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Ave Cristo - Espiritismoemdebate.com.br

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146<<strong>br</strong> />

— Dá trabalho aos teus cooperadores! Se tens a missão de a<strong>br</strong>ir-nos a<<strong>br</strong> />

porta da masmorra, não te detenhas! O espírito do Evangelho <strong>br</strong>ilha acima do<<strong>br</strong> />

cárcere.<<strong>br</strong> />

Vendo que Lucano lhe estendia, valoroso, as mãos engelhadas, Liberato<<strong>br</strong> />

avançou, pronunciando algumas palavras do cerimonial, em nome do Estado, e<<strong>br</strong> />

atou-lhe os pulsos.<<strong>br</strong> />

Os colaboradores seguiram-lhe os movimentos, algemando os demais.<<strong>br</strong> />

Alguns mem<strong>br</strong>os da expedição oficiosa deitaram olhares lascivos às moças<<strong>br</strong> />

trêmulas, mas a presença de Vestino, cujas palavras lhes haviam lançado<<strong>br</strong> />

tantas verdades ao rosto, <strong>com</strong>o que lhes impunha forçado respeito.<<strong>br</strong> />

O trajeto fêz-se em silêncio.<<strong>br</strong> />

Os cristãos, à maneira de animais pacientes, não reagiram, sustentando-se<<strong>br</strong> />

em preces fervorosas, mas, quando penetraram o pátio da prisão, entreolharam-se,<<strong>br</strong> />

angustiados.<<strong>br</strong> />

Algo aconteceu correspondendo-lhes à expectativa.<<strong>br</strong> />

A voz seca de Numício determinou parada <strong>br</strong>eve e Lívia, Lucina e Prisca<<strong>br</strong> />

foram rudemente separadas do grupo.<<strong>br</strong> />

Existia antiga lei que vedava o sacrifício de virgens nos espetáculos e, sob<<strong>br</strong> />

esse pretexto, era costume apartar dos recém-detidos as mulheres mais<<strong>br</strong> />

moças, a fim de que a crueldade dos verdugos lhes subtraisse a pureza<<strong>br</strong> />

corpórea, antes de qualquer interrogatório mais rigoroso.<<strong>br</strong> />

O velho afinador a<strong>br</strong>açou Lívia, cujos olhos se mantinham velados de<<strong>br</strong> />

pranto que não chegava a cair, e falou emocionado:<<strong>br</strong> />

— Adeus, minha filha! Creio não mais nos veremos nesta vida mortal.<<strong>br</strong> />

Esperar-te-ei, porém, na eternidade... Se te demorares na Terra, não te sintas<<strong>br</strong> />

a distância de meus passos. Permaneceremos juntos, em espírito... Somente a<<strong>br</strong> />

carne mora à som<strong>br</strong>a do túmulo... Se fôres ultrajada, perdoa... O progresso do<<strong>br</strong> />

mundo é feito <strong>com</strong> o suor dos que padecem, e a justiça, entre os homens, é um<<strong>br</strong> />

santuário levantado pela dor dos vencidos... Não te consternes, nem te<<strong>br</strong> />

suponhas abandonada!...<<strong>br</strong> />

Ergueu os olhos para o Alto, <strong>com</strong>o quem indicava no Céu a última pátria<<strong>br</strong> />

que lhes restava, e concluiu:<<strong>br</strong> />

— Um dia, reunir-nos-emos, de novo, no lar sem lágrimas e sem morte!...<<strong>br</strong> />

Sorriso amargo assomou-lhe ao rosto.<<strong>br</strong> />

A moça enlaçou-o, carinhosamente, e osculou-lhe a face pálida sem<<strong>br</strong> />

articular palavra alguma. Incoercível emoção constringia-lhe o peito.<<strong>br</strong> />

Liberato gritou contra a demora, enquanto dois legionários insistiam <strong>com</strong> as<<strong>br</strong> />

jovens, que por fim se deixaram levar sem resistência.<<strong>br</strong> />

Ao se retirarem, caminhavam as três, aflitas e hesitantes, mas Cesídia,<<strong>br</strong> />

viúva e mãe, clamou para elas, em tom <strong>com</strong>ovedor:<<strong>br</strong> />

— Filhas do meu coração! não nos rendamos ao mal... Procuremos, <strong>com</strong><<strong>br</strong> />

valor, a vontade do <strong>Cristo</strong>! Deus nos assiste, e a verdade nos guia... Mais vale<<strong>br</strong> />

a morte <strong>com</strong> liberdade que a vida <strong>com</strong> escravidão! Avancemos resolutas! as<<strong>br</strong> />

feras do anfiteatro são nossas benfeitoras!... Adeus! Adeus!...<<strong>br</strong> />

Prisca e Lucina, <strong>com</strong> os rostos lavados em pranto sem desespero,<<strong>br</strong> />

demandaram a senda imunda que lhes era apontada, atirando beijos aos amigos<<strong>br</strong> />

que ficavam atrás.<<strong>br</strong> />

Os prisioneiros retomaram a marcha.<<strong>br</strong> />

Um pouco adiante, as matronas foram igualmente arrebatadas a celas<<strong>br</strong> />

diferentes, enquanto os catorze homens, amargurados mas firmes na fé, se

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