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Ave Cristo - Espiritismoemdebate.com.br

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124<<strong>br</strong> />

Volusiano entrou, de semblante carregado.<<strong>br</strong> />

Parecia triste e inquieto.<<strong>br</strong> />

Sétimo, interessado em servir ao <strong>com</strong>panheiro, não perdeu tempo.<<strong>br</strong> />

Atraindo-o <strong>com</strong> sorriso acolhedor, ofereceu-lhe um lugar à mesa.<<strong>br</strong> />

Teódulo e o recém-chegado entraram em animada palestra so<strong>br</strong>e<<strong>br</strong> />

gladiadores e arenas e, verificando-lhes a intimidade que se fizera espontânea,<<strong>br</strong> />

Sabino retirou-se, justamente quando as primeiras taças <strong>com</strong>eçaram a<<strong>br</strong> />

aparecer, frescas e abundantes.<<strong>br</strong> />

A sós <strong>com</strong> o rapaz, o enviado de Helena, adivinhando-lhe a mágoa, depois<<strong>br</strong> />

de bebericarem por alguns minutos, aparentou maior avidez pelo vinho e<<strong>br</strong> />

exclamou:<<strong>br</strong> />

Que seria do mundo se os deuses não nos dessem o que beber?<<strong>br</strong> />

Modificar nossa alma num copo, eis o segredo da felicidade! Sorvamos o vinho<<strong>br</strong> />

para que o vinho nos absorva!<<strong>br</strong> />

Marcelo achou graça no rifão e mostrou forçado sorriso, acentuando:<<strong>br</strong> />

— É a pura realidade. Numa noite negra <strong>com</strong>o esta, beber é fugir, alhearse,<<strong>br</strong> />

esquecer...<<strong>br</strong> />

Mergulhou os lábios na taça transbordante e, ao ver-lhe os olhos<<strong>br</strong> />

esfogueados, Teódulo aventurou uma sondagem sutil:<<strong>br</strong> />

— Procuro também desaparecer de mim próprio... Nada existe de mais<<strong>br</strong> />

doloroso que um amor infeliz...<<strong>br</strong> />

— Um amor infeliz! — considerou o interlocutor apanhado de surpresa —<<strong>br</strong> />

não pode ser mais infortunado que o meu... Vejo-me em escuro labirinto, a<<strong>br</strong> />

debater-me só, plenamente sozinho...<<strong>br</strong> />

— Se algo posso fazer, dispõe de mim.<<strong>br</strong> />

E, disfarçando a ansiedade que o dominava, o intendente de Vetúnio<<strong>br</strong> />

indagou:<<strong>br</strong> />

— Moras em Roma, há muito tempo?<<strong>br</strong> />

Longe de sentir-se examinado, Volusiano, talvez no incontido desejo de<<strong>br</strong> />

associar alguém aos problemas que o torturavam, desabafou:<<strong>br</strong> />

— Sou romano, contudo, estive distanciado da capital, muito tempo. Cruzei<<strong>br</strong> />

o Mediterrâneo em várias direções e cheguei da Gália Narbonense há meses.<<strong>br</strong> />

Vinha no propósito de imprimir novo rumo à existência, entretanto, os imortais<<strong>br</strong> />

não me permitiram a transformação a que aspirava...<<strong>br</strong> />

Marcelo tragou mais um gole e prosseguiu:<<strong>br</strong> />

— Uma beldade irresistível fascinou-me. Não tive forças e amei-a,<<strong>br</strong> />

freneticamente... Minha diva, porém, mora tão alto, tão alto, que, ainda agora,<<strong>br</strong> />

por mais a esperasse, não conseguiu descer para aquecer-me os <strong>br</strong>aços frios...<<strong>br</strong> />

— Trata-se, então, de uma Vênus assim tão rara?<<strong>br</strong> />

— Sim — suspirou o moço, caminhando para a em<strong>br</strong>iaguez —, é uma<<strong>br</strong> />

beleza que me afoga a consciência e me consome o coração.<<strong>br</strong> />

— Daqui mesmo?<<strong>br</strong> />

— Oh! quem poderá conhecer a origem exata de uma deusa? é uma<<strong>br</strong> />

pomba tímida. Fala pouco de si mesma, provavelmente <strong>com</strong> receio de que nos<<strong>br</strong> />

destruam a felicidade. Sei apenas que reside em Lião, encontrando-se agora<<strong>br</strong> />

em prolongado repouso, junto do avô.<<strong>br</strong> />

— Ah! — considerou Teódulo, manhoso — justamente de Lião? Moro lá<<strong>br</strong> />

também, achando-me na cidade a serviço...<<strong>br</strong> />

Volusiano mostrou algum so<strong>br</strong>essalto no olhar em que ainda fulguravam<<strong>br</strong> />

réstias de lucidez, e falou, restringindo a espontaneidade:

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