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patrícia moreira sampaio - Uece

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3) A comicidade é compartilhada.<br />

[...] Não saborearíamos a comicidade se nos sentíssemos isolados. Parece que o riso<br />

precisa de eco. [...] Nosso riso é sempre o riso de um grupo.[...] (BERGSON, 2004,<br />

p.4-5)<br />

Além das teorias, anteriormente, citadas, é de fundamental importância para uma<br />

tentativa de compreensão do fenômeno do riso, discutir o estudo realizado por Sigmund Freud<br />

(1977) no qual ele trata da relação entre o chiste e o inconsciente. A palavra "chiste" tem a sua<br />

origem no termo alemão "witz" (usado por FREUD, 1977), que popularmente é conhecido<br />

como piada, gracejo, trocadilho ou um jogo de palavras. Partindo de uma reflexão sobre os<br />

usos e as funções dos chistes, Freud trata dos mais importantes meios de criação da<br />

comicidade com o intuito de chegar aos conteúdos do inconsciente. Logo no início, o autor<br />

faz uma profunda revisão bibliográfica de pesquisas que investigam o funcionamento do<br />

discurso do humor. Ele retoma os estudos dos filósofos Theodor Vischer, Kuno Fischer e<br />

Theodor Lipps, além do romancista Jean Paul Richter. Assim, Freud (1977) cita o pensamento<br />

de Lipps (1898) com relação ao chiste:<br />

[...] um chiste é algo cômico de um ponto de vista inteiramente subjetivo [...] algo<br />

que nós produzimos e que se liga a nossa atitude como tal, e diante de que<br />

mantemos sempre uma relação de sujeito, nunca de objeto, nem mesmo objeto<br />

voluntário [...] é qualquer evocação consciente e bem sucedida do que seja cômico,<br />

seja a comicidade devida à observação ou à situação. (LIPPS, 1898 apud FREUD,<br />

1977, P. 21-22)<br />

Além deste, outros conceitos para o chiste são elaborados por Freud (1977),<br />

recorrendo a análises de Fischer (1889) "chiste é um juízo lúdico", Richter (1804) "fazer<br />

chistes é simplesmente jogar com as idéias" e Kraepelin (1885) "um contraste de idéias".<br />

Freud (1977) compara os domínios do chiste com os domínios dos sonhos em que<br />

se pode observar um conteúdo expresso e um conteúdo latente. Pela análise de seus<br />

mecanismos expressivos, torna-se possível se chegar ao inconsciente, ou pelo menos,<br />

compreender o seu funcionamento de maneira geral.<br />

Não podemos pôr em dúvida que em ambos os casos somos confrontados com o<br />

mesmo processo psíquico, ao qual podemos reconhecer devido a seus resultados<br />

idênticos. Uma analogia tão abrangente entre a técnica do chiste e a elaboração<br />

onírica sem dúvida aumentará nosso interesse na primeira e suscitará em nós uma<br />

expectativa de que uma comparação dos chistes com os sonhos ajudará a lançar luz<br />

sobre os chistes. (FREUD, 1977, p. 43)

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