraz-me esquecer os<<strong>br</strong> />

títulos de que me encontro investido, para apresentar-me diante de ti <strong>com</strong>o<<strong>br</strong> />

simples homem.<<strong>br</strong> />

A moça ergueu para ele os olhos súplices, que as lágrimas velavam,<<strong>br</strong> />

prestes a cair.<<strong>br</strong> />

Valeriano assinalou um sentimento novo no próprio íntimo... Notou que<<strong>br</strong> />

inesperada <strong>com</strong>paixão lhe esbatia a máscula crueldade. Surpreendido,<<strong>br</strong> />

recorria, em vão, à memória, para recordar onde teria conhecido aquela jovem<<strong>br</strong> />

mulher.<<strong>br</strong> />

Em que sítio tê-la-ia visto alguma vez? Reconhecia-se tocado por<<strong>br</strong> />

reminiscências que não conseguia precisar.<<strong>br</strong> />

— Teu nome? — perguntou <strong>com</strong> uma inflexão de voz que se avizinhava da<<strong>br</strong> />

ternura.<<strong>br</strong> />

— Lívia, senhor.<<strong>br</strong> />

— Lívia — prosseguiu ele, em tom quase familiar —, conheceste-me em<<strong>br</strong> />

alguma parte?<<strong>br</strong> />

— Não me lem<strong>br</strong>o, senhor.<<strong>br</strong> />

— Poderás, contudo, entender a súbita paixão de um homem? Sabes,<<strong>br</strong> />

acaso, a espécie de sentimento que me inspiras? Estarias disposta a concordar<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong> as minhas propostas de felicidade e carinho?<<strong>br</strong> />

— Senhor, eu sou casada...<<strong>br</strong> />

Egnácio experimentou grande mal-estar e considerou:<<strong>br</strong> />

— O matrimônio pode ser um freio aos nossos desregramentos, mas nunca<<strong>br</strong> />

um entrave insuperável ao verdadeiro amor.<<strong>br</strong> />

Caminhou, nervosamente, de um lado para outro da sala, e inquiriu:<<strong>br</strong> />

— Onde se encontra o felizardo que te possui?<<strong>br</strong> />

— Meu esposo acha-se ausente...<<strong>br</strong> />

— Tanto melhor — acentuou o legado, novamente tranquilo —, nossa<<strong>br</strong> />

afeição poderá ser, desde hoje, se quiseres, um formoso romance... Saberás<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong>preender-me o convite?<<strong>br</strong> />

— Senhor, além de casada, eu sou também cristã...<<strong>br</strong> />

— Oh! o Cristianismo é a loucura de Jerusalém que pretende asfixiar a<<strong>br</strong> />

saúde e a alegria de Roma. És suficientemente menina para renunciar a essa<<strong>br</strong> />

praga! Tenho recursos para sustentar-te. Um palácio cercado de jardins e<<strong>br</strong> />

povoado de escravos será naturalmente a rica e merecida moldura <strong>com</strong> que te<<strong>br</strong> />

realçarei a beleza.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!