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2 AS TIRAS DE QUADRINHOS: MAFALDA EM FOCO<br />
Este capítulo está dividido em 4 partes. Na primeira traçamos um breve histórico<br />
do surgimento das tiras de quadrinhos. Na segunda, apresentamos os principais elementos que<br />
se inter-relacionam na construção da linguagem das tiras. Na terceira, discutimos,<br />
especificamente, o trabalho de Lins (2002), que traz considerações sobre a linguagem das tiras<br />
da Mafalda. Por fim, na quarta parte, apresentamos alguns aspectos inerentes à obra de Quino<br />
(2005), Mafalda, tais como, o surgimento e o contexto histórico das tirinhas e as<br />
características dos personagens.<br />
2.1 O surgimento das tiras de quadrinhos<br />
De certo modo, pode-se afirmar que as histórias em quadrinhos têm sua origem<br />
mais remota nos primórdios da história da humanidade, quando o homem se utilizava da<br />
imagem gráfica para registrar elementos de comunicação para seus contemporâneos nas<br />
paredes das cavernas.<br />
Assim, quando o homem primitivo desenhava a imagem dele mesmo e de um<br />
animal abatido, provavelmente estava vangloriando-se por uma caçada vitoriosa, ou ainda,<br />
como pensam alguns, a finalidade dessas pinturas “pode ter sido mágica, e a imagem<br />
presumivelmente habitava seu autor (ou tribo) a surpreender e matar o animal assim<br />
representado” (WOODFORD, 1983:07) e com isso, também registrava uma das primeiras<br />
histórias contadas por uma sucessão de imagens. Para se obter algo semelhante ao que hoje<br />
conhecemos como história em quadrinhos só bastaria enquadrar essas imagens.<br />
Assim como os homens das cavernas, as crianças, desde sempre, começam a<br />
esboçar as sua impressões do mundo por meio de desenhos, representando os objetos, sua<br />
família e amigos, com rabiscos que, apesar de nem sempre lembrar as pessoas ou objetos<br />
retratados, cumprem a função de transmitir uma mensagem. “Ainda que de uma maneira<br />
intuitiva, tanto o homem das cavernas quanto a criança de hoje parecem ter compreendido,<br />
que como diz a sabedoria popular, ‘uma imagem fala mais do que mil palavras’ ”<br />
(BARBOSA, et al, 2004:09)<br />
Se antes os desenhos nas cavernas atendiam às necessidades de comunicação do<br />
homem, com a sua evolução, a escrita simbólica, desenhada em materiais mais leves e fáceis<br />
de serem transportados, como o couro ou o pergaminho, se transformaram num elemento<br />
básico de comunicação. Mesmo quando apareceram os primeiros alfabetos, eles ainda