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INTRODUÇÃO<br />
A atividade de tradução, encarada genericamente, constitui um processo complexo<br />
em que estão implicados uma gama de elementos, que influenciam direta ou indiretamente na<br />
qualidade e/ou pertinência da versão traduzida, como a familiaridade com as línguas e os<br />
contextos sócio-político-culturais envolvidos. Além disso, o bom senso do tradutor é essencial<br />
no momento de decidir entre uma tradução mais literal ou a necessidade de recriação e/ou<br />
adaptação, entre outros.<br />
Todos esses fatores e as dificuldades deles decorrentes se fazem sentir de maneira<br />
ainda mais evidente quando se trata, em termos específicos, da tradução do humor. No<br />
processo de tradução do humor não se pode deixar de levar em consideração, além desses<br />
elementos, a importância que a estruturação lingüística possui para o estabelecimento da<br />
função humorística.<br />
A maior parte das teorias mais recentes e aceitas sobre o humor apontam para a<br />
importância do tipo de formulação verbal do elemento causador do riso. Nesse sentido, são<br />
cada vez mais recorrentes, estudos sobre o humor que tratam dos elementos lingüísticos<br />
implicados na produção daquilo que constitui a piada ou o “chiste”. Exemplos disso, são os<br />
trabalhos de Tagnin (2005), Attardo e Raskin (1991) e Possenti (2002).<br />
Porém, apesar de a questão lingüística ser o ponto mais discutido, atualmente,<br />
quando se fala na produção do cômico, esse tema é tratado sobre outro ângulo por Bergson<br />
(2004) que aborda o aspecto social da comicidade e por Freud (1977) que trata do tema sob a<br />
ponto de vista da psicanálise.<br />
Todas essas visões têm muita importância nessa pesquisa, que trata, não apenas do<br />
humor ou de sua tradução, mas vai além disso, trazendo uma contribuição no âmbito do<br />
ensino da tradução do humor.<br />
A motivação inicial para o seu desenvolvimento surgiu, ainda na graduação,<br />
quando diante de uma tirinha da Mafalda em português completamente sem sentido,<br />
começamos a imaginar o que teria levado o tradutor a realizar esse tipo de trabalho. Porém<br />
esse questionamento inicial adormeceu e só mais tarde assistindo a uma qualificação de<br />
dissertação que abordava questões sobre a tradução do humor audiovisual foi que decidimos<br />
tentar uma vaga no mestrado e voltamos a pensar na Mafalda. Contudo, o projeto inicial<br />
tratava apenas de questões relativas às possibilidades ou impossibilidades de se traduzir um<br />
enunciado humorístico. Até que ingressamos no mestrado e só aí nossa visão se ampliou.<br />
Após participar de um seminário com a professora Stella Tagnin no qual ela ensinava a