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traços de uma ventura ignorada na Terra, e continuou a falar:<<strong>br</strong> />
— Nosso recinto permanece gloriosamente visitado pelos mártires que nos<<strong>br</strong> />
antecederam...<<strong>br</strong> />
E, <strong>com</strong> a voz quase embargada pelo pranto, nascido da alegria em que se<<strong>br</strong> />
lhe desabotoava o coração, prosseguiu:<<strong>br</strong> />
— Ofuscam-me o olhar <strong>com</strong> a bendita luz de que se vestem! À frente,<<strong>br</strong> />
entrou Ireneu, o nosso pastor inesquecível, trazendo nas mãos um rolo<<strong>br</strong> />
resplendente... Depois dele, outros amigos espirituais, glorificados no Reino,<<strong>br</strong> />
penetraram nossa porta, <strong>com</strong> sorrisos de amor!... Vejo-os a todos... Conheçoos,<<strong>br</strong> />
de minha primeira mocidade! São velhos <strong>com</strong>panheiros nossos, trucidados<<strong>br</strong> />
ao tempo dos imperadores Séptimo Severo e Caracala!... (13) Aqui se<<strong>br</strong> />
encontram Ferréolo e Ferrúcio, <strong>com</strong> radiantes auréolas, a <strong>com</strong>eçarem da boca,<<strong>br</strong> />
lem<strong>br</strong>ando o suplício da língua que lhes foi violentamente arrancada!...<<strong>br</strong> />
(13) Refere-se a palavra de Vestino a vários mártires cristãos, da França,<<strong>br</strong> />
algum dos quais estão inscritos na história dos santos. — (Nota do Autor<<strong>br</strong> />
espiritual.)<<strong>br</strong> />
Andeolo, o valoroso subdiácono, traz so<strong>br</strong>e a fronte um diadema formado de<<strong>br</strong> />
quatro estrelas, recordando a flagelação da cabeça, partida em quatro partes<<strong>br</strong> />
pelos soldados... Félix, a quem subtrairam o coração vivo do peito, traz no<<strong>br</strong> />
tórax um astro irradiante! Valentiniana e Dinócrata, as virgens que suportaram<<strong>br</strong> />
pavorosos insultos dos legionários, envergam peplos alvinitentes!... Lourenço,<<strong>br</strong> />
Aurélio e Sofrônio, três rapazes <strong>com</strong> os quais <strong>br</strong>inquei em minha infância e que<<strong>br</strong> />
foram varados por espadas de pau, são portadores de palmas liriais!... Outros<<strong>br</strong> />
chegam e nos saúdam, vitoriosos... Ireneu aproxima-se de mim e destaca um<<strong>br</strong> />
dos fragmentos do rolo de luz... Re<strong>com</strong>enda-me a leitura em voz alta!...<<strong>br</strong> />
Vestino faz <strong>br</strong>eve pausa e exclama, admirado:<<strong>br</strong> />
— Ah! é a segunda epístola do apóstolo Paulo aos Coríntios!<<strong>br</strong> />
Com voz entrecortada pela emoção, passou a ler:<<strong>br</strong> />
— “Em tudo (14) somos atribulados, mas não angustiados; perplexos, mas<<strong>br</strong> />
não desanimados; perseguidos, mas não desamparados; abatidos, mas não<<strong>br</strong> />
destruidos; trazendo sempre por toda a parte a mortificação do Senhor Jesus<<strong>br</strong> />
em nosso corpo, para que a sua gloriosa vida se manifeste igualmente em<<strong>br</strong> />
nós...”<<strong>br</strong> />
Em seguida a curto intervalo, anunciou:<<strong>br</strong> />
— Comunica-nos o amado orientador que a nossa hora de testemunho<<strong>br</strong> />
está próxima. Pede-nos calma, coragem, fidelidade e amor... Nenhum de nós<<strong>br</strong> />
será lançado ao abandono...<<strong>br</strong> />
Alguns terão a morte adiada, mas todos conheceremos o cálice do<<strong>br</strong> />
sacrifício...<<strong>br</strong> />
Após ligeira pausa, notificou que os visitantes cantavam um hino de graças,<<strong>br</strong> />
em louvor ao Mestre Amantíssimo.<<strong>br</strong> />
(14) 2ª Epístola aos Coríntios, capítulo 4, versículos 8 a 10. — (Nota do<<strong>br</strong> />
Autor espiritual.)<<strong>br</strong> />
O pregador permaneceu em longo silêncio, <strong>com</strong>o se se pusesse a escutar<<strong>br</strong> />
a melodia Inacessível à percepção dos <strong>com</strong>panheiros.<<strong>br</strong> />
Torrentes de lágrimas corriam-lhe pela face envelhecida.