patrícia moreira sampaio - Uece

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Para a compreensão dessa tira e o aproveitamento de todo o seu efeito cômico, é
necessário que o leitor tenha o conhecimento de que Cuba era um grande produtor de açúcar
nas décadas de sessenta e de setenta, ou que, pelo menos, consiga presumir isso com a leitura
da tira. Essa mesma noção, deve ter, o tradutor antes de traduzi-la, para que os elementos
principais da mensagem não sejam prejudicados.
Nessa tira, a imagem do terceiro quadrinho, a sala repleta de flores, é essencial
para a produção do humor, pois sem ela a parte verbal não faria o menor sentido. É justamente
nesse quadro que está o gatilho de que fala Raskin (1985), que permite passar de um script
para outro: da satisfação em presentear uma garota que se gosta ao descontentamento e à
insatisfação em perceber que foi tudo em vão. Além disso, é exatamente aí que ocorre uma
quebra na expectativa de Felipe: ele esperava que Mafalda guardasse o seu presente em um
lugar especial, o que não ocorre.
A grande polêmica na tradução foi a permanência ou não do termo “Fidel Castro”
no texto. Diferente do exemplo anterior, a grande maioria preferiu trocar essa referência por
outra mais atual e que trouxesse a mesma carga semântica da tirinha em espanhol. Daí
observam-se os seguintes exemplos:
Aluno 1 ( estudo 2):
FIGURA 83- Tira 08. Tradução de um aluno do Estudo 2.
Relatório
“Essa, foi uma das tirinhas mais engraçadas que eu achei, pois o humor
vem de uma ação inicialmente inocente e delicada: dar uma flor a quem se
gosta. O pobre do Felipe se dá mal no final e é isso que nos faz rir, eu, na
verdade, dei uma gargalhada, pois lembrei de algo parecido que já aconteceu
comigo. Bom, mas o que realmente me fez refletir foi se modificava ou não o
Fidel Castro, quando fosse traduzir, e eu decidi mudar, sim. Acho que ficou
muito mais engraçado para os dias de hoje, colocar o ‘Bill Gates’ no lugar do
Fidel. Acho que a idéia ficou igual.”