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Durante os nove anos das aventuras da Mafalda, foram várias as crises econômicas<br />
presenciadas pelos argentinos. Como afirma Barba (2006):<br />
Em 1964, por exemplo, havia uma conjunção de desvalorização constante da<br />
moeda e fraco desempenho agrícola. A conseqüente recessão deixou<br />
desempregados quase um terço dos trabalhadores, predominando uma crise<br />
generalizada e a estagnação. Quando tomou o poder, o general Onganía lançou seu<br />
Plano de Estabilização e Desenvolvimento. Uma das principais medidas foi facilitar<br />
a entrada de produtos estrangeiros no país, o que causou a falência de centenas de<br />
empresas argentinas, incapazes de competir com os importados. (Barba,2006:54)<br />
A partir de 1966, a Argentina começou a viver um período semelhante ao da<br />
ditadura em nosso país. Pessoas desapareciam de um dia para o outro, jornais eram<br />
censurados e o autoritarismo do governo militar, com o congelamento dos salários,<br />
incomodavam muito os trabalhadores. Todos esses acontecimentos aumentavam a<br />
impopularidade do governo e a conseqüente repressão aos que eram contra ele.<br />
O regime militar na Argentina só foi se enfraquecendo a partir de 1969, após uma<br />
violenta repressão à maior manifestação de estudantes e trabalhadores já vista no país. Esse<br />
acontecimento ficou conhecido como “Cordobazo” (Barba, 2006:56) e acabou tendo um<br />
efeito multiplicador, incitando outras manifestações país afora.<br />
Diante de toda essa crise, Quino foi publicando suas tiras, criticando todo esse<br />
sistema opressor de uma forma bastante inteligente e perspicaz. Pela metáfora da “sopa”,<br />
criticou até mesmo o governo militar vigente na época. Ocorre que Mafalda odeia sopa e<br />
todas as vezes que a mãe insiste em lhe servir a iguaria, a menina a rejeita e faz questão de<br />
demonstrar todo o seu descontentamento. Segundo o próprio cartunista “a sopa era uma<br />
metáfora do autoritarismo militar”, assunto que, naquela época não podia ser discutido<br />
diretamente.<br />
2.4.3 Mafalda e sua turma<br />
Mafalda não é uma menina como outra qualquer. Humilde e comprometida com as<br />
etnias, não entende o comportamento dos adultos para com elas. É famosa no mundo inteiro<br />
pela graça de suas perguntas, por sua inocência e por seus ideais. Prova disso, é que suas tiras<br />
já foram traduzidas para 26 idiomas (desde o japonês, italiano, português, até o grego, francês<br />
e holandês).<br />
Apesar de analfabeta nas primeiras histórias, a menina tem sede de conhecimento,<br />
deseja estudar, falar diversos idiomas e ser intérprete na ONU, seu grande sonho (Figura 11).