You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
33<br />
As considerações de Rosas (2002) sobre a tradução de piadas podem,<br />
perfeitamente, ser aplicadas à tradução de tiras cômicas, e, por isso foram relevantes para essa<br />
pesquisa, pois nos auxiliaram na análise dos elementos culturais presentes nas tiras e na busca<br />
do gatilho desencadeador do efeito cômico.<br />
Além de todos os trabalhos citados anteriormente, há um outro que merece uma<br />
atenção especial pela proximidade com esta pesquisa. Trata-se do estudo de Sousa (1997), no<br />
qual a autora analisa as traduções para o português de algumas tiras cômicas de Frank &<br />
Ernest, objetivando verificar como a imagem nas tiras auxilia na obtenção do efeito cômico e<br />
quais os possíveis problemas que essa imagem pode acarretar na execução da tradução. Para<br />
trabalhar estas questões, Sousa (1997) analisou as tiras a partir de alguns procedimentos que<br />
pretendemos também seguir na análise do humor da Mafalda.<br />
Primeiramente, selecionou as tiras traduzidas de Frank & Ernest publicadas no<br />
Jornal do Brasil e posteriormente selecionou as mesmas tiras traduzidas no Jornal da Tarde,<br />
dentro do período correspondente entre Setembro de 1994 e Fevereiro de 1995. Em seguida,<br />
partiu para a análise das tiras na língua de partida, o inglês, observando quais as estratégias<br />
utilizadas para a obtenção do efeito cômico. Posteriormente, analisou também as traduções<br />
pré-selecionadas com ênfase nos recursos empregados para a manutenção desse efeito.<br />
O objetivo da autora foi corroborar as seguintes hipóteses: tiras que utilizam<br />
mecanismos lingüísticos seriam as mais difíceis de serem traduzidas. Por outro lado, aquelas<br />
que versam sobre a temática universal ou pessoal não deveriam apresentar problemas na<br />
tradução e as que versam sobre a temática social deveriam ser adaptadas para a cultura da<br />
língua de chegada, caso abordassem temas não-pertinentes à nossa sociedade e a imagem não<br />
fosse um empecilho.<br />
Após a análise, algumas conclusões não corroboraram essas hipóteses. As tiras que<br />
traziam a temática universal sofreram interferência da língua inglesa com o uso de<br />
construções não pertinentes ao português, como, por exemplo, a forma de colocar os<br />
adjetivos. As que traziam a temática pessoal, sofreram uma ruptura, pois, algumas vezes,<br />
houve uma descaracterização das personagens e as que traziam a temática social, nem sempre<br />
foram adaptadas para a cultura da língua de chegada.<br />
Diante disso, além da necessidade de conhecer tanto a estrutura quanto a cultura<br />
das línguas envolvidas e adaptá-las sempre que necessário para que a tradução seja pertinente<br />
à língua de chegada, a autora enfatiza, também, a necessidade de o tradutor estar familiarizado<br />
com as características essenciais das personagens a fim de levar os seus perfis em conta<br />
quando da criação de seu texto.