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Revista Espírita - Décimo primeiro ano - 1868 - O Consolador

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A expansão recíproca é, pois, a grande lei humanitária, e a concentração, quer dizer,<br />

a dissimulação de nossas ações, de nossos pensamentos, de nossas aspirações é uma<br />

espécie de roubo que cometemos em prejuízo de todo o mundo. Que progresso se fará,<br />

se guardarmos em nós tudo o que a Natureza e a educação colocaram em nós, e se cada<br />

um agir do mesmo modo a nosso respeito?<br />

Exilados voluntários e nos mantendo fora do comércio de nossos irmãos, nós nos<br />

concentramos em uma idéia fixa; a imaginação obsidiada procura a isto subtrair-se<br />

perseguindo todas as espécies de pensamentos sem continuidade, e pode-se chegar<br />

assim até a loucura, justo castigo que nos é infligido por não querer caminhar nas vias<br />

naturais.<br />

Vivamos, pois, nos outros, e eles em nós, a fim de que todos nós não façamos<br />

senão um. As grandes alegrias, como as grandes dores, nos cansam quando não estão<br />

confiadas a um amigo. Toda solidão é má e condenada, e toda coisa contrária ao voto da<br />

Natureza conduz à sua conseqüência de inevitáveis, de imensas desordens interiores.<br />

lI<br />

OS INSPIRADOS<br />

A inspiração é mais rara do que a alucinação, porque ela não se prende só ao<br />

estado físico, mas ainda e sobretudo à situação moral do indivíduo predisposto a recebêla.<br />

Todo homem não dispõe senão de uma certa parte de inteligência que lhe é dado<br />

desenvolver pelo seu trabalho. Chegado ao ponto culminante onde lhe é permitido atingir,<br />

se detém um momento, depois retorna ao estado primitivo, ao estado de criança, menos<br />

essa própria inteligência que, num cresce cada dia, e no velho diminui, se extingue e<br />

desaparece. Então, tendo tudo dado, e não podendo mais nada acrescentar à bagagem<br />

de seu século, ele parte, mas para ir continuar em outra parte sua obra interrompida neste<br />

mundo; ele parte, mas deixando o lugar rejuvenescido a um outro que, chegando à idade<br />

viril, terá a força de cumprir, a seu turno, uma missão maior e mais útil.<br />

O que chamamos a morte não é senão o devotamento ao progresso e à<br />

Humanidade. Mas nada morre, tudo sobrevive e se reencontra pela transmissão do<br />

pensamento dos seres que partiram <strong>primeiro</strong> que têm ainda, pela parte mais etérea de si<br />

mesmos, a pátria deixada, mas não esquecida, que amam sempre, uma vez que é<br />

habitada pelos continuadores de sua vida, pelos herdeiros de suas idéias, aos quais se<br />

comprazem em insuflar por momentos as que não tiveram tempo de semear em torno<br />

deles, ou que não puderam ver progredir ao gosto de suas esperanças.<br />

Não tendo mais órgãos ao serviço de sua inteligência, vêm pedir aos homens de boa<br />

vontade que apreciam, de lhes ceder, por um momento, o lugar. Sublimes benfeitores<br />

ocultos, impregnam seus irmãos da quintessência de seus pensamentos, a fim de que<br />

sua obra esboçada prossiga e termine passando pelo cérebro daqueles que podem lhe<br />

mandar fazer seu caminho no mundo.<br />

Entre os amigos desaparecidos e nós, o amor continua, e o amor é a vida. Eles nos<br />

falam com a voz de nossa consciência posta em alerta. Purificados e melhores, não nos<br />

trazem senão coisas puras, libertos que são de toda parte material como de todas as<br />

mesquinharias de nossa pobre existência. Eles nos inspiram no sentimento que tinham<br />

neste mundo, mas nesse sentimento livre de toda mistura.<br />

Resta-lhes ainda uma parte de si mesmos para dar: eles no-la trazem, e nos<br />

deixando crer que a obtivemos unicamente pelo nosso trabalho pessoal. Daí vêm essas<br />

revelações inesperadas que confundem a ciência. O espírito de Deus sopra onde quer...<br />

Desconhecidos fazem as grandes descobertas, e o mundo oficial das academias está lá<br />

para entravar-lhes a passagem.<br />

3

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