02.05.2014 Views

Ave Cristo - Espiritismoemdebate.com.br

Ave Cristo - Espiritismoemdebate.com.br

Ave Cristo - Espiritismoemdebate.com.br

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

127<<strong>br</strong> />

Casei-me em obediência a meu pai. Agora, creio haver chegado o instante em<<strong>br</strong> />

que devo ser obedecida.<<strong>br</strong> />

Teódulo silenciou.<<strong>br</strong> />

Seria inútil argumentar <strong>com</strong> aquela vontade férrea.<<strong>br</strong> />

Enquanto Anacleta auxiliava a jovem enferma, Helena e o amigo<<strong>br</strong> />

atravessaram o dia refletindo no acontecimento traçado para a noite.<<strong>br</strong> />

Marcelo não faltou à palavra.<<strong>br</strong> />

Na hora justa, elegante e bem posto, alcançou o jardim, encontrando o<<strong>br</strong> />

suposto benfeitor da véspera a esperá-lo no isolado recinto verde, onde ele e<<strong>br</strong> />

Lucila costumavam sonhar.<<strong>br</strong> />

A<strong>br</strong>açou-o Teódulo, imperturbável.<<strong>br</strong> />

— Trago o coração pulando no peito — disse o rapaz, tremendo de<<strong>br</strong> />

ansiedade —; acaso, os deuses me favorecem?<<strong>br</strong> />

— Como não? — respondeu, cordial, o intendente de Opilio — os imortais<<strong>br</strong> />

nunca desprezam a juventude...<<strong>br</strong> />

— E Lucila? — atalhou o recém-chegado, impaciente.<<strong>br</strong> />

— Ela e a mãezinha virão ter conosco. O avô deseja que o assunto do<<strong>br</strong> />

casamento seja carinhosamente examinado. Ninguém se oporá, desde que os<<strong>br</strong> />

pombinhos se entendam e sejam felizes.<<strong>br</strong> />

Marcelo esfregou as mãos, contente, e <strong>com</strong>entou, espontâneo:<<strong>br</strong> />

— Oh! a glória enfim!... O amor vitorioso uma herança polpuda!...<<strong>br</strong> />

— Sim, realmente — afirmou o amigo, <strong>com</strong> indefinível inflexão de voz —,<<strong>br</strong> />

receberás a herança que, naturalmente, será justo esperares da vida.<<strong>br</strong> />

O moço fitou as janelas iluminadas do casarão magnífico e, voltando-se<<strong>br</strong> />

para o interlocutor, exclamou, encantado:<<strong>br</strong> />

— Oh! <strong>com</strong>o passa o tempo devagar!... Teódulo, serás re<strong>com</strong>pensado. Darte-ei<<strong>br</strong> />

bons cavalos e bolsa farta! conta <strong>com</strong>igo. Sou o homem mais ditoso da<<strong>br</strong> />

Terra!...<<strong>br</strong> />

Enlaçado por Marcelo, que transbordava alegria, o <strong>com</strong>panheiro concordou,<<strong>br</strong> />

muito calmo:<<strong>br</strong> />

— Sim, graças aos deuses, vejo-te no lugar que te <strong>com</strong>pete.<<strong>br</strong> />

Solicitou ao rapaz aguardasse alguns instantes e demandou o interior<<strong>br</strong> />

doméstico, alegando a necessidade de <strong>com</strong>unicar-se <strong>com</strong> as senhoras.<<strong>br</strong> />

Decorridos alguns minutos, Teódulo reapareceu <strong>com</strong> uma salva de prata,<<strong>br</strong> />

em que duas taças de primorosa beleza ladeavam gracioso recipiente de vinho,<<strong>br</strong> />

exclamando para Volusiano:<<strong>br</strong> />

— Cele<strong>br</strong>emos nosso triunfo! Mãe e filha não tardam. Em poucos<<strong>br</strong> />

momentos, as tochas <strong>br</strong>ilharão.<<strong>br</strong> />

O liquido espumou, convidativo, e o rapaz aceitou a taça que Teódulo lhe<<strong>br</strong> />

oferecia.<<strong>br</strong> />

— Por Dioniso! o protetor do vinho, da Natureza e da felicidade! — saudou<<strong>br</strong> />

o aventureiro de Massília, em<strong>br</strong>iagado de esperança.<<strong>br</strong> />

— Por Dioniso! — repetiu o <strong>com</strong>panheiro sem pestanejar.<<strong>br</strong> />

Marcelo sorveu a bebida até à última gota, contudo, quando tentou repor o<<strong>br</strong> />

copo no lugar primitivo, sentiu que um fogo indefinível lhe queimava a<<strong>br</strong> />

garganta. Quis gritar, mas não conseguiu. Por alguns instantes, guardou a<<strong>br</strong> />

impressão de que a sua cabeça rodopiava inexplicavelmente so<strong>br</strong>e os om<strong>br</strong>os.<<strong>br</strong> />

Não mais se agüentou nas pernas e caiu desamparado no florido piso de<<strong>br</strong> />

mármore, ferindo a nuca.<<strong>br</strong> />

Teódulo inclinou-se, auxiliando-o a situar-se em decúbito dorsal.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!