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Ave Cristo - Espiritismoemdebate.com.br

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116<<strong>br</strong> />

me acolheu!<<strong>br</strong> />

Desde cedo, habituei-me a a<strong>com</strong>panhá-lo nas digressões filosóficas e a<<strong>br</strong> />

interpretar a vida, segundo as realidades que o mundo nos oferece. Na época<<strong>br</strong> />

em que quase todas as meninas estão perturbadas pela ilusão, fui conduzida à<<strong>br</strong> />

responsabilidade e ao trabalho. Em Massília, tudo nos custou caro ao esforço<<strong>br</strong> />

pessoal e, por isso, aprendi que não atingiremos a paz sem desculpar os erros<<strong>br</strong> />

alheios que, em outras circunstâncias, poderiam ser nossos.<<strong>br</strong> />

— Não sentes, então, saudades do homem que amaste? não lhe<<strong>br</strong> />

disputarias a posse?<<strong>br</strong> />

— Porquê? — indagou a interlocutora, serena.<<strong>br</strong> />

— As saudades que eu possa experimentar não devem impedir o Céu de<<strong>br</strong> />

mostrar-me o melhor caminho. Bom seria se eu pudesse partilhar a felicidade<<strong>br</strong> />

<strong>com</strong> meu esposo, entretanto, se esse convívio me constrangesse a <strong>com</strong>eter<<strong>br</strong> />

um crime, em desacordo <strong>com</strong> a retidão de minha consciência, não será mais<<strong>br</strong> />

justo o benefício da ausência? Quanto a disputar atenções e carinhos de<<strong>br</strong> />

outrem, não creio seja o amor objeto de leilão, O afeto, a confiança e a ternura,<<strong>br</strong> />

a meu ver, devem ser tão espontâneos quanto as águas cristalinas de um manancial.<<strong>br</strong> />

— Não acreditas, porém, na so<strong>br</strong>evivência da felicidade noutros moldes? —<<strong>br</strong> />

E, baixando o tom de voz, que se fizera mais doce, o marido de Helena<<strong>br</strong> />

perguntou: Não admites a nossa capacidade de construir novo ninho, em novo<<strong>br</strong> />

campo de <strong>com</strong>preensão e ventura?<<strong>br</strong> />

Lívia, extremamente enrubescida, lançou-lhe inesquecível olhar e<<strong>br</strong> />

concordou:<<strong>br</strong> />

— Sim, creio! Sinto em tua dedicação no<strong>br</strong>e e calma uma praia linda e<<strong>br</strong> />

segura, capaz de proteger o barco de meu destino contra todos os vendavais.<<strong>br</strong> />

Amo-te muito! Desco<strong>br</strong>i esta verdade, logo que nos vimos pela primeira vez!<<strong>br</strong> />

Compreendo, agora, que Marcelo me trouxe os encantamentos da menina, ao<<strong>br</strong> />

passo que, em tua <strong>com</strong>panhia, assinalo em mim os anseios da mulher... A<<strong>br</strong> />

nenhuma glória feminina poderia eu aspirar mais alta que a de <strong>com</strong>partir de<<strong>br</strong> />

teus sentimentos, entretanto, não mais nos pertencemos...<<strong>br</strong> />

Anotando-lhe a última frase, marcada de desapontamento e amargura, o<<strong>br</strong> />

filho de Varro interrompeu-lhe a palavra, considerando, impulsivo:<<strong>br</strong> />

— Se me queres e se eu te quero tanto, porque nos prendermos aos que<<strong>br</strong> />

nos desprezam? Renovaremos a própria sorte, seremos felizes, teu pai<<strong>br</strong> />

entender-nos-á...<<strong>br</strong> />

Lívia desatou o pranto de emotividade que lhe dominava o coração, e falou<<strong>br</strong> />

em voz entrecortada:<<strong>br</strong> />

— Possuis, ligada ao teu nome, a esposa que te premiou <strong>com</strong> duas<<strong>br</strong> />

filhinhas...<<strong>br</strong> />

— Minha esposa? — ponderou o interlocutor, inquieto — e se eu te<<strong>br</strong> />

dissesse que ela não encontrou em mim o homem que esperava? e se eu te<<strong>br</strong> />

afirmasse, <strong>com</strong> provas inequívocas, que ela se consagrou a outra espécie de<<strong>br</strong> />

amor?<<strong>br</strong> />

A moça suspirou, aflita, e <strong>com</strong>entou:<<strong>br</strong> />

— Não duvido de teus informes, contudo, o tempo e o espírito de sacrifício<<strong>br</strong> />

podem modificar a situação...<<strong>br</strong> />

E, indicando a menina que <strong>br</strong>incava, distante, acrescentou <strong>com</strong> firmeza:<<strong>br</strong> />

— Blandina é também um amor que confia em nós. Se adotássemos uma<<strong>br</strong> />

conduta igual à daqueles que nos ferem, talvez lhe envenenássemos

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