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A primeira condição, mudança do modo de comunicação “bona-fide” para “não<br />
bona-fide”, em outras palavras, do modo “confiável” para o “não confiável” merece destaque.<br />
Essa mudança significa o estabelecimento de um tipo de contrato entre emissor e receptor,<br />
cujas regras diferem das que regem a comunicação usual. As regras que regem essa<br />
comunicação usual foram propostas por Grice e se constituem das seguintes máximas:<br />
1. relação: seja pertinente<br />
2. qualidade: a) não diga algo que você considere falso<br />
b) não diga nada que não seja suscetível de comprovação<br />
3. quantidade: a) torne sua contribuição tão informativa quanto necessário aos<br />
objetivos do intercâmbio em questão<br />
b) não torne sua contribuição mais informativa que o necessário<br />
4. modo: a) evite obscuridade<br />
b) evite ambigüidade<br />
c) seja conciso<br />
d) seja organizado (GRICE apud ROSAS, 2002, p.32)<br />
Porém, quando o emissor não parece cumprir com esses princípios, o receptor<br />
entende que o significado pretendido é outro. Esse outro significado será uma “implicatura”,<br />
ou seja, um significado adicional. É justamente o que ocorre com o discurso humorístico, o<br />
qual se apóia num “princípio de cooperação particular, cuja base está na mudança no modo de<br />
comunicação bona-fide para tornar-se não bona-fide”. (RASKIN, 1985 apud ROSAS, 2002,<br />
p.33)<br />
Dessa forma, Raskin (1985) propôs as máximas do modo não bona-fide de<br />
comunicação:<br />
1. relação: diga apenas o que for pertinente à piada<br />
2. qualidade: diga apenas o que for compatível com o universo da piada<br />
3. quantidade: dê a informação que for estritamente necessária à piada<br />
4. modo: conte a piada com eficiência (RASKIN, 1985,p.103)<br />
A teoria dos scripts de Raskin (1985) foi reformulada por Attardo e Raskin (1991),<br />
constituindo-se na Teoria Geral do Humor Verbal. A principal diferença entre as duas teorias<br />
reside no fato de a primeira ser uma teoria semântica, enquanto que a segunda “é uma teoria<br />
lingüística que inclui: a lingüística textual, a teoria narrativa e a pragmática”. (ATTARDO,<br />
1994).