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patrícia moreira sampaio - Uece

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Além das considerações de Possenti (2002) também são bastante relevantes as<br />

idéias de Raskin (1985), Attardo e Raskin (1991), Bergson (2004), Freud (1977) e Stella<br />

Tagnin (2005) sobre o assunto.<br />

Raskin (1985) propõe uma teoria semântica baseada em scripts. Conceitua script<br />

como uma estrutura cognitiva internalizada pelo falante que representa o seu conhecimento de<br />

mundo. Segundo sua teoria, o efeito humorístico se faz pela oposição entre dois scripts<br />

opostos, o que impõe uma interpretação diferente para o texto. A ambigüidade provocada por<br />

essa oposição e a intenção do emissor incluem duas interpretações a serem percebidas pelo<br />

receptor. Um exemplo disso pode ser observado na seguinte tira da Mafalda:<br />

FIGURA 8- Papel da mulher. (Quino, 2003:26)<br />

Nesse exemplo, pode-se perceber dois scripts opostos: o primeiro representado por<br />

Mafalda e o segundo por Susanita. Na oposição entre as duas, podemos ver que Mafalda<br />

representa o script da mulher feminista, enquanto que Susanita representa a mulher dominada<br />

pelas convenções sociais e pela ideologia machista. Enquanto a primeira discursa sobre o<br />

importante papel que a mulher deve desempenhar na sociedade, a outra escuta e parece darlhe<br />

razão, ao exclamar: “Tem razão!.” Isso leva o leitor a uma primeira interpretação, porém,<br />

equivocada, já que no quadro seguinte pode-se ler nas entrelinhas o que Susanita realmente<br />

pensa sobre a importância da mulher na sociedade, ou seja, nenhuma. Essa dupla<br />

interpretação, uma falsa e a outra verdadeira, é que, de acordo com Raskin (1985) é<br />

responsável pela produção do humor.<br />

Ainda por essa teoria, ele estabelece cinco condições para que um texto se<br />

caracterize como piada:<br />

[...] a) uma mudança do modo de comunicação bona-fide para o modo não bonafide<br />

de contar piadas; b) o texto considerado chistoso; c) dois scripts (parcialmente)<br />

superpostos compatíveis com o texto; d) uma relação de oposição entre os dois<br />

scripts; e) um gatilho, óbvio ou implícito, que permite passar de um script para<br />

outro. (RASKIN,1987:17, apud POSSENTI, 2002:22)

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