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Não te julgues relegado ao abandono!...<<strong>br</strong> />
Ainda mesmo quando as nossas preces se expandam ardentes, perante os<<strong>br</strong> />
ídolos sem alma, o coração augusto do Senhor as recolhe na misteriosa<<strong>br</strong> />
concha do seu amor infinito, apressando o socorro às nossas necessidades.<<strong>br</strong> />
Tem calma e confiança, filho meu! Voltaremos à experiência da carne para<<strong>br</strong> />
resgatar e reaprender.<<strong>br</strong> />
Nesse instante, Taciano, magnetizado pelo olhar paterno, tentou erguer-se<<strong>br</strong> />
para a<strong>br</strong>açá-lo ou rojar-se até o chão, a fim de Oscular-lhe os pés; no entanto,<<strong>br</strong> />
<strong>com</strong>o se estivesse imobilizado por laços invisíveis, não conseguiu articular<<strong>br</strong> />
qualquer movimento.<<strong>br</strong> />
— Ouve-me! — prosseguiu Varro, <strong>com</strong>padecidamente - pedes o retorno à<<strong>br</strong> />
liça terrestre, entediado de ti mesmo, e receberás semelhante concessão.<<strong>br</strong> />
Estaremos novamente reunidos, na cela corpórea do mundo físico —<<strong>br</strong> />
abençoada escola de nossa regeneração para a vida eterna, todavia, não mais<<strong>br</strong> />
na exaltação do orgulho e do poder.<<strong>br</strong> />
Nossos deuses de pedra estão mortos.<<strong>br</strong> />
Júpiter, <strong>com</strong> o seu carro de triunfo, passou para sempre. Em lugar dele,<<strong>br</strong> />
surge o Mestre da Cruz, o escultor divino da perfeição espiritual imperecível,<<strong>br</strong> />
que nos toma por tutelados felizes do seu Coração.<<strong>br</strong> />
Outrora, acreditávamos que a púrpura romana so<strong>br</strong>e o sangue dos<<strong>br</strong> />
vencidos era o símbolo de nossa felicidade racial e admitíamos que os gênios<<strong>br</strong> />
celestes deviam permanecer submetidos aos nossos caprichosos impulsos.<<strong>br</strong> />
Hoje, porém, o Crísto nos orienta o passo por estradas diversas. A Humanidade<<strong>br</strong> />
é a nossa família e o mundo é o nosso Lar Maior, onde todos somos<<strong>br</strong> />
irmãos. Diante do Céu, não há escravos nem senhores e sim criaturas ligadas<<strong>br</strong> />
entre si pela mesma origem divina.<<strong>br</strong> />
Os cristãos que não <strong>com</strong>preendes agora são os alicerces da glória futura.<<strong>br</strong> />
Humilhados e escarnecidos, vilipendiados e mortos no sacrifício, representam a<<strong>br</strong> />
promessa de paz e sublimação para o mundo.<<strong>br</strong> />
Um dia, ninguém se lem<strong>br</strong>ará do fausto de nossas mentirosas cele<strong>br</strong>ações.<<strong>br</strong> />
A ventania que sopra dos montes gelados espalhará so<strong>br</strong>e o chão escuro a<<strong>br</strong> />
cinza de nossa miserável grandeza, então convertida em lamentação e pó. Mas<<strong>br</strong> />
a renúncia dos homens e das mulheres que hoje se deixam imolar por uma<<strong>br</strong> />
vida melhor estará cada vez mais santificada e mais viva, na fraternidade que<<strong>br</strong> />
reinará soberana!...<<strong>br</strong> />
Talvez reparando a profunda surpresa do jovem que o escutava, trêmulo e<<strong>br</strong> />
abatido, Quinto Varro acentuou:<<strong>br</strong> />
— Prepara-te <strong>com</strong>o valoroso soldado do bem. Em <strong>br</strong>eve tempo,<<strong>br</strong> />
regressaremos à escola da carne. Serás para mim a estrela da manhã,<<strong>br</strong> />
indicando-me a chegada do Sol de cada dia. Certo, sofrimentos cruéis abaterse-ão<<strong>br</strong> />
so<strong>br</strong>e nós, qual ocorre aos servidores da verdade nesta noite de<<strong>br</strong> />
tormentosa flagelação. Indubitàvelmente, a dor espreitar-nos-á a existência,<<strong>br</strong> />
porque a dor é o selo do aperfeiçoamento moral no mundo... Conheceremos a<<strong>br</strong> />
separação e a desventura, o fel e o martírio, mas o pão da graça celeste entre<<strong>br</strong> />
os homens por muitos séculos ainda será amassado no suor e nas aflições dos<<strong>br</strong> />
servidores da luz! Seguirei teus passos, à maneira do cão fiel, e espero que,<<strong>br</strong> />
unido ao meu coração, poderás repetir, mais tarde:<<strong>br</strong> />
— <strong>Ave</strong>, <strong>Cristo</strong>! os que vão viver para sempre te glorificam e saúdam!...<<strong>br</strong> />
O mensageiro fêz longa pausa, enquanto aves noturnas piavam,<<strong>br</strong> />
doloridamente, no arvoredo mergulhado nas som<strong>br</strong>as.<<strong>br</strong> />
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