08.04.2014 Views

patrícia moreira sampaio - Uece

patrícia moreira sampaio - Uece

patrícia moreira sampaio - Uece

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

26<br />

(...) caso ideal de múltiplo uso. Nenhuma violência é feita às palavras: não se as<br />

segmenta em sílabas separadas, não é preciso sujeitá-las a modificações (...).<br />

Exatamente como figuram na sentença, é possível, graças a certas circunstâncias<br />

favoráveis, fazê-las expressar dois significados diferentes." (FREUD, 1977, p. 43)<br />

O sentido absurdo (nonsense) – é aquilo que, em certo momento, nos parece ter um<br />

significado, e logo verificamos que é completamente destituído de sentido. Assim, o nonsense<br />

é utilizado como uma forma de quebrar a linearidade lógica no curso do pensamento. Isso irá<br />

ocasionar, por sua vez, uma situação inesperada ou inusitada, pois o receptor ao acompanhar o<br />

fluxo de um sistema de idéias, naturalmente estará preparado para ouvir soluções e afirmações<br />

convencionais para um determinado problema ou questão. A tira seguinte é um bom exemplo<br />

disso:<br />

FIGURA 6- ¡Qué ricurita! (Quino, 2003, v. 1)<br />

No segundo quadro, ao perguntar à Mafalda de quem mais ela gosta, da mamãe ou<br />

do papai, com certeza a senhora esperava ouvir uma afirmação convencional como: “dos<br />

dois” ou “eu gosto dos dois igualmente”. Porém, Mafalda não é nada convencional e, acaba<br />

com as expectativas da mulher quando pergunta, sem rodeios, se ela quer ouvir uma resposta<br />

standard, ou seja, padrão, ou uma explicação mais completa do que ela sente por cada um.<br />

Diante disso, tanto a mãe da menina quanto a senhora ficam sem palavras, já que não<br />

esperavam por uma resposta como essa.<br />

Esse último mecanismo de produção da comicidade citado por Freud (1977) é<br />

bem semelhante às considerações de Tagnin (2005) sobre o assunto. Ela aborda a relação<br />

entre a convencionalidade na língua e o humor. Para entender essa relação proposta por<br />

Tagnin (2005), é importante conhecer a sua definição para “convenções lingüísticas”.<br />

Segundo ela tais convenções são “os jeitos aceitos pela comunidade que fala determinada<br />

língua. Assim, podemos chamar de convencionalidade o aspecto que caracteriza a forma<br />

peculiar de expressão numa dada língua ou comunidade lingüística” (TAGNIN, 2005, p.14).

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!