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Ave Cristo - Espiritismoemdebate.com.br

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15<<strong>br</strong> />

ano de idade, a sorrir, doce e terno, <strong>com</strong>o se fôra um anjo arrebatado ao berço<<strong>br</strong> />

celeste.<<strong>br</strong> />

Cíntia revelava nos olhos escuros a chama da vivacidade feminil, deixando<<strong>br</strong> />

entrever, de imediato, a trama das paixões que lhe desbordavam da alma<<strong>br</strong> />

inquieta. Largo peplo de nevado linho realçava-lhe as formas de madona e<<strong>br</strong> />

menina, evocando o perfil <strong>br</strong>ejeiro e lindo de alguma ninfa que se houvera<<strong>br</strong> />

repentinamente transformado em mulher, contrastando <strong>com</strong> a severa<<strong>br</strong> />

expressão do marido, que parecia infinitamente distanciado da <strong>com</strong>panheira<<strong>br</strong> />

pelas afinidades psíquicas.<<strong>br</strong> />

Quinto Varro, não obstante muito moço, trazia a máscara fisionômica do<<strong>br</strong> />

filósofo, habituado a permanente mergulho no oceano das idéias.<<strong>br</strong> />

No contentamento de uma cotovia palradora, Cíntia reportou-se à festa de<<strong>br</strong> />

Ülpia Sabina, a que <strong>com</strong>parecera na véspera, junto de Vetúrio, que lhe fôra<<strong>br</strong> />

desvelado parceiro.<<strong>br</strong> />

Deteve-se, entusiástica, na descrição dos bailados de invenção da própria<<strong>br</strong> />

dona da casa, que aproveitara a vocação de escravas jovens, tentando repetir<<strong>br</strong> />

para o esposo, <strong>com</strong> harmoniosa voz, alguns trechos da música simbólica.<<strong>br</strong> />

Varro sorria, condescendente, qual se fôra um pai austero e bondoso<<strong>br</strong> />

escutando as infantilidades de uma filha, e pronunciava, de quando em<<strong>br</strong> />

quando, uma ou outra frase curta de <strong>com</strong>preensão e encorajamento.<<strong>br</strong> />

A certa altura da conversação, fixando a esposa, <strong>com</strong>o quem pretendia<<strong>br</strong> />

tocar em assunto mais sério, observou:<<strong>br</strong> />

— Sabes, querida, que hoje à noite será possível ouvir uma das vozes<<strong>br</strong> />

mais autorizadas do nosso movimento nas Gálias?<<strong>br</strong> />

E talvez porque a mulher silenciasse, pensativa, continuou:<<strong>br</strong> />

— Refiro-me a Ápio Corvino, o velho pregador de Lião (3) que se despede<<strong>br</strong> />

dos cristãos de<<strong>br</strong> />

(3) No tempo da dominação de Roma, nas Gálias, o nome da cidade de<<strong>br</strong> />

Lião era Lugdunum. — (Nota do Autor espiritual.)<<strong>br</strong> />

Roma. Na mocidade, foi contemporâneo de Átalo de Pérgamo, admirável herói<<strong>br</strong> />

entre os mártires gauleses. Corvino conta mais de setenta anos, mas, segundo<<strong>br</strong> />

as impressões gerais, é portador de um espírito juvenil.<<strong>br</strong> />

A jovem senhora esboçou largo gesto de enfado e murmurou:<<strong>br</strong> />

— Porque nos preocuparmos tanto <strong>com</strong> esses homens? Francamente, da<<strong>br</strong> />

única vez que te a<strong>com</strong>panhei às catacumbas, voltei aflita e desanimada.<<strong>br</strong> />

Haverá qualquer senso prático nas divagações que ouvimos? Porque arrostar<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong> os perigos de um culto ilegal para somente insistir em desvarios da<<strong>br</strong> />

imaginação?<<strong>br</strong> />

Com ironia e agressividade, prosseguia para o esposo triste:<<strong>br</strong> />

— Acreditas possa eu conformar-me <strong>com</strong> a louca renunciação de<<strong>br</strong> />

mulheres, quais Sofrônia e Cornélia, que desceram do fausto patrício para a<<strong>br</strong> />

imundície dos cárceres, om<strong>br</strong>eando <strong>com</strong> escravas e lavadeiras?<<strong>br</strong> />

Desferiu rumorosa gargalhada e acrescentou:<<strong>br</strong> />

— Faz alguns dias, quando ainda te encontravas em viagem na Aquitânia,<<strong>br</strong> />

Opílio e eu conversávamos na intimidade, quando Popéia Cilene veio ter<<strong>br</strong> />

conosco, pedindo esmolas para as famílias vitimadas nas últimas<<strong>br</strong> />

perseguições, e, vendo os meus jarros, instou <strong>com</strong>igo para abandonar o uso de<<strong>br</strong> />

cosméticos. Rimo-nos fartamente da sugestão. Para atendermos aos princípios

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